22.8.11

AS SETE LÁGRIMAS DE UM PRETO-VELHO

“Num cantinho de um terreiro, sentado num banquinho, pitando o seu cachimbo, um triste preto-velho chorava. De seus “olhos” molhados, esquisitas lágrimas desciam-lhe pelas faces e, não sei por que, contei-as... Foram sete. Na incontida vontade de saber, aproximei-me e o interroguei. Fala, meu preto-velho, diz ao teu filho por que externas assim uma tão visível dor?
E ele, suavemente, respondeu: está vendo esta multidão que entra e sai? As lágrimas contadas estão distribuídas a cada uma delas.
A primeira, eu dei a esses indiferentes que aqui vêm em busca de distração, para saírem ironizando aquilo que suas mentes ofuscadas não podem conceber...
A segunda, a esses eternos duvidosos que acreditam, desacreditando, na expectativa de um milagre que os façam alcançar aquilo que seus próprios merecimentos negam...
A terceira, distribuí aos maus, àqueles que somente procuram a Umbanda em busca de vingança, desejando sempre prejudicar a um seu semelhante...
A quarta, aos frios e calculistas que sabem que existe uma força espiritual e procuram beneficiar-se dela de qualquer forma e não conhecem a palavra gratidão...
A quinta, chega suave, tem o riso, o elogio da flor dos lábios, mas se olharem bem o seu semblante, verão escrito: Creio na Umbanda, nos seus caboclos e no seu Zâmbi, mas somente se resolverem o meu caso, ou me curarem disso ou daquilo...
A sexta, eu dei aos fúteis que vão de Centro em Centro, não acreditando em nada, buscando aconchegos e conchavos e seus olhos revelam interesse diferente...
A sétima, filho, notas como foi grande e como deslizou pesada? Foi a última lágrima, aquela que vive nos “olhos” de todos os Orixás. Fiz doação dessa aos médiuns vaidosos, que só aparecem no Centro em dia de festa e faltam às doutrinas. Esquecem que existem tantos irmãos precisando de caridade, e tantas criancinhas precisando de amparo material e espiritual.

Assim, meu filho, foi para esses todos, que vistes cair, uma a uma, “AS SETE LÁGRIMAS DE UM PRETO-VELHO.”

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