São frutos escolhidos por
infelizes
Que procuram os bens que eles têm
consigo.
Em vez de enfraquecer o
sentimento de fraternidade e solidariedade humanas, essa doutrina fortifica-o.
Há entre os homens uma diversidade proveniente da essência primitiva dos
indivíduos. Uma outra diversidade provém do grau de evolução que eles atingiram.
Assim, os homens podem situar-se em quatro classes, que compreendem todas as
subdivisões e todas as nuances.
1. Na
maioria dos homens, a vontade age sobretudo no corpo. São os instintivos. Prestam-se não somente aos
trabalhos corporais mas ainda ao exercício e ao desenvolvimento da inteligência
no mundo físico, por conseguinte servindo para o comércio e para a indústria.
2. No
segundo grau do desenvolvimento humano, a vontade e, consequentemente, a
consciência reside na alma, ou seja, na sensibilidade reativada pela
inteligência, que constitui o entendimento. São os anímicos ou os passionais. Segundo
o temperamento, serão guerreiros, artistas ou poetas. A grande maioria dos
literatos e dos cientistas são desta espécie. Vivem pelas ideias relativas,
modificadas pelas paixões ou circunscritas em um horizonte limitado, sem se
elevarem até à Ideia pura e à Universalidade.
3. Em
uma terceira classe de homens, muito mais raros, a vontade age, principalmente,
soberanamente, no intelecto puro. Trata de desligar a inteligência da tirania
das paixões e dos limites da matéria, o que confere a todas as suas concepções,
um caráter de universalidade. São os intelectuais.
Esses homens dão os heróis mártires da pátria, os poetas de primeira ordem, os
verdadeiros filósofos, os sábios, aqueles que, segundo Pitágoras e Platão,
deveriam governar a humanidade. Neles, a paixão não se extinguiu, pois sem ela
nada se faz. No mundo, a paixão é como o fogo e a eletricidade. Mas nele, a
paixão torna-se a serva da inteligência. Na categoria anterior, a inteligência
é, na maioria das vezes, serva das paixões.
4. O
mais alto ideal humano é realizado por uma quarta classe de homens. Neles, a
realeza da inteligência sobre a alma e sobre o instinto foi acrescentado da
realeza da vontade sobre todo o ser. Pelo domínio e pela posse de todas as
demais faculdades, eles exercem o grande poderio. Realizaram a unidade na
trindade humana. Graças a esta concentração maravilhosa, que reúne todas as
potencialidades da vida, a vontade deles, projetando-se nos outros, adquire
força quase ilimitada, uma magia irradiante e criadora. Na história, esses
homens receberam diversos nomes. São os homens primordiais, os adeptos, os grandes iniciados, gênios
sublimes, que se podem contar no decurso da história. A Providência semeia-os
no tempo, com longos intervalos, como os astros no firmamento.
É evidente que
esta última categoria escapa a qualquer regra, a qualquer classificação. É
apenas exterior, inorgânica à constituição da sociedade que não considera as
três categorias, não proporcionando a cada uma delas sua função normal e os
meios necessários ao seu desenvolvimento.
- Esta
classificação corresponde aos quatro graus da iniciação pitagórica. Ela
fundamenta todas as iniciações, inclusive a dos primitivos maçons. Estes possuíam
alguns rudimentos da doutrina esotérica.
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