31.7.12

O DUPLO EU



Quando o Divino Respirar emanou o inefável sopro que devia dar alma e voz ao infinito reino das sombras, a matéria inerte, despertada pelo Supremo Querer, serviu à vida do homem.
           A natureza tornou-se o seu reino prodigioso que, ocultando na imanência natural a transcendência do espírito cósmico, devia fatalmente exprimi-la transfigurando os seus primeiros valores.
            E quando a existência criada encheu o vácuo espacial com a sua manifestação, à vontade do espírito foi confiada a trama de seu destino desconhecido.
            Desde então descobrir o mistério das origens converteu-se no tormento mortificante que te impelia à aflita procura da Verdade. Ansioso na tentativa de extrair da imensidade cósmica o segredo da unidade de que guardas a oculta herança e de que te sentes partícipe, aprendeste através do sofrimento humano que o espírito, tênue centelha emanada do Fogo Eterno, leva em si a marca da sua divindade.
        Porém não te basta mais intuir a fonte originária da qual brota a vida; tu tens sede e queres dessedentar-te na fonte maravilhosa daquelas origens ainda ocultas. Elas te serão reveladas pouco a pouco mediante a realização dos valores espirituais que, sendo a intrínsica realidade do Absoluto, sustêm a manifestação das fôrças vivas do homem.
                Porque tudo está contido nos admiráveis aspectos da vida universa, o absurdo real, o espírito e a matéria, o  pensamento e a ação; ela, plasmando a substância sob o impulso de um misterioso querer, torna-se a alma das cousas passadas e a linfa das futuras, pronta a elevar-se nos soberbos vôos para os céus irradiantes de azul ou a precipitar-se atraída pela convidativa e misteriosa voz dos desejos.
                No seu eterno dualismo, sempre em harmonia nos seus contrastes, tu encontrarás a síntese de todos os aspectos e de todas as leis que disciplinam o criado, onde, do microcosmos ao macrocosmos, o equilíbrio com o seu dinamismo, imprimindo um impulso perene a toda manifestação, realiza o prodigioso processo evolutivo.
                A luz se tornará o espírito da sombra, o espaço assinalará o ritmo do tempo, o negativo combaterá o positivo e assim por diante até às formas mais humanas que, no seu campo de ação, compreendem tudo no duplo aspecto: a vida e a morte. A primeira, manifestação concreta do espírito no ciclo da carne; a segunda, realidade abstrata da carne subjugada pela lei da evolução, fôrça inelutável que ninguém conseguirá deter nunca.
                Nessa grande cadeira a centelha energética espiritual do perecível remonta ao eterno ciclo, enquanto a centelha energética material volta como fôrça informe ao Absoluto e n”Êle repousa.
                Duas expressões do Eu, diversas uma da outra, das quais surge o princípio dominante do universo cosmos, e onde se oculta e se manifesta a transcendência e a imanência divinas.
                Esses caracteres que fazem parte do Eu espiritual e do Eu material são transmitidos por Deus que é transcendente porque representa o inconcebível, a irrealidade real, a absurda verdade do Todo que tudo transfigura no Seu sopro criador, e é imanente porque está no homem, no seu espírito e na sua consciência, na sua carne e na sua palavra, porque tudo Lhe pertence, o absoluto e o relativo, o permanente e o transitório, o necessário e o contingente.
                D”Ele só, Princípio de cada cousa, Manancial Onipotente e Motor Imóvel, emana a realidade universal da poeira estelar. E é por essa razão que, atraído pelo brilhante resplandecer dos mundos, o teu desejo vai  em busca da felicidade perdida. Mas o ardor da alma deve deter-se nos umbrais do imprecrustável  Poder, até quando, compreendendo a sua imanência, transfigurar-te-ás na divina transcendência.
                 Por isso, no fascinante mistério da existência, no perene e constante dualismo entre a perecibilidade da matéria e a eternidade do espírito, tu, realizando o maravilhoso ciclo da polaridade da lei, encontrarás, refletidas em ti mesmo, a imanência e transcendência divinas.
                Muitas vezes, durante o caminho da vida, a matéria ofusca a consciência contrastando, em uma luta surda, o espírito que procura arduamente afirmar os seus valores supremos.
                Mas tu, meu filho, afronta conscientemente essa luta tormentosa que, realizando o ciclo humano, te oferece a possibilidade de adquirir as admiráveis virtudes graças às quais poderás levantar-te, da amarga simbiose da carne, da amarga simbiose da carne, à unidade do espírito.
                Só então, no especo sem limites, na calma terrificante do vácuo infinito, o teu espírito vibrará de novo na inefável felicidade do Absoluto.
                Porque no duplo Eu da matéria-espírito, na união harmônica do negativo e positivo dos teus valores espirituais, terás encontrado o equilíbrio.
                E na ânsia universal de um novo vórtice, a tua vontade anulará o passado e o futuro em um eterno presente onde refulgirá o esplendoroso mistério da ressurreição. Ressurreição do espírito do tormento da carne, ressurreição da carne no triunfo do espírito.
ERGOS  

30.7.12

COMO SE PORTAR NA PREPARAÇÃO PARA UMA GIRA


domingo, 29 de julho de 2012

COMO SE PORTAR NA PREPARAÇÃO PARA UMA GIRA


Esta repostagem do texto abaixo indicado, blog Umbanda Sem Medo do Irmão e Amigo Cláudio Zeus, nasce exatamente do carinho e do reconhecimento do encontro de muitos dos meus e quero crer dos nossos desejos de uma Umbanda consciente, lúcida, libertadora.


