25.7.12

O MISTÉRIO DO HOMEM


                Desde os tempos remotos a ânsia estava voltada à procura dos profundos ligames que existiam entre Deus e o homem, entre a expressão de um pensamento transcendente e imanente.
                As escolas iniciáticas muitas vezes se avizinhavam da solução e de fato uma inscrição do templo de Delfos traz esta sentença: “Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e Deus”, porque o maior mistério do criado está oculto no homem.
                Em ti realmente está contida a apaixonante síntese da matéria e do espírito: as duas forças ocultas, principais atrizes da evolução que encontram razão de existir no infinito princípio de cada cousa criada no espaço, e se manifestam no infinito de cada eternidade do tempo.
                O teu drama é o drama universal, é a luta constante da vontade da matéria e do espírito prisioneiro de si mesmo, encerrado no círculo dos próprios sonhos e das próprias aspirações.
                O valor cósmico dessa luta se encontra no símbolo da redenção do espírito, na sua expressão patente e no seu sentido oculto.
                Semelhante a um mecanismo constituído por delicadíssimos maquinismos, a tua construção física pulsa e vibra na ação febril da existência em uníssono com as outras forças materiais e imateriais que a circundam, pequena engrenagem ela mesma de um grande motor.
                Em vão o cientista, com as suas frias e áridas investigações, procura explicar a razão da vida. Todas as suas explicações não chegam a desbastar as trevas que envolvem o principio oculto da morte.
                Um mistério impenetrável esconde o fulcro daquele principio e daquele fim.
                Talvez penses que seja negado caracterizar o porquê da tua existência e não sabes que isso só seria possível se conseguisses conhecer a ti mesmo.
                Parecerá um paradoxo, mas é assim: ainda não te conheces. Contudo não tens apenas a certeza de que nada de ti seja oculto porque pensas, amas, sofres e ages sob o impulso raciocinante de uma vontade que acreditas tua, mas tens a absurda presunção de crer que o íntimo das pessoas que amas, que estão próximas a ti, com as quais convives, seja um livro aberto no qual possa ler.
                Quantas provas dolorosas não tens enfrentado no drama da vida,  por essa absurda certeza que te impelia a ter fé nos sentimentos, nos pensamentos ou nas ações dos outros, quando ao contrário deverias bem saber que também de ti mesmo não conheces senão uma pequena, pequeníssima parte ?
                O pensamento, de fato, embora sendo a expressão da personalidade, surge na tua mente instante por instante,  transmitido por um misterioso impulso fora de ti, mas que, semelhante a um delicadíssimo aparelho receptor, o cérebro consegue captar e traduzir.
                Um instante antes não só não conhecias, mas nem intuías que forma terias dado às tuas ideias, gérmen das imediatas ou futuras ações, e certamente não te explicas de onde provém o oculto sentido de orientação que te guia nos meandros do destino: intuías, porém, que na sabedoria interior está guardada a chave do teu eterno futuro.
                Embora perfeito, nenhum aspecto da matéria tem uma consciência e sabedoria, mas uma consciência e uma sabedoria vibram no teu íntimo, sol do teu ser inconsciente. Este sol que anima o princípio do pensamento é a emanação divina do espírito, meio principal do corpo universo, razão da existência dos átomos, como o sol é o meio principal do universo planetário, razão da existência da matéria.
                O encontrar-se em si é a experiência mais árdua que se pode enfrentar e resolver.
                As sensações materiais são a prova de que não conseguiste superar a ti mesmo apesar de tua afanosa busca.
                As provas a que te submetes e que talvez não compreendas de afastam ainda do verdadeiro sentido da vida porque muitas vezes a tua origem oculta está escondida na materialidade.
                O bem e o mal, em contraste na luta entre matéria e espírito, disputam-se a supremacia de um poder, imortal um, material o outro, e muitas vezes entre os dois extremos é difícil estabelecer um equilíbrio que te permita:
1 – conhecer a ti mesmo, os teus defeitos para ter a possibilidade de superá-los;
2 – viver para encontrar na vida a origem incriada da razão universal;
3 – dar ao espírito a divina realidade da sua essência eterna e imortal;
4 – sentir na própria consciência a verdade-Deus, Deus-amor, Deus-cósmico, e subir do plano terreno à realidade do ser e do vir a ser, atingindo da multiplicidade das formas a força única superior.
                Realização suprema do humano que se torna digno de acolher em si o sinal luminoso do divino.
              Só então a vida te será fácil mesmo na dor ,e,  se andares em busca da revelação só assim poderás encontrar-te.
ERGOS
                

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