9.12.10

CAVALEIRO DA LUZ - CAVALEIRO DAS TREVAS

- Espanta-se com o número de soldados que comando, Cavaleiro da Luz?
- Meu Deus! Você tem o maior exército que já vi em minha existência como ser humano.
- Ainda não estão todos à sua vista. Milhares estão espalhados no meio em missão de execução da lei, e outro tanto espalhados nos sete círculos descendentes. De vez em quando, até os mais temíveis entes das trevas tremem de medo dos meus cavaleiros.
- Por quê?
- São mandados para executar ordens. Então são lançados no novo círculo descendente.
- E o que lhes acontece?
- O que aconteceria se você conseguisse superar o sétimo círculo ascendente?
- Sobre isso nada sei. Mas imagino que, ou seria absorvido pelo Senhor da Luz, ou enviado para regiões do Universo que nem imagino como sejam.
- Daí se deduz o quê?
- Que estes que vocês capturam e enviam ao novo círculo estão superando o próprio regente das trevas em malvadezas, não?
- Você usa um termo brando demais, Cavaleiro da Luz. Agora abra sua armadura, irmão.
- Para quê?
- Faça o que eu lhe peço, depois eu explico. Olhe no meu peito e entenderá tudo.
E o comandante abriu seu manto negro. No seu peito havia uma estrela de cinco pontas invertida. Era rubra. Parecia ser de ferro incandescente. Ele se ergueu sobre a montaria e levantou o alfanje. Dele saiu uma vibração horrível e raios que vinham dos céus se descarregavam ao seu contato. Todos embaixo o saudaram de forma infernal: brandiam suas armas em sinal de aclamação ao líder inconteste.
Eu abri minha armadura prateada e também me levantei sobre a montaria negra que usava. A estrela em meu peito brilhava intensamente. Desembainhei minha espada encantada e elevei-a acima de minha cabeça. Seus símbolos adquiriram vida e de cada um saiu um tipo de energia fantástica. Os elementos se agitaram no contato com ela. Lentamente, minha estrela projetava sua luz à distância. Olhei para o alto e vi que um raio de lua vinha do infinito e cobria minha cabeça.
No vale a nossos pés, o silêncio era total. Quando vi que já tinha mostrado o poder de minha espada, guardei-a novamente e, sentando-me na montaria, fechei minha armadura. Nós formávamos uma dupla indescritível. Ele com sua longa capa negra e eu com a minha, bem mais curta e vermelha, agitando-se ao vento.
- Levante sua mão direita, irmão da Luz – ordenou-me ele.
Eu levantei e acenei para eles lá embaixo. Um clamor maior que o anterior se fez ouvir.
- Por que isso, irmão nas trevas?
- Eu sempre disse a eles que possuía um irmão na Luz, e também que um dia lhes provaria isso. Se um dia estiver no meio ou embaixo e vir algum cavaleiro das trevas, não lute com ele. Use-o à vontade porque ele sabe, a partir de hoje, que você é como eu na Luz, e eu sou como você nas trevas.
- Por que isso?
- Não vou permitir que você caia nas trevas da ignorância por ignorância. Somos iguais na origem, mas diferentes no modo de servir ao nosso ancestral místico. Temos de ser assim, meu irmão, um na Luz e o outro nas Trevas.
- Por que tem de ser assim?
- Dois iguais não podem habitar no mesmo lado ao mesmo tempo. E como eu não vou deixar de servir ao nosso ancestral místico nas trevas da ignorância, procure servi-lo na luz do saber, senão um de nós dois sucumbirá ante o outro porque somos iguais na origem!
- Procurarei lembrar disso, meu irmão!
- Caso eu perceba que você está se esquecendo, darei um jeito para que se lembre.
- Como?
- De que forma você atua?
- No amor.
- Eu só atuo na dor. Quando você se esquecer de tudo o que lhe disse hoje, a dor o lembrará a que lado você pertence e ela o reconduzirá ao seu caminho original.
- Um dia eu conheci um guerreiro frio, hoje reencontro um sábio amadurecido pelo tempo. Quando você se libertar da lei da reencarnação também terá tempo para amadurecer, irmão na Luz.

Do Livro O Cavaleiro da Estrela Guia – Rubens Saraceni.

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