Sorria e Siga o Sol!


SOU MÉDIUM, E AÍ? - PARTE III

Primeiro ponto a ser observado.


Ao chegar no Terreiro para um dia de trabalho – isso depois da preparação que deve ter sido feita antes, com banhos etc. – evite aquelas conversas sobre assuntos do dia a dia, seus problemas, suas amarguras, ou mesmo as amarguras de outrem. Busque, desde sua chegada, entrar em contato com a energia que ali existe (EGRÉGORA) e que foi criada por todos os que ali freqüentam. Para tal, prefira o silêncio aos papos desnecessários, a introspecção (observação de seus próprios processos mentais), ao invés de ficar observando o comportamento alheio, mesmo que de irmãos de corrente seus. 


Cabe à Dirigente ou ao Dirigente verificar se estão ou não em acordo com o que pretende o Terreiro e seus Mentores Espirituais.


Nesse estado de introspecção, de preferência de olhos fechados, o que ajuda bastante, tente ir sentindo, não o que ocorre a seu lado fisicamente, mas "no ar"; a seu lado; espiritualmente.
Relaxe o mais que puder e tente com isso, abrir ou expandir sua Aura à volta de todo o seu corpo, para que a sensibilidade para outros Planos seja facilitada. Você pode, durante esse processo, já ir tentando contato com suas entidades protetoras e guias, ainda que sem incorporações (através de orações, por exemplo) – apenas para que elas se acheguem a você e estejam tão próximas quanto possível durante todo o tempo de Gira.


Faça isso e, talvez não consiga na primeira ou segunda vez, mas chegará a um ponto em que sentirá a presença deles quase que fisicamente, se bem que alguns prefiram se fazer notar transmitindo-lhe mentalmente, ou seu Ponto Cantado ou alguma coisa mais que os identifiquem. Só você é quem vai, na medida em que isso for sendo treinado, sentindo mais e mais. E veja bem: ANTES MESMO DE SE INICIAR A GIRA.


Saber usar a egrégora (energia padrão) do Terreiro com a finalidade de melhorar seus dons é coisa que poucos fazem. Acontece que essa egrégora, sendo uma energia forte, facilita esse intercâmbio entre você e o Mundo Astral que circunda seu Terreiro através dos Vínculos (lembra-se?) que essa egrégora tem com todas as entidades que ali trabalham.


Todos os exercícios que se possa fazer visando melhorar os dons mediúnicos, se forem executados dentro de um ambiente onde haja uma egrégora forte e bem vinculada, sempre terão melhores efeitos que de outra maneira.


Não podemos aqui expressar em quanto tempo cada um vai sentir e/ou ver melhor o que ocorre "do outro lado" ou mesmo "dar melhores incorporações" porque isso vai depender de cada um e de seu próprio esforço nesse sentido, mas que essa simples mudança de comportamento antes das Giras pode melhorar acentuadamente todos os seus processos mediúnicos, disso você pode ter certeza! Deixe seus problemas lá fora!


O simples fato de evitar conversas sobre doenças, problemas, dificuldades, etc., já será um primeiro passo para sua melhora, mesmo que você esteja passando por problemas que julgue "escabrosos". Já explicamos em Volumes anteriores que, quanto mais pensamos nos problemas, mais os solidificamos à nossa volta, não foi? Então, para que a resolução desses problemas seja mais fácil ou menos difícil, é preciso que você treine sua mente, não pensando neles, mas buscando ajuda para si, de forma que os problemas vão deixando de existir na medida em que você cresce espiritualmente e com isso ganha mais e mais amigos do outro lado. Esses, por conseguinte, sabendo-o(a) com esses problemas, com certeza trabalharão em prol de sua resolução.


Busque se elevar acima dos problemas e, com isso, alcançar melhores e mais evoluídos amigos espirituais. Você terá respostas breves, seja por entidades incorporadas ou não, por intuições, por sonhos ... mas o mais importante é saber manter a mente relaxada e aberta para que, vindo essas mensagens, você possa reconhecê-las como para seu auxílio. Se você permanecer dentro dos problemas, tal qual uma pessoa que se afoga, é capaz de nem ver o salva-vidas que lhe jogaram.


Aliás (olha só eu com meus adendos), é muito importante que você saiba até orar ou rezar ou pedir aos céusA oração deve ser sempre dividida em duas partesna primeira você eleva seus pensamentos aos Guias, Protetores ou deuses e, através de uma mentalização ativa e mesmo pedidos orais, transmite firmemente aquilo que pretende alcançar e às vezes repete e repete e repete as invocações, como já vimos no Volume II; na segunda parte você dá como por entregue seus pedidos e também se dá um tempo, relaxando e tentando esvaziar sua mente para que, no caso de uma resposta através de uma intuição, por exemplo, possa estar em atitude de recepção e captar essa mensagem.


Às vezes, o que vemos, são pessoas que pedem, pedem, pedem e, logo depois dos pedidos, nem esperam para verem se há uma resposta, o que infelizmente, minimiza os possíveis vínculos que possam estar tentando criar ali.


Começou a GIRA. E agora? O que faço?


