5.2.11

OS ANTIGOS MISTÉRIOS - PARTE 1/3

Aqueles que eram iniciados nos ANTIGOS MISTÉRIOS faziam juramento solene de jamais revelar o que se havia passado dentro das sagradas paredes. Antes de mais nada, devemos recordar o fato de que todos os anos eram poucos os iniciados nos Mistérios e, por isso, nunca houve número considerável de pessoas conhecedoras dos segredos. Sendo os juramentos cumpridos com toda fidelidade, nenhum escritor de antanho revelou ao público em que consistiam exatamente os Mistérios. Não obstante, as alusões, os comentários de autores clássicos, as frases fortuitas e as inscrições hieroglíficas que foram decifradas, são suficientes para nos permitir dar uma rápida vista d’olhos à natureza dessas obscuras e enigmáticas instituições místicas da antiguidade. Esse relance visual confirma que o propósito dos Mistérios no seu primeiro e imaculado estado, era indubitàvelmente muito elevado; pròpriamente dito, seu objetivo era tríplice: religioso, filosófico e ético.
“Salve tu que experimentaste o que nunca havias experimentado; passaste de homem a deus” – essa era a frase com a qual o iniciado órfico dos graus superiores era despedido no fim da cerimônia.
A quem batia lhe era aberta a porta do Templo dos Mistérios; mas ser admitido já era um outro assunto. Segundo as palavras de Pitágoras, ao excluir da sua Academia de Crotona os postulantes inadaptáveis, “ nem todo material serve para fazer-se um (deus) Mercúrio”.
A primeira etapa da iniciação – aquela que provava sobrevivência – trazia consigo uma terrível e pavorosa experiência, como prelúdio do deleitoso despertar no corpo da alma.
Em algumas iniciações preliminares, mas não em todas, houve tempo em que usavam meios artificiais para fazer crer ao candidato ter ele caído num poço perigoso, ou ter sido tragado por uma maré de ondas impetuosas, ou ser atacado por animais ferozes. Punham-se assim à prova o valor e a coragem do candidato.. Contudo, a prova mais espantosa era aquela em que nos graus adiantados lhe era concedida a clarividência momentânea, para que enfrentasse criaturas aterradoras do inferno.
“A mente no momento da morte é afetada e agitada como na iniciação nos Grandes Mistérios; a primeira etapa é mais do que incertezas, erros, divagações e trevas. Chegando ao limiar da morte e da iniciação, todas as coisas tomam aspecto terrível – tudo é horror, temor e terror. No entanto, ao fim deste espetáculo, a luz maravilhosa e divina se difunde ... e, perfeitos e iniciados são livres; coroados e triunfantes, transitam pela região da bem-aventurança”. Esta passagem procede de uma crônica antiga e foi conservada por Stobaeus, confirmando as experiências de todos os demais iniciados.
Nos antigos papiros encontra-se desenhado um candidato conduzido por Anúbis, deus da cabeça de chacal, mestre dos Mistérios, para a realização dessa prova. Anúbis o faz atravessar o umbral do mundo desconhecido, levando-o à presença de aparições aterradoras.
Os conhecimentos ensinados nestas escolas de iniciação haviam sido transmitidos diretamente da primitiva revelação da Verdade às primeiras civilizações, e deviam ser protegidos para que conservassem sua pureza. Assim, pois, compreende-se porque os segredos foram tão cuidadosamente ocultados e zelosamente preservados dos profanos.
O estado a que era submetido o candidato à iniciação não deve ser confundido com um sono comum; era um estado de transe que libertava seu ser consciente, um sono mágico em que ficava paradoxalmente desperto, lúcido, mas para um outro mundo.
