11.12.10

MEDIUNIDADE - PERIGOS ATINENTES ÀS FILIAÇÕES GRUPAIS

MEDIUNIDADE - PERIGOS ATINENTES ÀS FILIAÇÕES GRUPAIS

Esta manhã procurarei ocupar-me, de maneira muito breve, com a questão dos perigos com os quais a mediunidade está envolvida, que incidem sobre as filiações grupais de um homem, quer exotéricas ou esotéricas. Não há muito que possa ser dito neste particular assunto, salvo indicações, que abrirão ao buscador sério da verdade muitas vias do saber. Todo treinamento ocultista tem isso em vista – dar ao estudante algum pensamento-semente que (quando meditado no silêncio do seu próprio coração) produzirá muitos frutos de real valor e que o estudante poderá, então, conscientemente, considerar como seus próprios. Tudo que conseguirmos com luta e esforço árduo permanece nosso para sempre e não se desfaz no esquecimento, como acontece com os pensamentos que entram pelos olhos da página escrita, ou pelos ouvidos, vindos dos lábios de algum instrutor, não importa quão reverenciado.
Algo freqüentemente negligenciado pelo estudante, ao entrar no caminho probatório e iniciar a mediunidade, é que a meta à sua frente não é primordialmente a completação de seu próprio desenvolvimento, mas, sem, o equipar-se para o serviço à humanidade. Seu próprio crescimento e progresso serão necessariamente incidentais, mas não a meta. Seus objetivos no serviço deverão ser o seu ambiente imediato e seus associados mais chegados no plano físico e se, no esforço para alcançar certas qualificações e habilidades, ele descuidar dos grupos aos quais esteja filiado e negligenciar no servir sabiamente e no ocupar-se lealmente a favor deles, corre o perigo da cristalização, cai sob o fascínio do orgulho pecaminoso e, talvez, até mesmo dê os primeiros passos em direção ao caminho da esquerda. A não ser que o crescimento interno possa expressar-se no serviço grupal, o homem trilha uma estrada perigosa.

TRÊS TIPOS DE GRUPOS FILIADOS.

Talvez eu possa dar aqui algumas indicações dos grupos nos vários planos, para os quais um homem esteja designado. Esses grupos são muitos e diversos e, em diferentes períodos na vida de um homem, podem mudar e diferir, conforme ele aja a partir do condicionamento do carma que governa as filiações. Lembremo-nos também de que, à medida que um homem amplia sua capacidade de servir, ele estende o tamanho e o número dos grupos que contata, até alcançar um ponto, em alguma encarnação posterior, em que o mundo mesmo seja a sua esfera de serviço e a multidão, aqueles a quem ele ajuda. Terá de servir de maneira tríplice, antes que lhe seja permitido mudar sua linha de ação e transferir-se para outro trabalho.

a) Serve primeiro através da atividade, pela aplicação de sua inteligência, usando as altas faculdades da mente e o produto de seu gênio para ajudar os filhos dos homens. Constrói, gradualmente, grandes poderes do intelecto e, na construção, vence a armadilha do orgulho. Ele toma, então, sua ativa inteligência e a deposita aos pés da humanidade, dando o melhor de si em benefício da raça.
b) Serve através do amor, tornando-se, com o transcorrer do tempo, um dos salvadores de homens, vivendo sua vida e dando tudo de si pelo perfeito amor de seus irmãos. Chega, então, uma vida em que o extremo sacrifício é feito e, por amor, ele morre para que outros possam viver.
c) Serve, então, através do poder. Provado na fornalha para não ter pensamentos senão o bem de tudo ao redor, é-lhe confiado o poder que segue ao amor ativo, inteligentemente aplicado. Ele trabalha com a lei e curva toda sua vontade para fazer o poder da lei sentido no tríplice reino da morte.

Nesses três ramos de serviço, percebereis que a faculdade de trabalhar com grupos é de suprema importância. Esses grupos são diversificados, como já disse antes, e variam nos diferentes planos. Enumeremo-los rapidamente:

1 – No plano físico. Serão encontrados os seguintes grupos:

a) Seu grupo familiar, ao qual está habitualmente filiado, por duas razões: uma, para exaurir o carma e reparar seus débitos; a segunda, para receber um certo tipo de veículo físico que o Ego precisa para expressão adequada.
b) Seus associados e amigos; as pessoas que seu ambiente força ao contato, seus associados nos negócios, suas ligações na igreja, seus conhecidos e amigos casuais, e as pessoas com quem se relaciona por um breve período e não mais as vê. Seu trabalho com esses é, novamente, duplo; primeiro, reparar uma dívida, caso tenha ocorrido; segundo, testar seus poderes para influenciar para o bem aqueles que o cercam, reconhecer a responsabilidade e dirigir ou ajudar. Ao fazer isso, os Guias da raça averiguam as ações e reações de um homem, sua capacidade para o serviço e sua resposta a qualquer necessidade circundante.
c) Seu grupo associados de servidores, o grupo sob algum Grande Ser que esteja definidamente unido para um trabalho de natureza ocultista ou espiritual. Poderá ser um grupo de trabalhadores da igreja entre os ortodoxos (os principiantes são aí testados); poderá ser no trabalho social, tal como nos movimentos trabalhistas, ou na arena política: ou, talvez, em movimentos mundiais, mais definidamente pioneiros, como a Sociedade Teosófica, o movimento da Ciência Cristã, os trabalhadores do Novo Pensamento e os Espíritas.

Assim, no plano físico, há três grupos aos quais um homem pertence. Ele tem uma obrigação para com eles e tem que cumprir sua parte. Agora, por onde poderia o perigo penetrar através da mediunidade? Simplesmente nisto: enquanto o carma de um homem o prende a algum grupo em particular, o que ele deverá visar será desempenhar sua parte com perfeição, para que possa sair-se bem da obrigação cármica e avançar em direção à libertação definitiva; além disso, deve ele levar seu grupo consigo, adiante, a maiores alturas e proveito. Por essa razão, se pela mediunidade inadequada ele negligenciar sua própria obrigação, retardará o propósito de sua vida e, numa outra encarnação, terá de cumpri-la. Se ele construir no corpo causal daquele grupo (o produto total de diversas linhas) algo que não tenha aí seu lugar apropriado, obstrui em vez de ajudar e, novamente, isso encerra perigo. Ilustrarei, pois a clareza é necessária: um estudante está filiado a um grupo que tem uma superpreponderância de devotos, e ele entrou com o propósito expresso de equilibrar aquela qualidade com um outro fator: o do sábio discernimento e do equilíbrio mental. Se ele se permitir vencido pelo pensamento-forma do grupo e tornar-se um devoto, seguindo uma mediunidade devocional e omitindo-se insensatamente de equilibrar o corpo causal daquele grupo, correrá o perigo de ferir, não só a si mesmo, mas ao grupo ao qual ele pertença.

2 – No plano emocional. Aqui ele pertence a diversos grupos, tais como:

a) O grupo familiar do seu plano emocional, que é mais inteiramente seu próprio grupo do que a família na qual aconteça ter nascido no plano físico. Vereis isso demonstrado muitas vezes na vida, quando membros de uma mesma família do plano emocional entram em contato no plano físico. Sobrevém um reconhecimento instantâneo.

b) A classe, na Câmara do Conhecimento, à qual esteja designado e onde recebe muita instrução.

c) O grupo de Auxiliares Invisíveis com os quais possa estar trabalhando, e o grupo dos Servidores.

Todos esses grupos implicam obrigação e trabalho, e tudo deve ser permitido no estudo do sábio uso da mediunidade. A mediunidade deverá aumentar a capacidade de um homem para saldar seus débitos cármicos, produzindo visão clara, julgamento acertado e uma compreensão do trabalho do momento seguinte. Qualquer coisa que milite contra isto é perigoso.

3 – No plano mental. Os grupos aí encontrados podem ser enumerados da maneira seguinte:

a) Os grupos de estudantes de algum Mestre, a Quem ele possa estar ligado, e com Quem possa estar trabalhando. Esse, geralmente, somente é o caso, quando o homem esteja rapidamente saldando seu carma e se aproxime da entrada do Caminho, por isso, deverá estar diretamente sob a orientação de seu Mestre, e qualquer formula seguida que não se ajuste às necessidades de um homem traz consigo elementos de perigo, pois as vibrações alojadas no plano mental e as forças aí engendradas são bem mais potentes do que nos planos inferiores.
b) O grupo egóico ao qual pertence. Isto é deveras importante, porque envolve a consideração do raio a que pertence.

Almejamos o desenvolvimento dos pensadores e dos homens de clara visão, capazes de raciocínio lógico. Para fazer isso, ensinamos os homens a progredirem por si mesmos, a terem seus próprios pensamentos, a julgarem seus próprios problemas e a construírem seu próprio caráter. Tal é o caminho.

3 agosto de 1920.

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