Mantenha-se o mais possível, em estado de relaxamento mental, tentando mentalizar (criar mentalmente a imagem) o que cada Ponto Cantado diz.


Os Pontos Cantados têm, como objetivo primeiro, o de desviar a atenção dos médiuns dos problemas que o envolvem no dia a dia e concentrar suas mentes nos rituais que vão se proceder.
As letras dos Pontos Cantados, de uma forma geral, induzem-nos imagens de seres e situações e locais que fortalecem nossas crenças e nos dão a certeza de estarmos bem assistidos pelo lado de nossos amigos – mas isso em se tratando de Pontos Cantados mesmo, com fundamentos e não alguns sambas enredo, modinhas e sambas de roda que, não sei bem porque, resolveram incluir no hinário de certos Terreiros como se fundamentos tivessem.


Em se tratando de Pontos Cantados de Fundamento, tente mentalizar os acontecimentos que ele descreve, por exemplo:


"Defuma com as ervas da Jurema/ Defuma com arruda e guiné/ Benjoim alecrim e alfazema/ Vamos defumar filhos de fé".


Durante um Ponto Cantado como este, sua mente deverá, ao invés de ficar prestando atenção na saia da amiga ou no pé do outro médium, estar MENTALIZANDO (criando imagens mentais) de, por exemplo, energias negativas sendo levadas pela fumaça que sai do turíbulo. Ao ser defumado(a), mentalize que nesse "banho de fumaça" está recebendo uma nova energia e que estão saindo de você todos os desconfortos físicos e mentais que podiam estar lhe acompanhando até então.


Vamos ver agora um outro Ponto Cantado para exemplo:


"Abrindo a nossa Gira/ pedimos a proteção/ De nosso Pai Oxalá/ Para cumprirmos, nossa missão".


Imagens como a de Pai Oxalá (como você entende que seja) se aproximando do Terreiro e dos médiuns e cobrindo-os com uma espécie de manto de luz seriam de muito bom gosto. Lembre-se de que, mesmo que isso não esteja acontecendo no Astral, você estará criando para si a Forma Pensamento positiva que atrairá, pelo menos para você, energias de luz como a que está criando mentalmente, entendeu? Se todos os médiuns forem treinados igualmente, é claro que essa Forma Pensamento vira egrégora e a influência da energia criada será muito mais forte sobre todos. Mas aí dependerá do(a) Dirigente se interessar em incentivar esse treinamento no grupo.


Vamos a mais um exemplo para que fique bem clara a idéia. Digamos que o Chefe de Terreiro seja, por exemplo, Seu Arranca Toco e que para ele se cante esse Ponto:


"Vem meu Pombo Correio/ Dos Jardins de Nossa Senhora/ Vem trazer a mensagem de Pai Oxalá/ Caboclo Arranca Toco vai chegar"


A imagem de um pombo chegando de um céu limpo e muito azul trazendo a mensagem ou abrindo uma passagem para que Seu Arranca Toco venha se apresentar, ou alguma outra parecida, deve ser a escolhida nesse momento.


Agora vamos expor as vantagens desse trabalho mental voltando sempre sua mente para o que está ou deveria estar acontecendo no Astral, dentro do Terreiro.


1ª vantagem: Sua mente estará sempre ocupada com pensamentos e mentalizações positivas, evitando se deixar levar pelo cotidiano ou mesmo por pensamentos e fixações negativas;


2ª vantagem: Sua mente estará criando condições que propiciem a criação de energias de teor positivo que fatalmente agirão sobre sua própria mente, seu corpo físico e seu estado psíquico;


3ª vantagem: Pelo efeito das duas vantagens anteriores, sua Aura estará sendo relaxada, mais expandida, o que o(a) fará mais propenso(a), pela sensibilidade nesse caso, tanto a incorporações menos traumáticas (menos "sacolejadas") como mais seguras, ocorrendo o mesmo no caso de vidência e clariaudiência;


4ª vantagem: Como sua mente vai estar voltada para criações de imagens de teor positivo, mesmo com o relaxamento de sua Aura as entidades de menor evolução terão dificuldade ou mesmo ficarão impossibilitadas de nela penetrarem, o que por si só, já será um filtro contra o Baixo Astral;


5ª vantagem: Sua mente estará sendo trabalhada em cada sessão, por você mesmo(a), ainda que não perceba de imediato, para focalizar Planos e Energias de cada vez mais alto teor vibratório, o que equivale a dizer que estará ampliando seu Padrão Vibratório e, nesse caso, sintonizando-o(a), pouco a pouco, com Energias e Entidades pertencentes a níveis superiores de Evolução.


É claro que essa sintonia com os níveis superiores não se dará "da noite para o dia" , como se costuma dizer – levará mais tempo ou menos tempo, de acordo com seu próprio esforço. Mas nunca é tarde para se começar até porque, às vezes, mesmo sem o sabermos, já estamos na metade do caminho, ou mais.


Já chamamos sua atenção nos dois volumes anteriores sobre o trabalho positivo de nossa mente em auxílio ao trabalho das entidades e a nós mesmos. Agora voltamos a afirmar que você sempre será aquilo que mentaliza ser. Os caminhos de sua vida, tanto materiais como espirituais, poderão e deverão estar sob seu comando desde que você se aperceba claramente disso e ponha "mãos à obra" no sentido de sua evolução.


