28.3.11

KAMALOKA - PARTE 2/5

O homem espiritualmente desenvolvido, que purificou seu corpo astral até ficarem os respectivos elementos unicamente formados de materiais pertencentes às subdivisões mais sutis, - este homem apenas atravessa o Kamaloka sem ai se deter. Seu corpo astral se desvanece com extrema rapidez e sem demora alcança o lugar que o destino lhe assinala, de acordo com a sua evolução..
Um homem menos desenvolvido, mas cuja vida foi pura e sóbria, e que não se prendeu às coisas da terra, atravessará o Kamaloka num vôo menos rápido; sonhará pacificamente, inconsciente do que o rodeia, enquanto seu corpo mental vai abandonando sucessivamente as diferentes camadas astrais; e, ao atingir as camadas celestes, despertará finalmente.
Outros, menos desenvolvidos ainda, despertarão depois de terem atravessado as regiões inferiores do plano astral, readquirindo a consciência na divisão que corresponder à sua atividade consciente durante a vida terrestre, porque o sêr desperta ao contacto de impressões familiares, embora elas sejam agora recebidas diretamente pelo próprio corpo astral, sem o auxilio do físico. Aqueles que viveram no seio das paixões animais, despertam na região correspondente a estas paixões, pois cada homem se coloca exatamente “no lugar que ele mesmo escolheu”.
O caso da supressão brusca da vida física por acidente, suicídio, assassinato ou morte súbita, qualquer que seja ela, merece uma menção especial, porque difere da morte normal, conseqüência do esgotamento das energias vitais pela velhice ou pela doença. Si a vítima é pura e de tendências espirituais, será objeto de uma proteção especial e dormirá placidamente até o momento em que, em caso normal, deveria terminar sua existência física.
Mas, si a vítima não for pura, ficará consciente e incapaz de compreender que perdeu seu corpo físico e obsedada durante muito tempo pela cena fatal, impotente para se libertar dos seus horrores.
Durante todo este tempo a vitima permanecerá no plano astral com o qual merecer estar em contacto, conforme a zona mais exterior de seu corpo astral. Para qualquer dessas almas, a vida regular do Kamaloka só começa depois de esgotado o período que devêra durar sua existência terrestre; e é vivamente consciente aos objetos físicos e astrais que o cercam.
Um assassino, executado pelo seu crime, continua, segundo testemunho de um dos Mestres que instruiu Mme. Blavastky, vivendo e revivendo no Kamaloka a cena do assassinato e os acontecimentos subseqüentes, repetindo sem cessar o seu ato diabólico e novamente experimentando todos os terrores da sua prisão e da sua execução.
Do mesmo modo, o suicida reproduzirá automaticamente os sentimentos de desespero e de temor que precederem o seu crime e renovará quase indefinidamente, com uma persistência lúgubre, o ato fatal e a luta da agonia.Uma mulher morta nas chamas, tomada de um pavor louco, depois de esforços desesperados para escapar-se, creou um tal turbilhão de emoções tumultuosos que, cinco dias depois, ainda lutava loucamente, vendo-se sempre rodeada de chamas, e repelindo violentamente todos os esforços que faziam para acalma-la. Uma outra mulher, ao contrario, tragada pelas ondas numa tempestade, morreu tranquilamente e cheia de amor, comprimindo seu filhinho contra seu seio. Do outro lado da morte pôde ser observada, dormindo um sono pacifico, sonhando com seu marido e seus filhos, que lhe apareciam em visões felizes, tão perfeitas como a realidade.
Nos casos mais comuns, a morte por acidente é uma desvantagem real, resultado de alguma falta grave; pois que o fato de estar perfeitamente consciente nas regiões inferiores do Kamaloka, estreitamente ligadas à terra, traz consigo muitos inconvenientes e mesmo perigos. O homem fica absorto em projetos e nos interesses que o preocuparam durante a vida e tem consciência da presença das pessoas e coisas que se prendem a ele.
Sente-se quase irresistivelmente levado a fazer esforços para influir nos negócios e nas questões, aos quais suas paixões e seus sentimentos ainda se prendem.
Por seus desejos, liga-se ainda ao mundo físico, embora já tenha perdido todos os órgãos habituais de sua atividade. O único meio para alcançar a paz consistiria em se desviar resolutamente da terra e fixar seu pensamento em coisas mais altas; mas, o número dos que têm coragem para fazer este esforço é, comparativamente, diminuto, apesar dos socorros que lhe oferecem sempre os auxiliares invisíveis do plano astral, cuja tarefa consiste em ajudar e em guiar os que deixam este mundo. Na maioria das vezes estas almas sofredoras, incapazes de suportar sua inação forçada, procuram auxílio de um sensitivo, com o qual se possam comunicar, para ainda mais uma vez se ocuparem das preocupações terrestres.
As vezes também, obsedando algum médium disponível; esforçam-se em utilizar o seu corpo para seus próprios fins. Contraem assim grandes responsabilidades para o futuro.
Não é sem uma razão oculta que a Igreja nos ensina esta oração:

“Da batalha, do assassinato e de uma morte súbita, livrai-nos, Senhor!”

Podemos agora considerar uma a uma as subdivisões do Kamaloka, para formarmos uma idéia das condições que o homem prepara para si, neste estado intermediário, pelos desejos que alimenta durante sua vida física. Porque devemos nos recordar que a soma de vitalidade em uma qualquer das “camadas”, e por conseguinte a sua duração correspondente, depende da soma de energia comunicada durante a vida terrestre ao gênero de matéria astral que forma a natureza desta camada. Si as paixões mais baixas foram as mais ativas, a matéria astral mais grosseira está muito vitalizada e predomina pela quantidade. Este principio aplica-se através de todas as regiões do Kamaloka, de forma que o homem, durante sua própria vida, pode facilmente conceber previamente o futuro que lhe espera no dia seguinte à sua morte.

Continua.

Nenhum comentário:

Postar um comentário