7.9.11

CONFÚCIO - CHU HSI

Do mesmo modo que no século 8º na Índia, Shankara reduziu a sistema as desligadas visões dos Upanishads e fez do Vedanta a filosofia suprema; e como no século 13º, na Europa, Aquino iria tecer Aristóteles e São Paulo na vitoriosa filosofia escolástica; assim, na China do 12º século, Chu Hsi tomou os soltos apotegmas de Confúcio e construiu um sistema filosófico bastante ordenado para satisfazer o gosto duma idade erudita e bastante forte para preservar por sete séculos a liderança dos confucianos na vida política e intelectual dos chineses.
A principal controvérsia filosófica do tempo se concentrava na interpretação duma passagem do Grande Ensino atribuída a Confúcio. Que significava que a ordem do Estado fosse baseada na boa ordem da família, e a boa ordem da família fosse baseada na boa ordem do indivíduo, e que esta dependesse da sinceridade do pensamento, e este da extensão do conhecimento por “meio da investigação das coisas.
Chu Hsi afirmava que a significação era a literal; que a filosofia, a moral e o estadismo devem começar com o modesto estudo das realidades. Aceitava sem protesto a positivista tendência do Mestre; e embora laborasse nos problemas da ontologia mais do que o aconselhado por Confúcio, chegou a uma estranha combinação de ateísmo e piedade, que podia ter interessado o sábio de Xantum. Como o Livro de Mudanças, que sempre dominou a metafísica dos chineses, Chu Hsi reconheceu um certo dualismo na realidade: por toda parte o Yang e o Yin – atividade e passividade, movimento e repouso – misturados como o principio macho e fêmea, e operando com os cinco elementos, água, fogo, terra, metal e madeira, para produzir os fenômenos da criação; e por toda parte Li e Chi – Lei e Matéria – igualmente externas e cooperantes no dar forma e governar todas as coisas. Ma acima de todas estas formas, e a combiná-las, estava T¨ai chi, o Absoluto, a impessoal Lei das Leis, ou a estrutura do mundo, Chi Hsi identificou este Absoluto com o T¨ien, ou o Céu do Confucionismo ortodoxo; Deus, portanto, é um processo racional sem personalidade ou forma representável. “ A Natureza nada mais é do que a Lei.”
Esta lei do universo, disse Chu, é também a lei moral e política. Moralidade quer dizer harmonia com as leis da natureza, e o alto estadismo é a aplicação das leis da moralidade à conduta do Estado. A natureza em última análise é boa, como também o é a natureza do homem; seguir a natureza é o segredo da sabedoria e da paz.

História da Civilização – Vol. 3 – Will Durant

Nenhum comentário:

Postar um comentário