8.5.12

MENSAGEM DE PAI MIGUEL DE XANGÔ


INTRODUÇÃO


Salve Jesus !

Salve os Astros !

Salve a Terra !

Salve a todos vós que me lerdes !



Não pretendo comentar nem criticar a Linha de Umbanda, pois que sou um Guia que ainda trabalha com a parte (Pedra) da Terra. Tenho, porém, a missão de deixar a todos vós que me lerdes, como espírito que vos ama e deseja a vossa compreensão, ensinamentos para melhor vos encaminhardes na Terra, planeta de sofrimentos corpóreos para a elevação do Espírito, afim de chegardes até Jesus, Montanha Miraculosa, Astro Resplandecente, para cuja ascensão é necessário mais do que vós habitualmente fazeis em vossas excursões montanhosas como alpinistas, adoradores entusiastas, caminheiros ou descobridores.

Para chegardes a Jesus é necessário muito mais: caminhadas longas, por caminhos e caminhos, montanhas e montanhas, vales e vales, mares e mares de dores e sorrisos, que em múltiplas encarnações ides deixando como sementes espalhadas pela Terra, para colherdes em cada uma delas os frutos daquilo que houverdes semeado na precedente.

Ninguém mais, meus filhos, somente vos mesmos colhereis aquilo que houverdes plantado, seja boa ou má semente. Por isso a minha intenção é auxiliar-vos no estudo da Linha de Umbanda, ainda tão incompreendida por ser de uma parte da Terra e vossos conhecimentos ainda tão pequenos que não vos permitem interessar-vos uns pelos outros. O fato de ainda não vos encontrardes preparados para compreender os ensinamentos que de tão boa vontade vos trazemos, e a confusão que em torno de nós, Guias, constantemente estabeleceis, por nos esforçarmos em parecer-nos às vezes convosco, materializando-nos junto a vós, é que dão causa à vossa desorientação e consequente deturpação da chamada Linha de Umbanda.



A LINHA DE UMBANDA



Este livro tem por objetivo oferecer uma modesta contribuição ao estudo da Linha de Umbanda, também chamada banda da terra, por se tratar de Espíritos que trabalham com as forças da Natureza, como sejam: Mata, Rio, Pedra e Mar.

Todo aquele que sente a incorporação nos seus músculos, envolvendo-lhes todo o corpo, é considerado aparelho de Umbanda, compreendendo-se que trabalha com forças materializadas, Espíritos esses que não sendo de forças astrais, estão ligados aos planos terrestres. Estes Espíritos estão de acordo com as pessoas mais embrutecidas, menos desenvolvidas espiritualmente, pelo fato de não trabalharem diretamente com os Astros, cujas forças só podem derramar os seus fluídos sobre pessoas que já tenham terminado a parte materializada, conforme ficou dito acima. Assim como é necessário ao aluno iniciar-se no curso primário, passar ao ginasial, para depois ingressar em cursos mais adiantados, quando seu cérebro já se encontra preparado para compreender e assimilar mais facilmente o ensino superior, também se compreende que não seria possível aos médiuns trabalhar diretamente com os Astros, sem passarem primeiramente pelas forças da Natureza.

Todos os médiuns que receberem entidades de trabalhos espiritualizados, como seja : Levitação, Transporte, Direção de trabalhos de Linha Branca de mesa e outros mais, são médiuns que podem receber Caboclos, Índios ou Africanos, por missão especial para com essas linhas, mas já são médiuns que atingiram as Forças Astrais, por haver seu próprio EU cumprido sua missão em diversas encarnações para com a parte materializada da Terra. Compreende-se nestes casos que o médium já terminou seu curso no Espaço através de inúmeras encarnações, podendo assim receber tanto Forças dos Astros, que são Guias de uma percepção mais fértil, como também Guias do plano terrestre animados das melhores intenções.

Chama-se médium, que quer dizer médico da alma, a todos os filhos que veem à Terra; porém, nem todos, apesar de serem médiuns, estão em condições de trabalhar, necessitando para isso de se prepararem convenientemente, assim como aqueles que desejam ser médicos do corpo, os doutores da terra, cumprem um longo curso de aprendizado antes de se entregarem à prática de sua missão.

Pessoas há que estão exercendo a missão de médiuns independentemente de incorporação ou assistência aparente de entidades espirituais, nem tampouco sob as vistas de qualquer organização de trabalhos de mesa ou de Terreiro. Uma boa mãe, um bom cumpridor dos seus deveres, um chefe de grandes empresas, um inventor, o dirigente de uma nação, o padre, a freira, enfim todos os missionários, todos aqueles que praticam boas ações por palavras ou atos, muitas vezes sem estarem filiados a nenhuma religião conhecida na Terra, estão trabalhando como médiuns, transportando forças magnéticas para si e derramando-as sobre os outros.