Ainda estando dentro do Terreiro, você verá que práticas como as que citei, que podem parecer à primeira vista coisas simples demais, com certeza não são não. Se fossem, você veria em todos os Terreiros comportamentos de médiuns mais ou menos como os que sugeri. Será que vemos isso freqüentemente nos Terreiros e suas Giras?


Pode ser por desconhecimento? Pode sim!


Mas mesmo não o sendo, quando temos Dirigentes conscientes dos trabalhos que devem realizar junto aos seus médiuns, passando-lhes ensinamentos semelhantes, veremos que, quase na maioria das vezes o comportamento do grupo é bem diferente do de uma grande maioria de outros Terreiros. É ou não é?

25.7.12

O MISTÉRIO DO HOMEM


                Desde os tempos remotos a ânsia estava voltada à procura dos profundos ligames que existiam entre Deus e o homem, entre a expressão de um pensamento transcendente e imanente.
                As escolas iniciáticas muitas vezes se avizinhavam da solução e de fato uma inscrição do templo de Delfos traz esta sentença: “Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e Deus”, porque o maior mistério do criado está oculto no homem.
                Em ti realmente está contida a apaixonante síntese da matéria e do espírito: as duas forças ocultas, principais atrizes da evolução que encontram razão de existir no infinito princípio de cada cousa criada no espaço, e se manifestam no infinito de cada eternidade do tempo.
                O teu drama é o drama universal, é a luta constante da vontade da matéria e do espírito prisioneiro de si mesmo, encerrado no círculo dos próprios sonhos e das próprias aspirações.
                O valor cósmico dessa luta se encontra no símbolo da redenção do espírito, na sua expressão patente e no seu sentido oculto.
                Semelhante a um mecanismo constituído por delicadíssimos maquinismos, a tua construção física pulsa e vibra na ação febril da existência em uníssono com as outras forças materiais e imateriais que a circundam, pequena engrenagem ela mesma de um grande motor.
                Em vão o cientista, com as suas frias e áridas investigações, procura explicar a razão da vida. Todas as suas explicações não chegam a desbastar as trevas que envolvem o principio oculto da morte.
                Um mistério impenetrável esconde o fulcro daquele principio e daquele fim.
                Talvez penses que seja negado caracterizar o porquê da tua existência e não sabes que isso só seria possível se conseguisses conhecer a ti mesmo.
                Parecerá um paradoxo, mas é assim: ainda não te conheces. Contudo não tens apenas a certeza de que nada de ti seja oculto porque pensas, amas, sofres e ages sob o impulso raciocinante de uma vontade que acreditas tua, mas tens a absurda presunção de crer que o íntimo das pessoas que amas, que estão próximas a ti, com as quais convives, seja um livro aberto no qual possa ler.
                Quantas provas dolorosas não tens enfrentado no drama da vida,  por essa absurda certeza que te impelia a ter fé nos sentimentos, nos pensamentos ou nas ações dos outros, quando ao contrário deverias bem saber que também de ti mesmo não conheces senão uma pequena, pequeníssima parte ?
                O pensamento, de fato, embora sendo a expressão da personalidade, surge na tua mente instante por instante,  transmitido por um misterioso impulso fora de ti, mas que, semelhante a um delicadíssimo aparelho receptor, o cérebro consegue captar e traduzir.
                Um instante antes não só não conhecias, mas nem intuías que forma terias dado às tuas ideias, gérmen das imediatas ou futuras ações, e certamente não te explicas de onde provém o oculto sentido de orientação que te guia nos meandros do destino: intuías, porém, que na sabedoria interior está guardada a chave do teu eterno futuro.
                Embora perfeito, nenhum aspecto da matéria tem uma consciência e sabedoria, mas uma consciência e uma sabedoria vibram no teu íntimo, sol do teu ser inconsciente. Este sol que anima o princípio do pensamento é a emanação divina do espírito, meio principal do corpo universo, razão da existência dos átomos, como o sol é o meio principal do universo planetário, razão da existência da matéria.
                O encontrar-se em si é a experiência mais árdua que se pode enfrentar e resolver.
                As sensações materiais são a prova de que não conseguiste superar a ti mesmo apesar de tua afanosa busca.
                As provas a que te submetes e que talvez não compreendas de afastam ainda do verdadeiro sentido da vida porque muitas vezes a tua origem oculta está escondida na materialidade.
                O bem e o mal, em contraste na luta entre matéria e espírito, disputam-se a supremacia de um poder, imortal um, material o outro, e muitas vezes entre os dois extremos é difícil estabelecer um equilíbrio que te permita:
1 – conhecer a ti mesmo, os teus defeitos para ter a possibilidade de superá-los;
2 – viver para encontrar na vida a origem incriada da razão universal;
3 – dar ao espírito a divina realidade da sua essência eterna e imortal;
4 – sentir na própria consciência a verdade-Deus, Deus-amor, Deus-cósmico, e subir do plano terreno à realidade do ser e do vir a ser, atingindo da multiplicidade das formas a força única superior.
                Realização suprema do humano que se torna digno de acolher em si o sinal luminoso do divino.
              Só então a vida te será fácil mesmo na dor ,e,  se andares em busca da revelação só assim poderás encontrar-te.
ERGOS
                

23.7.12

O CONHECIMENTO MISTICO E ESOTÉRICO


O CONHECIMENTO MISTICO E ESOTÉRICO

O estudante de ocultismo aprende  a despertar e treinar para uso científico os poderes latentes em si, e por eles se capacita a enxergar muito mais do real significado da vida do que o homem cuja visão seja limitada pelos sentidos físicos. Ele aprende que todo homem é, em essência, divino, uma verdadeira centelha do fogo de Deus, que gradualmente evolui para um futuro de glória e esplendor até culminar na união com Deus; que o método de seu progresso é por sucessivas descidas em corpos terrestres em busca de experiências e por internamentos em mundos ou planos invisíveis ao olho físico. Ele descobre que o seu progresso é regido por uma lei de eterna justiça, que dá a cada homem o fruto do que ele semeia: alegria para o bem e sofrimento para o mal.

