31.5.12

OS SETE DEGRAUS


Com a visão e fé profunda no poder do Criador, que é dada a cada um dos seu filhos – no meu caso, o poder não diminui nem desaparece enquanto subo pelo longo caminho, de certa forma até aumenta! Com essa força subo os degraus.

O primeiro degrau é baixo. Preciso dominar o peso do corpo para poder erguer-me sobre ele. É fácil.

O segundo é um tanto mais alto e já desperta resistência em meu corpo. Já venci há tempo as forças do corpo, portanto, esse degrau também não representa nenhum problema.

O terceiro já é perceptivelmente mais alto. É preciso dominar meus sentimentos a fim de conseguir subir. Assim que me torno senhora deles, consigo subi-lo.

Diante do quarto degrau, que é notàvelmente alto, sou invadida por pensamentos contraditórios: “Acaso serei capaz de subir até aí? Acaso terei força suficiente?” Então percebo que as dúvidas me enfraquecem e me deixam paralisada. Mas a dúvida também é um pensamento! Portanto, para subir ao quarto degrau preciso dominar os pensamentos, a fim de vencer as dúvidas. Graças aos longos exercícios e ao treinamento no templo agora sei o que tenho de fazer: concentro todas as forças do meu espírito, confio totalmente em Deus e não penso em nada. E veja, junto com meus pensamentos, também desaparece a dúvida... e eis que estou no quarto degrau!

Extraordinariamente sinto que estou ficando maior à medida que vou subindo os degraus, um depois do outro. A cada degrau cresço, portanto, já estou bem mais alta do que quando subi o primeiro. No momento, estou diante do quinto degrau, que apesar do meu crescimento é tão alto, que só consigo subir me agarrando com mãos e pés. Quando, com a maior dificuldade consigo me alçar até ele, tenho uma surpresa extraordinária, indescritível, pois descubro que já não tenho corpo! Tudo o que em mim e dentro de mim era material desapareceu, sou um espírito invisível.

Na subida ao sexto degrau, demasiadamente alto, tenho novas dificuldades: não tenho corpo, nem mãos com que me agarrar; também, não tenho pés com que me impulsionar. De que jeito conseguirei subir?

Procuro por um caminho, e quando me viro, vejo de repente, bem espalhado abaixo de mim, o mundo inteiro! Os vários países, as cidades, que parecem brinquedos, as casas com seus incontáveis habitantes... Sinto um amor infinito por todos eles; contudo, penso com profundo pesar em todos os que têm de seguir o difícil caminho do conhecimento; sinto pena dos inumeráveis que ainda tateiam no escuro, emparedados no próprio egoísmo, como estive certa vez...

E... que maravilha!... no momento em que meu coração é inundado pelo amor universal... eu me elevo... e me vejo em cima do sexto degrau.

Mas agora estou diante do último degrau, o mais alto de todos. É tão alto como eu mesma. Quero tanto subir, que esse desejo preenche todo o meu ser. Em vão. Nem sequer sei o que fazer, pois não tenho mãos nem pés, nem a força muscular do corpo, com a qual poderia dar um jeito de subir. Mas preciso fazê-lo, custe o que custar. Lá em cima encontrarei Deus e quero imprescindivelmente ver Seu rosto.

Fico parada, espero – nada acontece.

À medida que olho em volta, procurando, vejo surpresa que não estou só, pois nesse momento um ser alcança o sexto degrau, como eu. Este me pede com veemência que o ajude a subir ao sétimo degrau. Entendo seu pedido suplicante – seu desejo infinito – e, esquecendo-me do meu próprio anseio pelo sétimo degrau, tento ajudá-lo a alcançar a meta.

Porém, no momento em que esqueço minha própria vontade, não sei como, estou em cima, e meu companheiro desaparece sem deixar sinal. Era uma miragem, a fim de que eu me esquecesse do meu último desejo pessoal. Pois enquanto eu desejasse elevar a minha pessoa, nunca poderia alcançar o degrau que tem a mesma altura que eu.

Extraído do livro Iniciação de Elisabeth Haich – Editora Pensamento.













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