Além do mais, seria um grave erro confundir essa sublime experiência com o manejo mental dos hipnotizadores modernos que mergulham o paciente num estado, cuja condição estranha eles mesmos não entendem; ao passo que os hierofantes dos Mistérios possuíam sabedoria tradicional secreta que lhes permitia exercer seus poderes com pleno conhecimento de causa. Os hipnotizadores extraem a mente subconsciente do paciente sem nada saber das mudanças de condição, enquanto que os hierofantes vigiavam todas as variações com seu poder de percepção. E, sobretudo, o hipnotizador é apenas capaz de elucidar questões relativas ao mundo material e à vida vegetativa, ao passo que os hierofantes penetravam mais fundo e sabiam conduzir a mente do candidato, passo a passo, pela experiência que abrangia os mundos espirituais, processo que não está no poder de nenhum hipnotizador moderno.
Observei todas as classes de fenômenos hipnóticos realizados tanto nos países orientais como nos ocidentais e, ainda que vários deles sejam indubitavelmente maravilhosos, não obstante, todos pertencem à ordem inferior. Não eram processos sagrados. Tinham interesse científico, sem dúvida, porém careciam de valor espiritual genuíno. Embora provando, ao arrancar o homem do abismo grosseiro da matéria, a existência de misteriosas fôrças subconscientes, não podiam leva-lo ao conhecimento consciente da alma como sendo algo vivo, imortal e independente do corpo.
Baseando-me na própria experiência que tive na Pirâmide e no testemunho deixado nos baixo-relevos dos templos, pude reconstruir o misterioso drama do rito mais secreto de Osíris. Esse rito sagrado não era nem mais nem menos do que um processo cuja composição de forças hipnóticas, mágica e espiritual libertava por algumas horas e, às vezes dias, a alma do candidato da servidão da carne para que, quando regressasse à vida, tivesse sempre presente na memória sua transcedental experiência e conseqüentemente ordenasse sua vida. A crença na sobrevivência da alma, era robustecida na convicção pela evidência oriunda do conhecimento pessoal.
O que significava para ele, só podia ser apreciado por aquêles que tivessem passado por experiência similar. Ainda na época de hoje, alguns passam involuntária e inesperadamente por uma Parte dessa experiência. Conheço um caso ocorrido durante a guerra. Um ex-oficial da Fôrça Aérea foi anestesiado para ser submetido à uma intervenção cirúrgica. A droga produziu um efeito muito curioso; insensibilizou-o à dor sem obnubilhar-lhe a consciência. O paciente não adormeceu; pelo contrário, ficou lúcido, flutuando no ar, acima da mesa da operação, e observava tranqüilamente como se estivesse assistindo à operação de um corpo alheio! Este episódio provocou uma mudança radical no seu caráter; materialista que era, converteu-se num crente na existência da alma e, a partir desse momento, viveu com um novo objetivo e esperança.
Quem eram esses hierofantes cujo poder provocava nos homens tão estupenda transformação? Veneráveis guardiões desta elevada escola, forçosamente eram sempre muito poucos; mas em certa época abrangeram todos os Sumo-sacerdotes do Egito como também alguns membros superiores do clero. Conservavam seus conhecimentos no maior segredo e com tanto hermetismo, que nas épocas clássicas e palavra Egito chegou a ser sinônimo de “mistério”. No Museu do Louvre, em Paris, na galeria egípcia, há um sarcófago de Sumo-sacerdote de Mênfis, Ptah-Mer, em cujo epitáfio se lêem as seguintes palavras: “Penetrou nos mistérios de todos os santuários; para ele não havia nada oculto. Cobriu com o véu o que havia visto”. Os hierofantes eram obrigados a manter essa extraordinária reserva, por motivos deles conhecidos. A necessidade de excluir os céticos e zombeteiros dos experimentos tão perigosos para a vida do candidato, torna-se tão evidente, como é óbvio o despropósito de lançar pérolas diante de porcos.Seja como for, é mais provável que nem todos estivessem suficientemente preparados ou dispostos para enfrentar uma experiência dessa envergadura, que lhes poderia provocar a loucura ou mesmo a própria morte; assim os Mistérios tornaram-se um privilégio de poucos. Muitos batiam às portas dos Templos, mas em vão; outros eram submetidos a uma série gradual de provas, que lhes abatia seu valor ou lhes diminuía o anseio de serem iniciados. Nessa forma de seleção natural, mediante processo eliminatório, a