Desde
os tempos remotos a ânsia estava voltada à procura dos profundos ligames que
existiam entre Deus e o homem, entre a expressão de um pensamento transcendente
e imanente.
As
escolas iniciáticas muitas vezes se avizinhavam da solução e de fato uma
inscrição do templo de Delfos traz esta sentença: “Conhece-te a ti mesmo e
conhecerás o universo e Deus”, porque o maior mistério do criado está oculto no
homem.
Em
ti realmente está contida a apaixonante síntese da matéria e do espírito: as
duas forças ocultas, principais atrizes da evolução que encontram razão de
existir no infinito princípio de cada cousa criada no espaço, e se manifestam
no infinito de cada eternidade do tempo.
O
teu drama é o drama universal, é a luta constante da vontade da matéria e do
espírito prisioneiro de si mesmo, encerrado no círculo dos próprios sonhos e
das próprias aspirações.
O
valor cósmico dessa luta se encontra no símbolo da redenção do espírito, na sua
expressão patente e no seu sentido oculto.
Semelhante
a um mecanismo constituído por delicadíssimos maquinismos, a tua construção
física pulsa e vibra na ação febril da existência em uníssono com as outras
forças materiais e imateriais que a circundam, pequena engrenagem ela mesma de
um grande motor.
Em
vão o cientista, com as suas frias e áridas investigações, procura explicar a
razão da vida. Todas as suas explicações não chegam a desbastar as trevas que
envolvem o principio oculto da morte.
Um
mistério impenetrável esconde o fulcro daquele principio e daquele fim.
Talvez
penses que seja negado caracterizar o porquê da tua existência e não sabes que
isso só seria possível se conseguisses conhecer a ti mesmo.
Parecerá
um paradoxo, mas é assim: ainda não te conheces. Contudo não tens apenas a
certeza de que nada de ti seja oculto porque pensas, amas, sofres e ages sob o
impulso raciocinante de uma vontade que acreditas tua, mas tens a absurda
presunção de crer que o íntimo das pessoas que amas, que estão próximas a ti,
com as quais convives, seja um livro aberto no qual possa ler.
Quantas
provas dolorosas não tens enfrentado no drama da vida, por essa absurda certeza que te impelia a ter
fé nos sentimentos, nos pensamentos ou nas ações dos outros, quando ao contrário
deverias bem saber que também de ti mesmo não conheces senão uma pequena,
pequeníssima parte ?
O
pensamento, de fato, embora sendo a expressão da personalidade, surge na tua
mente instante por instante, transmitido
por um misterioso impulso fora de ti, mas que, semelhante a um delicadíssimo
aparelho receptor, o cérebro consegue captar e traduzir.
Um
instante antes não só não conhecias, mas nem intuías que forma terias dado às
tuas ideias, gérmen das imediatas ou futuras ações, e certamente não te explicas
de onde provém o oculto sentido de orientação que te guia nos meandros do
destino: intuías, porém, que na sabedoria interior está guardada a chave do teu
eterno futuro.
Embora
perfeito, nenhum aspecto da matéria tem uma consciência e sabedoria, mas uma
consciência e uma sabedoria vibram no teu íntimo, sol do teu ser inconsciente.
Este sol que anima o princípio do pensamento é a emanação divina do espírito,
meio principal do corpo universo, razão da existência dos átomos, como o sol é
o meio principal do universo planetário, razão da existência da matéria.
O
encontrar-se em si é a experiência mais árdua que se pode enfrentar e resolver.
As
sensações materiais são a prova de que não conseguiste superar a ti mesmo
apesar de tua afanosa busca.
As
provas a que te submetes e que talvez não compreendas de afastam ainda do
verdadeiro sentido da vida porque muitas vezes a tua origem oculta está
escondida na materialidade.
O
bem e o mal, em contraste na luta entre matéria e espírito, disputam-se a
supremacia de um poder, imortal um, material o outro, e muitas vezes entre os
dois extremos é difícil estabelecer um equilíbrio que te permita:
1 – conhecer a ti mesmo, os teus
defeitos para ter a possibilidade de superá-los;
2 – viver para encontrar na vida
a origem incriada da razão universal;
3 – dar ao espírito a divina
realidade da sua essência eterna e imortal;
4 – sentir na própria consciência
a verdade-Deus, Deus-amor, Deus-cósmico, e subir do plano terreno à realidade
do ser e do vir a ser, atingindo da multiplicidade das formas a força única
superior.
Realização
suprema do humano que se torna digno de acolher em si o sinal luminoso do
divino.
Só
então a vida te será fácil mesmo na dor ,e, se andares em busca da revelação só assim
poderás encontrar-te.
ERGOS
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