20.3.11

O KARMA - PARTE 4/5

Mas não é tudo. Este mesmo indivíduo que acabamos de considerar, age, pelo seu pensamento, sobre outros seres. Porque as imagens mentais construídas pelo seu próprio corpo mental dão nascimento, no espaço ambiente, a vibrações da mesma ordem; e assim se reproduzem em formas secundarias. Os pensamentos tendo, em geral, em sua composição, algum desejo, estas formas revestem-se, portanto, duma certa proporção de matéria astral; eis porque eu dou, alhures, a estas formas-pensamentos secundarias, o nome de imagens astro-mentais. E tais formas se destacam do ser que as creou, para ter uma existência pouco mais ou menos independente, permanecendo, contudo, em ligação com o ser por meio dum laço magnético. Entram em contacto com outros indivíduos, sobre que atuam, estabelecendo com isto laços karmicos entre estes e aquele. Influem, portanto, em larga escala, sobre o ambiente futuro do individuo considerado. Forjam-se assim laços que, em vidas ulteriores, vão atrair à mesma agremiação certas pessoas, ou para o bem ou para o mal, laços estes que formam os nossos parentescos, os nossos amigos e inimigos, colocando em nosso caminho os que são destinados a nos ajudar ou a nos dificultar, os nossos bem-feitores ou aqueles que nos procuram prejudicar.
Eis porque uns nos amam, sem que nesta vida tenhamos feito, para isso, coisa alguma; enquanto outros nos odeiam, sem que, também, fizéssemos qualquer coisa para merecer o ódio. O estudo destes resultados permite-nos formular um principio fundamental: “ao mesmo tempo que os nossos pensamentos, agindo sobre nós mesmos, geram nosso caráter mental e moral, servem também para determinar, pela sua ação sobre outrem, nossos futuros associados humanos”.
A segunda grande classe de energias destina-se a despertar a atração pelos objetos do mundo exterior: são os nossos desejos. Admitindo que entra nos desejos do homem um elemento mental, podemos ampliar o termo “imagens astrais”, até nele incluir os desejos, embora estes se manifestem, em sua maior parte, na matéria astral.
Os desejos, agindo sobre aquele que lhes deus nascimento, constroem e organizam o seu corpo de desejos, ou corpo astral; são a causa dos sofrimentos do homem em Kamaloka, depois da morte, e determinam, finalmente, a natureza do corpo astral na próxima encarnação. Quando os desejos são bestiais, intemperantes, cruéis, imundos, são causa fecunda de moléstias congênitas, de cérebros fracos e doentios, que produzem a epilepsia, a catalepsia e as desordens nervosas de toda espécie. Daí procedem as horríveis deformidades físicas, os vícios de conformação e, em casos extremos, as monstruosidades. Os apetites bestiais de natureza ou intensidade anormal podem estabelecer no astral laços que prendem em Kamaloka, por muito tempo, o Ego, cujo corpo astral contiver em si tais apetites, que são mais de natureza animal; e assim fica a reencarnação retardada. Quando o individuo escapa a uma tal sorte, o seu corpo astral de forma bestial deixa assinalados os seus caracteres no corpo físico da criança em formação durante o período pré-natal. Tal é a origem dos monstros semi-humanos que vêem ao mundo, de tempos a tempos.
Os desejos, forças de exteriorização que se prendem aos objetos externos, - atraem sempre o homem para um meio onde possam encontrar satisfação. O desejo das coisas terrestres prende a alma ao mundo exterior, atraindo-a para o lugar em que estes objetos ambicionados sejam fáceis de obter. Eis porque se diz que o homem nasce segundo os seus desejos. Os desejos são uma das causas determinantes do lugar da reencarnação.
As imagens astro-mentais procedentes dos desejos exercem sobre nossos semelhantes uma ação análoga às imagens da mesma natureza, produzidas por nossos pensamentos. Os desejos, pois, nos ligam às outras almas. E nos ligam muitas vezes por laços poderosos de amor e de ódio; porque, no grau atual da evolução, os desejos dum homem ordinário são geralmente mais fortes e mais firmes do que os seus pensamentos. Representam, portanto, um grande papel na determinação do meio familiar nas vidas futuras e podem levar o homem ao encontro de certas pessoas e influencias, sem que possa suspeitar das relações que existem entre si mesmo e elas. Suponhamos que um homem, ao emitir um pensamento ardente de vingança e ódio, tenha contribuído para impulsionar outro homem a um assassinato. O creador deste pensamento está ligado por seu karma ao autor do crime, muito embora jamais se tenham encontrado no plano físico; e o mal feito a este homem, compelindo-o ao crime, resgata-lo-a sob a forma de algum prejuízo, em que o criminoso de outrora terá o seu papel importante. Muitas vezes uma desgraça inesperada e fulminante, totalmente imerecida na aparência, é o efeito duma causa dessa natureza; e, enquanto a consciência inferior se revolta sob o sentimento duma injustiça, a própria alma aprende uma lição que jamais esquecerá. Nada de injusto pode ferir o homem; a sua falta de memória não é suficiente para invalidar a lei.
Aprendemos, portanto, que os nossos desejos, em sua ação sobre nós mesmos, formam a nossa natureza astral e influem poderosamente, por meio dela, sobre o corpo físico de nossa próxima encarnação e representam um papel importante na determinação do nosso lugar de nascimento; e finalmente, pela sua ação sobre outrem, concorrem para atrair em torno de nós, em alguma vida futura, seres humanos com os quais seremos associados.

CONTINUA.

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