iniciação nos Mistérios chegou a ser a instituição mais exclusiva da antiguidade, e os segredos que existiam por trás das suas bem guardadas portas, eram sempre revelados sob o solene juramento de jamais serem divulgados. Todos os homens que passavam por aquelas portas, pertenciam em seguida, definitivamente, à uma sociedade secreta que vivia e trabalhava entre as massas profanas com um objetivo mais elevado e conhecimento mais profundo. “Dizem que aquêles que tinham participado dos Mistérios, tornavam-se mais espirituais, mais justos e melhores em todos os sentidos” – escreveu Diodoro, um visitante da Sicília.
Não eram as iniciações limitadas apenas ao Egito. As mais remotas civilizações herdaram os Mistérios de uma civilização ainda mais antiga, e eram parte da primitiva revelação feita por deuses ao gênero humano. Quase todos os povos de todas as raças, antes da era cristã, possuíam sua instituição e tradição dos Mistérios. Os romanos, os celtas, os druidas da Britânia, os gregos, os cretenses, os sírios, os hindus, os persas, os maias e os índios norte-americanos,, entre outros, tiveram seus templos e correspondentes ritos, com um sistema análogo de iluminação gradual para os iniciados. Aristóteles não hesitou em declarar que ele considerava o bem-estar da Grécia assegurado pelos Mistérios Eleusianos. Sócrates observou que “os que conhecem os Mistérios, asseguravam-se agradabilíssimas esperanças na hora da morte”. Entre os antigos que davam a entender ou confessavam abertamente sua iniciação nos Mistérios, podemos mencionar os nomes de Aristides o orador, Menipo de Babilônia, Sófocles o dramaturgo, Ésquilo o poeta, Sólon o legislador, Cícero, Heráclito de Éfeso, Píndaro e Pitágoras.
Ainda hoje, nos graus superiores de jiu-jitsu, no Japão, graus conhecidos sòmente por alguns, por que envolviam segredos convenientes só a poucos, o candidato tem que seguir um curso de Mistérios espirituais. No momento apropriado, ele é impelido a passar por uma cerimônia de iniciação, em que deve ser “estrangulado” pelo mestre. O ato de “estrangulamento” não requer mais de um minuto, e o discípulo fica deitado no sofá, substancialmente morto. Enquanto permanece nesse estado, seu espírito se desprende do corpo e recebe a experiência do Além. Depois de passar o tempo determinado para a morte, o mestre faz com que ele volte à vida mediante uma prática misteriosa, cujo nome intraduzível é o de “wkappo”. Aquele que volta dessa maravilhosa experiência, é um iniciado. Como também, ainda hoje, os maçons conservam alguns restos dessas instituições, cujas raízes remontam ao Egito. Os membros da maçonaria mencionam Pitágoras como um exemplo desta antiga instituição – sabem eles que ele foi iniciado no Egito? Os que instituíram os graus na maçonaria, adotaram vários dos símbolos significativos dos Mistérios egípcios.

“ESTE É UM ALERTA AOS “umbandistas”.

Que a inevitável corrupção da humanidade tenha produzido a desaparição ou retraimento dos hierofantes genuínos, substituídos por homens não iluminados, causando assim a degeneração dos Mistérios em grosseiras caricaturas daquilo que foram; que homens perversos desejosos de conquistar poderes de magia negra tenham conseguido plenamente seus intuitos apropriando-se dessas instituições no Egito, como em outras parte do mundo; que o que havia sido originalmente uma instituição pura, sagrada, exclusiva e dedicada a conservar viva a chama do conhecimento espiritual, se converteu num instrumento ofensivo e degradante das forças corruptoras, são fatos históricos que levaram à merecida desaparição das jóias mais raras da antiguidade.
Entretanto, se seus segredos pereceram com eles, a sabedoria, que em seus dias mais gloriosos fora outorgada aos homens, está evidenciada pela lista de nomes ilustres que buscaram e acharam, ou aos quais foi oferecida e aceita a sublime experiência da iniciação. (Salve meu amado PAI JOÃO DE BENGUELA).

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