Aqueles, porem, que tiverem passado por grandes fenômenos físicos e que, depois de haver procurado essa grande classe de incansáveis serviçais humanos que são os médicos da Terra, verificar que os distúrbios continuam apesar de estar bom o seu sangue, experimente fazer uma temporada de grandes concentrações em Centros Espiritualistas, que são os Centros dirigidos por Entidades de planos Astrais. Se, ainda assim nada conseguir, então esteja certo de estar sendo atacado pelas forças vivas da Natureza, das quais só os trabalhos da Linha de Umbanda poderão livrá-lo mais rapidamente, da mesma maneira que só o bisturi é capaz de aliviar prontamente a dolorosa pressão dum tumor.

Não pretendo dizer com isto que ela seja maior, mas apenas que para cada mal o seu remédio. Assim sendo, figuremos o ataque das forças terrestres como uma espécie de tumor espiritual ao qual pouco ou nada adiantará um tratamento demorado de Forças Espirituais, apesar de benéficas em alto grau. O tratamento rápido e eficaz no caso será cortá-lo; e esse serviço é executado pela parte materializada da Linha de Umbanda. As sessões espirituais de mesa podem livrar os filhos da obcedação de forças materializadas, porém o tratamento é mais demorado e nem sempre tão eficaz como nos trabalhos de Umbanda. O esforço despendido neste sentido pode ser comparado ao que teria de ser feito pelo aluno que, sem o curso primário, tentasse ingressar diretamente no de bacharel.

Falamos até agora sobre o médium; passaremos a falar sobre o Aparelho. Aparelho deve ser considerado todo aquele que já vem na encarnação que está vivendo, com a missão de trabalhar com Espíritos mais ou menos elevados, conforme seu próprio desenvolvimento, podendo ser, segundo suas encarnações passadas, um aparelho de mesa, de linha puramente branca que é a Linha Branca de Umbanda, ou outras Linhas que existem, sobre as quais não entraremos em detalhes no presente livro por ser nosso objetivo tratar somente de Umbanda.

Temos o que se chama cavalo , na Linha de Umbanda, termo considerado um tanto bruto para a Terra, aparentemente, mas que para nós Guias é um termo carinhoso, de grande significação, por se tratar de um médium nosso, e que apesar de outros Guias com ele trabalharem, ele pertence, abaixo de Jesus, a nós, que por diversas encarnações o acompanhamos para mais tarde podermos dizer “meu filho” e outros termos significativos de posse. Desta maneira, cavalos são todos os portadores de grande força mediúnica, e assim considerados por todas as forças materializadas, podendo receber Entidades desde a parte da Terra até à falange mais pura e elevada do Himalaia.



SALVE A UMBANDA !



Caminho tortuoso, começo de estrada do qual os filhos retiram as pedras para encontrarem passagem mais livre quando se virem encaminhados noutras linhas mais elevadas ! Sim, meus filhos ! Os chamados filhos de Umbanda são os abridores de suas próprias estradas !

Chama-se terreiro de Umbanda ao local dos trabalhos, por ser onde baixam os Espíritos com a missão de ensinar-vos a manejar as picaretas, as enxadas, etc., Espíritos estes em sua maioria de grande evolução, achando-se por isto preparados para se apresentarem humildes e pacientes, encaminhando-vos com carinho, e as mais das vezes fazendo-se parecer convosco para melhor vos sentirdes em sua presença. Depois que estiverdes encaminhados, isto é, quando já houverdes aberto vossa estrada através do estendal de sofrimentos peculiares ao vosso mundo, quando tiverdes aprendido a dominar e vencer os vossos defeitos, e enriquecido os vossos fluídos como faz o homem do campo com seus músculos, então ireis sendo conduzidos ao caminho da pena, da escrita e da filosofia.

Encontram-se nos terreiros de Umbanda verdadeiros iniciados, grandes trabalhadores, muitos dos quais certas pessoas tentam desviar sob a alegação de serem “grandes” e que por isso não devem estar mais naquele meio. Deveis fechar vossos ouvidos a semelhantes conselhos e caminhar para a frente, recordando-vos que eles são, em grande parte meios de experimentação à vossa decisão e vossa fé. Nós, Espíritos Guias e Condutores, precisamos do vosso concurso para o desempenho de nossa missão na Terra, como a própria Terra precisa de professores para o esclarecimento dos filhos. Caminhai, pois, com decisão e fé, certos de que, servindo aos Guias estareis servindo a Deus !

Ser iniciado em Umbanda é ser chefe de turma; e as turmas não poderiam trabalhar sem um chefe superior. Depois que as estradas estiverem abertas, a Linha de Umbanda desaparecerá na sua missão terrena, prosseguindo seus os trabalhos espirituais relacionados com as Estrelas, o Sol, a Lua e os Astros que banham a Terra de longe, cujos Espíritos já estiveram também na Terra em cumprimento de missão divulgadora dos ensinos da filosofia hindu e outros mais propagados pelo Espiritismo. Segui-os, pois; mas se vos entenderdes melhor com um caboclo, um africano, ou qualquer outra aparência que o Espírito usar para desempenhar sua missão naquele grupo de trabalhos, ouvi-o; e se ouvirdes com fé e lhe seguirdes os ensinamentos, encontrareis a estrada que vos ligará às outras de todas as demais religiões que forem bem interpretadas e sentidas.