Aprende também que o mundo é governado, sob a soberania do Altíssimo, por uma Fraternidade de Adeptos que atingiram a divina união mas permanecem na terra para guiar a humanidade; que todas as grandes religiões do mundo foram fundadas por eles, segundo as necessidades das raças a que se destinaram, e que dentro dessas religiões, têm havido escolas dos Mistérios para oferecer aos que estão preparados uma marcha mais acelerada de desenvolvimento, com conhecimentos e oportunidades maiores para servir, e que esta Senda está dividida em etapas e graus: a Senda Probatória, ou os Mistérios Menores, onde são preparados os Candidatos para o Discipulado, e a Senda genuína, ou os Mistérios Maiores, em que na Grande Loja Branca são conferidas cinco grandes Iniciações, que conduzem o discípulo da vida terrena para a vida do adepto de Deus, para tornar-se como se diz, "uma chama viva para a iluminação do mundo". Ele aprende que Deus, tanto no universo como no homem, Se revela como uma Trindade de Sabedoria, Força e Bele¬za, e que estes Três Aspectos estão representados na Grande Loja Branca nas Pessoas de seus três principais Oficiais, através dos quais flui a poderosa energia de Deus para os homens.

VAMOS SAIR DA IGNORÂNCIA EM NOME DOS ORIXÁS


·         VAMOS SAIR DA IGNORÂNCIA EM NOME DOS ORIXÁS
Alexandre Cumino

De tempos em tempos, aparece algum caso de crime relacionado com Magia Negativa, associado ao mal, chamado vulgarmente de Magia Negra.
De tempos em tempos, vemos associarem alguns destes crimes à Umbanda, ao Candomblé ou aos Cultos Afros em geral.
São crimes bárbaros, macabros mesmo, com mortes de crianças e estupros, motivados pelo que há de pior e mais baixo no ser humano.

Enquanto nós ficamos aqui dizendo que isto não tem nada a ver com Umbanda, Candomblé e Cultos Afros;
os criminosos, presos, se identificam com estas nossas amadas religiões e ainda dizem fazer pactos com satã, demônio, 
quando não colocam os nomes sagrados de nossos guias e orixás no meio de seus crimes hediondos e passionais.

SABEMOS que nossa religião é linda, que não faz pactos, que não existe demônios em nossos cultos.

Há anos, venho batendo na mesma tecla: Umbanda é Religião e só pode fazer única e exclusivamente o bem!

Enquanto isso, pessoas que nem tem idéia do que seja religião continuam abusando de nossos fundamentos e valores de forma negativa e invertida.
O conceito sobre religião está totalmente banalizado e distorcido, qualquer um cria uma nova religião e faz o que quer com ela, esta é a verdade.

Sempre lembro a primeira definição de Umbanda dada por seu fundador, o primeiro umbandista, Zélio de Moraes e sua entidade Caboclo das Sete Encruzilhadas:
Umbanda é a manifestação do espírito para a prática da caridade!

Enquanto isso, no próprio seio da Umbanda, convivemos com praticantes que não tem a menor idéia de quem foi, ou o fez, o primeiro umbandista.
Pessoas que "dirigem" terreiros, que se denominam sacerdotes (pai de santo, mãe de santo, padrinho, madrinha…) e proíbem seus médiuns de estudar.

O medo e a ignorância são portas abertas para as trevas interiores e exteriores.
É aqui que o EGO, a vaidade e os vícios mais baixos do ser humano se instalam.

E todos os dias vemos anúncios de pessoas oferecendo "serviços" de magias negativas em nome de nossos sagrados valores,
de nossa religião, de nossos guias e orixás. Deitam e rolam com os nomes de exu e pombagira, usam e abusam.

As pessoas continuam procurando um atalho, um caminho mais fácil, para externar seu negativismo acumulado,
não querem dor, não querem crescer, não querem assumir seus atos, não querem ser conscientes, querem apenas satisfazer os sentidos viciados
no mundo das ilusões, das paixões que arrastam para atitudes emocionais animalizadas e instintivas.

Ainda se vê na figura do médium um poder de manipular vidas!
Um poder de manipular o destino, um poder que pode ser comprado, negociado.

NÃO EXISTE OUTRA SAIDA PARA A RELIGIÃO,
É PRECISO MUDAR O SENSO COMUM,
É PRECISO ALCANÇAR O INCONSCIENTE COLETIVO!!!

E A UNICA FORMA É COM EXEMPLO E NÃO APENAS COM PALAVRAS.

