16.2.11

VIDA MODERNA

A capacidade para o isolamento não é alimentada pela nossa época. A presente Era da Tecnologia não estimula o gosto para o silêncio. Contudo, penso e creio na necessidade de um breve período de isolamento, um pequeno treino diário de meditação silenciosa. Assim se refresca o coração fatigado e a mente esgotada se inspira. A vida atual parece uma caldeira rugidora, para dentro qual os homens são arrastados. À medida que passam os dias, diminui a intimidade recôndita consigo mesmo e aumenta a intimidade com a caldeira.
Recorrer à meditação regular rende frutos abundantes, evidenciando a profundidade espiritual na firmeza em hora de decisão, na coragem para viver como se queira, sem depender da opinião alheia, e na estabilidade no meio da turbulenta época de hoje.
A pior conseqüência da vida moderna é a ausência do poder do pensamento profundo; na intensidade da vida febril de uma metrópole, o homem não tem tempo para pensar que a vida interior se vai paralisando, pois a única coisa de que se lembra é que está apressado. Mas a natureza não tem pressa. Demorou milhões de anos para fazer essa insignificante figura que avança rápida pelas ruas; pode bem aguardar ainda a chegada de outros tempos nos quais aquele homenzinho, vivendo uma existência mais tranqüila, com atividades menos agitadas, emerja das desgraças e agonias inflingidas por si próprio e fixe seu olhar na fonte do pensamento divino, que estava enterrada sob a ruidosa superfície de si mesmo e do seu meio ambiente.
Nossos sentidos físicos têm sido nossos amos e senhores; agora já é tempo de que sejamos nós os seus donos. No sagrado barco da alma, navegamos por mares aonde os sentidos corporais não nos podem acompanhar.

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