Não vos deveis preocupar com os que estão em cima, porque em verdade não há acima nem abaixo; há, apenas, para cada um a missão que veio cumprir; cumpri vós bem a vossa, e sereis tão grandes quanto os Maiores ! O grande pode executar pequenos trabalhos; o pequeno pode executá-los grandes !

Os Umbandistas podem ser comparados na Terra a enormes bandos de trabalhadores de camisa arregaçada, peito nu, descalços, fortes, tostados pelo sol e satisfeitos, apresentando ao Chefe Supremo sua tarefa terminada e sendo pagos como os trabalhadores que se recolhem à noite para descansar após um dia de produtivos labores. Não é menor o homem porque trabalha descalço ! Trabalhai e sentir-vos-eis bem sendo Umbandistas. A estrada é uma só; os atalhos é que são diversos, conduzindo à mesma. Cada religião leva os filhos, seus adeptos, conforme seu grau de desenvolvimento e força de vontade. No alto da Montanha, porém, todas elas se encontram e se confundem numa só, que é a Verdade, a Luz, a Perfeição.

Todos os Espíritos trabalham para o mesmo fim que é caminhar ! caminhar ! Tudo caminha: os Astros, a Terra; nada estaciona. É uma corrida desenfreada, como vos parece em vossos momentos de devaneio, mas temos a certeza donde pisamos, levantando os que caem, orientando-os, tirando-lhes o véu da ilusão. Mesmo os Espíritos obsessores caminham, tropeçam, caem, desviam-vos, levando-vos ao sofrimento, sem contudo vos cansar de tanto sofrerdes. Há em tudo isto uma causa que se explica pela existência de missão entre vós e eles, a qual cumpris pelo sofrimento, vindo mais tarde a constituir com eles uma força protetora que vos auxilia, encaminhando-vos para a verdadeira liberdade espiritual !

Não desanimeis. Resisti. A dor fortalece, encoraja; ela vos conduz às alturas celestiais, transportando-vos para fora da Terra. Os olhos choram, mas vede que as plantas também choram ao receberem o doce orvalho matinal. Não desespereis. A Terra que se abre em vulcões enormes por diversas partes, destruindo vilas e povoações pacatas, necessita dos vossos sofrimentos. Se apresenta às vossas vistas esses maravilhosos conjuntos de beleza que vos inspiram e edificam, rios maravilhosos, rochedos gigantescos, montes e vales cobertos de vegetação robusta, prados e campinas onde florescem lírios e jasmins, e inúmeros outros delicados membros da flora imensa que vos cerca, é porque vós a protegeis e alimentais com vossas dores. No dia em que não mais sofrerdes tereis que desaparecer da face da Terra, porque estará terminada a vossa missão de presidiários neste mundo de sofrimentos, da mesma forma que as cadeias ficarão vazias no dia em que não houver mais criminosos.

Fosse o orvalho ressequido e não seria belo. Os pássaros cantam. Será canto ou choro ? Vós não o sabeis; entretanto vos encantais com seus gorjeios ! O mar grita, debate-se constantemente, e vós o achais Belo !

Quantas vezes já vim à Terra, e quantas ainda terei de vir ver-vos e encaminhar-vos !... Não fico triste por isso; tenho até prazer na minha missão, esperando que um dia nos reunamos todos, sendo todos iguais, onde mestres e discípulos se compreenderão como verdadeiros filhos de Deus. Por enquanto estamos preparando-vos para os exames finais na Terra, de que sois filhos, feitos de matéria densa e alimentados vagamente pelo Espaço, para depois de todos preparados, a Terra poder mostrar seus filhos de Umbanda, - banda da terra – a seu irmão Jesus, o maior médium de Umbanda, e a Deus, Nosso Pai de todas as Forças que fará realizar a ceia, não de doze apóstolos mas uma ceia... com bandos e bandos de apóstolos, de sementes deixadas na Terra cada vez que as Forças Supremas foram enviadas a visitá-la. Sempre que estas forças não conseguem acalmar os filhos da Terra, apelam ao Pai Supremo que é Deus, e então Ele determina a vinda de Jesus, Buda, e outros enviados, para os acalmar com sua palavra e seu exemplo.

Vós sois também chamados, não pelas forças completas da Natureza, porque ainda sois pequenos, mas por partículas de vós mesmos que necessitam de vossos sofrimentos para o seu progresso, assim como o ferro que geme ao fogo, o machado no tronco, o bisturi rasgando podridões, as abelhas nas flores, etc., sacrificados a vós também como os minerais, vegetais e animais alimentando-vos a matéria e nós o vosso Espírito !



Salve, filhos meus !

Salve as Forças Supremas !

Salve todas as religiões !

Salve a Dor !



Extraído do “Livro dos Médiuns de Umbanda” de Hilda Roxo – Ditado por Pai Miguel de Xangô em 1939 – Centro Espírita Estrela Dalva – Publicado em 1943 – Impresso no Jornal do Comércio – Rodrigues & Cia – Rio de Janeiro.

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