Um consulente pode apenas frequentar um terreiro, sem ter a mínima idéia do que seja a Umbanda.
Um consulente, um simples frequentador, pode se denominar católico, ateu, à toa e o que quiser…
Este consulente pode, sim, ele pode ser totalmente ignorante…

UM MÉDIUM NÃO PODE SER IGNORANTE!!!
UM MÉDIUM E PRATICANTE DE UMBANDA É FORMADOR DE OPINIÃO, SEMPRE!!!
O MÉDIUM É O TEMPLO DA RELIGIÃO!!! NÃO PODE SER O TEMPLO DA IGNORÂNCIA!!!

Umbanda não é e não pode ser para pessoas ignorantes.
E aqui fica bem claro o sentido e significado da palavra ignorante: aquele que ignora algo.
Não se pode praticar Umbanda de forma ignorante, sem saber o que está sendo praticado.

Quando não estamos bem, e todos passamos por momentos e períodos de negatividade, é o conhecimento, a razão, que nos mantém
dentro de limites e parâmetros seguros. O médium ignorante torna-se uma porta aberta para as trevas.

E vamos continuar vendo casos e mais casos em que a ignorância rouba, assalta, o nome da umbanda e de nossas entidades.

COMO VAMOS MUDAR ISSO???
Ignorância se vence com conhecimento e estudo…

21.7.12

A LEI DA DOR



Toda a evolução do espírito, por isso, está concentrada em uma grande lei; a lei da dor, a lei viva das cousas criadas.


            Efetivamente tudo te vem d”Aquele que veste de verde e flores os campos, de neve os cimos dos montes, de azul o céu, que dá asas e a voz canora aos pássaros, que povoou, embelezou e transfigurou a Terra, fazendo nela descer a harmonia que te alegra a existência com o espetáculo da vida universa.
            Interroga e escuta tudo o que te circunda: o sol, as estrelas, os astros, os oceanos, os rios, as montanhas e as planícies responderão também por ti: ÊLE nos criou.
            Se porém deste realidade de expressão à tua vontade passada, as aflições, as atribulações, isto é, os aspectos tangíveis do karma, esses são teus, do teu livre arbítrio, criado pelos reflexos morais de teu passado e regulados por ti para o teu futuro através da dura disciplina da conquista.
            A dor, física ou moral, assume nas suas gamas aspectos infinitos e para superá-la é necessário que saibas temperar a tua vontade.
            Do tormento da mãe nasce a criatura, do tormento da terra nascem as flores e o fruto, do tormento da vida nasce a morte, porque a vida não é senão um suceder-se de instantes, horas, anos, nos quais o homem morre pouco a pouco.
            Da dor da morte nasce a vida, dirigida para novas auroras, para novos crepúsculos, dirigida para o superamento da própria dor, para a existência consciente, para Deus.
            Tu mesmo és a dor, o mundo e todas as cousas criadas de que fazes parte representam essa lei viva e incriada e, enquanto estiveres na carne e no mundo, estarás na dor. Tem a cor do teu sangue, está misturada com a tua carne, sustentada pelos teus ossos, estremece na tua boca, brilha nos teus olhos.
            Enquanto desceres sobre a terra deverás descer na dor, nascerás padecendo, morrerás padecendo porque esse foi o desejo da tua vontade consciente: purificares-te através do sofrimento daquela matéria a que te tinhas dirigido com tanta ânsia.
            E apenas quando o tiveres superado, no teu íntimo brilhará de novo o fogo místico que conheceu os antigos esplendores espirituais e só então poderás verificar que não era, pois, tão tormentoso como num primeiro momento pudeste acreditar; e no sofrimento reconhecerás o remédio amargo e precioso, capaz de curar pouco a pouco os vícios da carne que te aflige.
            Ama essa dor que te apressa o caminho para o alto, ama-a reconhecendo-a como elemento da purificação por ti querida e procurada, e supera-a. Porque, se desgostado pelo seu amargor, procurares evitá-la, retardarás a tua cura e voltarás à Terra, no ciclo contínuo dos renascimentos.
            Escuta por isso a voz intima do teu verdadeiro Eu, a voz que não conhece enganos, porque descende da verdade e da luz. Começarás a sentir no teu coração uma pena sutil e persistente, o aguilhão penetrante de um desejo desconhecido e inapagado que não deixará mais sossegado e te dará nostalgia, até agora nunca experimentada, de auras puras e de altos e livres céus e então, só então o amargo remédio da dor se tornará querido a ti.
            E quando, reconhecendo o seu profundo poder, compreenderes como não te é imposta por ninguém, como faz parte de ti e por ti sòmente é querida em virtude de lei kármica, não mais a considerarás com amarga aversão.
            Por sua virtude poderás experimentar a alegria e avaliar a felicidade e pela sua lei equilibradora do despertar terás a possibilidade de despertar do longo letargo a consciência entorpecida.
            A dor por ti provada e superada, fazendo-te compreender a dos outros, terá o poder de tornar-te mais generoso com os teus semelhantes, com as criaturas que Deus coloca constantemente no teu caminho.
            O sofrimento, de fato, cria o amor, como o amor cria a vida. Se choraste saberás enxugar as lágrimas alheias, se sofreste saberás amar, porque sentirás a necessidade de ser amado.
            Nada mais falso do que dizer: << Os padecimentos e sofrimentos me endureceram e irritaram>>, porque no fundo do teu Eu, não obstante a máscara de aparente crueldade, terás ocultos tesouros de experiências e de amor que, no momento oportuno, se manifestarão mesmo apesar de ti.
            Quem, ao contrário, mostra realmente uma cínica indiferença pelas penas alheias, não esteve ainda na escola da dor, não se macerou nas suas leis, mas finge havê-las sofrido para criar um álibi à sua própria maldade.
            A dor, portanto, é a prova da maturidade da consciência; uma é o fruto da outra. Por consciência compreendo pureza de pensamento para o justo e o verdadeiro que exprimem a obtenção das virtudes mais eleitas.
            Nesse longo ciclo da evolução padeceste por ti, por teu pai, por teu irmão, pelo filho, sofreste pelo teu corpo e pelo teu espírito, lutaste à procura do bem e da verdade, revistaste o espaço esperando nele encontrar a razão do teu sofrimento e das criaturas que amaste, procuraste através da ciência o balsamo para lenir o sofrimento que dilacera o corpo. Mas aparentemente a fadiga te pareceu vã, porque a dor continuava a ser o aguilhão pungente dos sentidos humanos e espirituais, à qual encontraste somente um alivio momentâneo.
            Que caminho não percorreste, porem, através das experiências que realizam, no fundo, a vontade e os desígnios do Pai ?
            Apesar do teu Eu mortal não ter alguma recordação do Passado, a tua consciência desperta no longo e tormentoso trabalho e, presidindo pouco a pouco o desenvolvimento da vida psíquica, poderá afrontar provas sempre mais árduas, iluminando-te com a força da sua maturidade.
ERGOS

