19.3.11

O KARMA - PARTE 2/5

Aqui ainda o ignorante é escravo e o sábio é rei. Aqui ainda a inviolabilidade, a imutabilidade, consideradas, à primeira vista, como devendo paralisar todo o esforço, são em seguida reconhecidas como condições indispensáveis dum progresso certo e duma organização esclarecida, no futuro. Se o homem pode tornar-se senhor do seu destino, é unicamente porque este destino jaz em um domínio de leis, onde a inteligência pode edificar uma ciência da alma e colocar nas mãos do homem o poder de reger o seu futuro, determinando igualmente o seu futuro caráter e suas circunstancias futuras. O conhecimento da Lei do Karma, que parece conduzir a uma paralisia do esforço, torna-se uma força inspiradora, um sustentáculo, uma alavanca, com o auxílio da qual o homem consegue elevar-se.
Karma é, portanto, a lei da causalidade, a lei de causa e efeito. Ela foi formalmente enunciada pelo Iniciado cristão São Paulo. “Não vos enganeis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo que o homem semear, colherá.” Epistola aos Gálatas, VI, 7.
O homem emite, continuamente, forças em todos os planos em que atua; e estas forças são por si mesmas, quantitativa e qualitativamente, efeitos de sua atividade passada, sendo ao mesmo tempo causas que ele põem em ação em cada um dos mundos que habita. Produzem certos efeitos determinados, tanto sobre o próprio homem como sobre os outros; e, à medida que estas causas, que nascem do homem como centro, irradiam sobre todo o campo de sua atividade, ele não deixa de ser responsável pelos resultados por elas gerados. Assim como o imã possui um “campo magnético”, espaço no qual todas as forças entram em ação, grandes ou pequenas, conforme a própria potencia, assim também cada homem possui um campo de influencia, onde agem as forças por ele emitidas. Esta forças transmitem-se em linhas curvas, que se voltam para aquele que as emite, atingindo o centro donde emanaram.
Este assunto sendo de extrema complexidade, nós o subdividiremos para mais facilmente o estudarmos, parte por parte.
Em sua vida ordinária o homem emite três gêneros de energia, pertencentes respectivamente aos três mundos que ele habita. No plano mental, as energias mentais dão nascimento às causas que chamamos pensamentos.
No plano astral, as energias astrais geram as causas a que chamamos desejos.
Finalmente, no plano físico, as energias físicas são suscitadas pelas precedentes e designadas sob o nome de ações. Compete-nos estudar sucessivamente estes três gêneros de energias em suas operações e compreender os três gêneros de efeitos que elas produzem respectivamente, si quisermos perceber com inteligência o papel que representa cada uma destas categorias de forças, nas combinações tão complexas por nós postas em ação, e que podem ser chamadas em seu conjunto “nosso karma”. Quando um homem, ao adiantar-se aos seus semelhantes, obtém o poder de funcionar em planos mais elevados, torna-se um centro de forças superiores. Mas, por enquanto, podemos deixar de lado estas forças de ordem espiritual, para nos limitar à humanidade ordinária, que executa o seu ciclo de reencarnação nos três mundos.
Devemos sempre lembrar-nos que cada força age em seu próprio plano e reage nos planos inferiores, proporcionalmente à sua intensidade.
O plano no qual é produzido dá-lhe os seus característicos especiais e, reagindo sobre os planos inferiores, provoca vibrações na matéria mais ou menos sutil ou grosseira destes planos, de acordo com a sua própria natureza original. É o motivo gerador da atividade que determina o plano no qual a forma é emitida.
Em seguida é necessário distinguir entre o karma maduro, isto é, prestes a manifestar-se na vida presente, sob a forma de acontecimentos inevitáveis; o karma do caráter, que se manifesta pelas tendências resultantes da experiência acumulada, e suscetíveis de ser modificados na vida presente pelo próprio poder (o Ego) que as creou no passado; e, finalmente, o karma atualmente em via de formação, destinado a influir no caráter futuro e acontecimentos posteriores.
Demais, devemos levar em conta o fato de que, na determinação mesma de seu karma individual, o homem estabelece relações com outros seres. Entra na composição de grupos diversos – raça, nação, família, - e participa, como membro, do karma coletivo de cada um desses grupos.
Desde então se concebe que o karma oferece um assunto de estudo de extrema complexidade. Apesar disto, os princípios fundamentais de seu modo de operar, expostos acima, bastam para nos dar uma idéia coerente, de alcance geral.
Os detalhes poderão ser estudados mais demoradamente cada vez que a ocasião se apresentar; por agora, não nos devemos preocupar com eles.

Continua.

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