1.6.12

O “EU”


“Mãe”, perguntei-lhe certa vez, “quem é você afinal?”
“Quem?,  retrucou ela. “O que é isso: “quem”? existe apenas uma única existência, e cada animal, cada planta, mas também cada corpo do mundo, cada sol e cada planeta são apenas uma revelação dessa única existência. Quantos “quem” existiriam então? O mesmo eu que fala por minha boca, fala pela sua e pela de todos os seres vivos. A única diferença consiste em que nem todos os seres conhecem o próprio eu inteiramente, portanto também não podem revelar-lhe todas as características. Todavia, quem o conhece com perfeição pode revelar todas as características que possivelmente existam no mundo, pois todos são afinal, diferentes aspectos da única existência que constituem o único eu. A forma exterior que você vê diante de si e que pensa ser “eu” é apenas um instrumento de revelação que, a partir do eu, sempre revela aquele aspecto que for necessário no momento. Portanto, não faça uma pergunta tão tola como “quem sou eu”.
“Mãe”, perguntei, “como você veio a conhecer tão bem o eu a ponto de poder revelar todas as suas características? Também quero alcançar esse conhecimento! Por favor, diga-me! Mediante quais experiências você é esse versátil instrumento da única existência? Ou sempre esteve nesse grau? Já nasceu nesse estado?
“Nasci? “Eu” nasci? Quando você viu um “eu” nascer? Acaso já viu um “eu”? O “eu” nunca nasceu nem nascerá, apenas o corpo. O verdadeiro, o eu divino é a própria perfeição, nele não há possibilidade de desenvolvimento. Quando muito, o corpo precisa desenvolver-se a fim de poder revelar vibrações cada vez mais elevadas, frequência s cada vez mais altas do eu. Mesmo o mais perfeito aparelho, o corpo mais perfeito, precisa passar por esse desenvolvimento, inclusive o meu, que ainda está longe da perfeição. Tudo são degraus. O aparecimento de um corpo é sempre uma reação em cadeia – como tal processo é denominado atualmente-, e uma vez que reações em cadeia são acionadas, percorrem diferentes períodos até que se desmanchem de novo. A essa lei nenhuma forma material de manifestação pode se furtar. E com o desenvolvimento do corpo é natural que se modifique também o estado de consciência”.
“Por conseguinte, você também teve de passar por um período de desenvolvimento, não é verdade, mãe? Por favor, conte-me como foi. O que você viveu, que experiências reuniu que lhe permitiram alcançar seu atual estado de consciência? Por favor, conte-me sobre isso tudo.”
“Por que deveria contar-lhe? Cada ser humano precisa obter o perfeito autoconhecimento em seu próprio caminho. De que lhe adiantaria se eu falasse sobre o meu? Você não poderia percorrer esse rumo. Os acontecimentos não são importantes, apenas as experiências, o ensinamento que se tira delas. Fique tranquilo, no seu caminho passará pelas mesmas experiências por que passei no meu. Incontáveis são os caminhos, mas todos levam ao mesmo objetivo.”
Extraído do livro Iniciação de Elisabeth Haich – Editora Pensamento.
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