19.7.12

O MISTÉRIO CÓSMICO DA VIDA E DA MORTE


            No infinito espaço interplanetário, entre a poeira estelar que forma as etapas luminosas dos universos em formação, existe uma grande força.
            É uma força cosmogônica que, ligando sol a sol, planeta a planeta, estrela a estrela, demonstra que a grande e divina Lei de Deus está presente em tudo e que o destino dos mundos está compreendido naquela Lei.
            As forças planetárias com suas convulsões que compõem e decompõem as massas magmáticas demonstram como esse mudo revoluir seja a expressão do movimento e do equilíbrio que constituem a razão primordial da vida.
            Cada cousa está sujeita à lei da metamorfose e mesmo quando a aparência estática e estagnante da matéria em desagregação nos dá a certeza da morte, sob a máscara fria e inerte fermenta e se agita um movimento criador inverso àquele que havia gerado a forma, mas que dará, por sua vez, alento a novos aspectos vitais, a novas formas.
            E no entanto, tudo morre, mas a morte nada mais é que a manifestação daquela força cósmica, planetária ou atômica que com sua desintegração transforma e renova toda expressão material necessária à evolução do espírito.
            Todo acontecimento, criando um período breve ou longo, possui a sua razão oculta e profunda que transcende o interesse particular de um indivíduo, mas este esta ligado ao Todo por essa força,  da mesma forma que cada átomo, apesar de ter um movimento e um ciclo particulares, esta ligado a um corpo por uma serie de causas que são independentes da sua vontade.
            Buscar o porquê da vida e da morte de um corpo, de uma ilha, de um continente, de uma civilização, de uma religião, de um planeta, de um astro, é tarefa árdua para a compreensão humana e é talvez mais fácil acreditar que cada cousa e cada acontecimento teve princípio no seu aparecimento e terminará definitivamente com sua morte.
            Mas, não é assim, porque o respirar da vida cósmica tem o seu porquê indiscutível.
            O nascimento, a morte, a existência de cada cousa criada, a humanidade com a série infinita das suas gerações traçam a sinusóide da sua passagem no tempo, criando vibrações de intensidade variada, que deixam o sinal da sua obra, as eras planetárias, períodos de barbárie ou de civilização.
            O gênio do homem atual não é mais isolado como no passado, mas, pode-se dizer, coletivo; se esse desenvolvimento intelectual, porém, deu à ciência o meio adequado para exteriorizar as suas manifestações, pode-se constatar, entretanto, que a humanidade não tirou vantagem do que aparentemente parece uma conquista.
            Sim, há realmente uma conquista  mas não conduz à civilização do espírito, senão rumo às inferioridades de um período materialista por excelência.
            A humanidade sai de um banho de sangue, de uma guerra tremenda; a convulsão do mundo agitou corpos e mentes, numa dissociação moral e material em que o espírito se debate.
            O homem é levado a maldizer aqueles que, segundo seu juízo humano, desejaram e fomentaram, apoiaram e alimentaram essa tragédia. Chorando o bem-estar passado, lamenta-se das chagas presentes, sem pensar que talvez a razão de toda a catástrofe deva ser encontrada nas suas próprias faltas, porém, ninguém quer atribuir-se a responsabilidade e, alguns até, fechando-se no círculo do próprio egoísmo, não pensam que para além da morte existe uma vida muito mais bela do que a material; que para além de todo o ódio e de todo rancor existe Deus; que acima de cada esperança vã ou ilusão oferecida pela matéria, reina e sobrevive a verdade do espírito e a beleza de uma nova era.
            Realmente, esse tremendo furacão de fogo e de sangue desencadeado pelos homens tem raízes bem mais profundas e mais longínquas do que se possa acreditar.
            Os astrônomos e os astrólogos relacionam-no com as manchas solares; os defensores da fé acreditam que a maldade do homem haja atraído a maldição divina sobre toda a humanidade; e os materialistas, ao contrário, invocam o jogo da interesses e de partidos pretendentes ao poder e ao nacionalismo ou imperialismo dos povos em luta.
            Quem está com a razão ?
            Qual das teses é a mais justa ?
            Todas. Uma porém, é a razão cósmica, outra, a espiritual, e a última, material. Cada uma tem a sua finalidade no quadro do Karma infinito.
            Ninguém pode compreender o porquê de existir no espaço uma estrela maior do que a outra, ou ainda, num recôndito abismo do infinito ir buscar-se o porquê da necessidade do florescer da luz de uma nebulosa que confere vida ao vosso planeta e que, em aparência, jamais atingirá o vosso universo. Assim, ninguém pode compreender que no infinito do tempo continentes hajam sido tragados e dos quais não vos chega senão a sombra de uma lembrança, como no caso da existência da Lemúria ou da Atlântida e de outros ainda mais longínquos de cuja existência nem suspeitamos sequer.
            Se analisardes, porém, profundamente o processo de todas as cousas criadas, encontrareis uma analogia perfeita em cada acontecimento, ainda que no mais insignificante.
            Tudo tem um princípio – tudo tem um fim.
            Tudo tem um fim – tudo tem um princípio.
            A necessidade de princípio se manifesta precisamente porque um acontecimento qualquer teve fim. A necessidade de um fim deriva, em contraste, de haver existido um princípio.
            Onde, porém, tem início e onde termina um para dar lugar ao outro?
            Existe, talvez, uma razão e um ponto onde a ascensão se torna descida e a descida ascensão? Sim, existe, e esse ponto é a apoteose de uma realização.
            Na vida, após a juventude vem a decadência da velhice. Na humanidade, sempre o povo mais civilizado decai e morre, como já ocorreu com a Lemúria, a Atlântida e, ainda mais próximos de vós, as civilizações egípcia, etrusca, grega, romana, etc.
            Por isso hoje a Europa, como continente mais civilizado na evolução espiritual, traz impressos, nas suas terras, nas ruínas das suas cidades, na destruição de seus povos, na decadência dos seus costumes, na luta desesperada em defesa dos seus direitos que todos acreditam dar-lhe mas que ninguém os confere, os sinais de um aniquilamento cruel.
            Essa é, pois, a razão cósmica que impera sobre todo o grande drama humano e que os astrônomos justificam com as influências magnéticas das manchas solares.
            A outra é mais profunda, reside na alma humana e ao mesmo tempo na vontade Divina.
            Para a evolução do espírito é necessário que o homem perca tudo o que, num ciclo, conquistou por meio de duras batalhas, para que um outro se possa iniciar.
            Não é realmente mais perfeita uma civilização que nasce absorvendo daquela que morre tudo o que de bom e de belo ela proporciona ao homem?
            A civilização egípcia foi mais perfeita do que a babilônica ou a assíria, assim como a grega foi mais perfeita do que a etrusca, e a romana mais que a grega.
            O que, da civilização europeia, o mundo todo não possuí? Não partiram da Itália, da França, da Espanha, de Portugal, da Alemanha, da Inglaterra, ciência, sabedoria, idioma, arte, leis?
            E não partiu, ainda, das mesmas fontes, a absurda pretensão do direito de dominar o mundo?
            Se tudo houvessem dado, se a sua civilização houvesse podido realizar um compromisso mútuo entre os direitos da matéria e os deveres do espírito, haveriam encontrado o caminho do amor e do equilíbrio; a vida não haveria perdido o seu valor e o espírito, cônscio dos seus deveres, se teria prendido a Deus e não ao materialismo ao qual a ciência do homem o havia conduzido. Deus quer que a luz brilhe sempre entre os homens e nunca a sombra que, mesmo revestida dos ouropéis do saber, perde o valor da sabedoria que é a maior virtude do espírito.
            Não é mais a fé o credo fervoroso de um povo ou de um grupo de povos que detêm a primazia da civilização. Eles se acreditam muito evoluídos, muito fortes e se outorgam autoridade para analisar Deus e Sua vontade como se tivessem a possibilidade de dobrá-La aos seus desejos. Julgam-se os críticos da obra espiritual dos seus pais e, para eles, o passado não é mais que uma curiosidade histórica, não compreendendo que dela deveriam tirar os ensinamentos para seu espírito.
            Cada ciclo, porém, revela a razão da vida e da morte e em cada agonia surge a realidade de um renovar-se perene, porque sòmente sobre as ardentes chagas da própria carne, da dor da matéria atormentada brotará a flor luminosa do espírito que se voltará sempre para Deus, como do tormento da terra arada surgirá a flor e o fruto para amadurecer à luz do Sol.

ERGOS
            

16.7.12

A TRISTEZA DO MESTRE JESUS


A grande tristeza do Mestre é que, transcorridos mais de dois mil anos, continuamos escolhendo a Barrabás em detrimento de Jesus, o que não mais se justifica, pois, naquela época, o ser humano podia alegar ignorância, mas, hoje, temos a obrigação de conhecer o Evangelho e seguir seus passos. Mas o ser humano ainda vive para as emoções do momento, envolve-se com as glórias passageiras, entrega-se aos devaneios e distrações perniciosas que o levam a despenhadeiros tenebrosos, porque ainda encontra-se distanciado do amoroso Mestre que tudo fez por nós, e o que é mais grave: não se dá conta do que ocorre à sua volta, no campo da espiritualidade “...