4.4.11

KAMALOKA - PARTE 4/5

Passemos a uma região menos sombria. A segunda subdivisão do mundo astral pode ser considerada como a reprodução astral do mundo físico. Com efeito, a matéria desta região predomina na composição não só do corpo astral dos objetos materiais, como também na maioria dos homens. Nenhuma refião do astral está mais estreitamente ligada ao mundo físico. A maior parte dos “mortos” demoram aqui durante certo tempo, e em grande numero estão aí conscientemente despertados. Não tiveram outras preocupações senão pelas mesquinharias e trivialidades da existência, somente se interessaram por bagatelas: muitos se deixaram dominar por sua natureza inferior e morreram com apetites ainda vivos, desejosos de gozos físicos. Como foi este o emprego essencial que deram às suas energias vitais, construíram seu corpo astral com materiais que facilmente respondem aos contatos físicos. Depois da morte este corpo astral os mantem na vizinhança dos objetos terrestres. Estas pessoas são, na sua maioria, descontentes, ambiciosos, irriquietos, variando seus sofrimentos conforme a intensidade dos desejos que não podem satisfazer. Alguns sofrem, de fato, uma angustia real e ficam retidos muito tempo antes de esgotarem suas concupiscências terrestres. Inúmeros são os que prolongam inutilmente sua estadia procurando comunicar com a terra, para levarem a ela os seus interesses por intermédio dos médiuns, que lhes emprestam um corpo físico, suprindo assim a perda do deles.
Desta região provém em geral a banal tagarelice, muito conhecida dos que freqüentam sessões espíritas publicas – palavreado de porteiro e moralidade pouco exigente – elementos femininos na maior parte. Estas almas presas à terra são geralmente de fraca inteligência e suas comunicações não têm mais interêsse (para quem já está convicto da existência da alma após a morte) do que tinha a sua conversação na terra.
De resto, como aqui em baixo, estes infelizes são tanto mais afirmativos quanto mais ignorantes e impõem aos seus fiéis, como última concepção do mundo invisível, o conhecimento limitado que eles mesmos possuem dele. Depois da morte como antes:

“Eles confundem o ruído de sua aldeia
Com os grandes rumores do Universo.”

É ainda desta região que as pessoas mortas com alguma preocupação procuram, muitas vezes, comunicar com seus amigos afim de regularem o negocio terrestre que os preocupa. Se não conseguem ser vistos ou transmitir seus desejos a algum amigo sob a forma de sonho, poderão ocasionar muitas contrariedades por pancadas ou outros barulhos destinados a atraírem a atenção ou inconscientemente provocados por impacientes esforços. Neste caso, uma pessoa competente fará um ato de caridade comunicando-se com a entidade angustiada para saber o que ela deseja. Esta intervenção bastará, às vezes, para livra-la da inquietação que a impedia de prosseguir no seu caminho.
Nesta região a alma está sujeita a ter a sua atenção desviada para a terra com grande facilidade, embora ela seja espontaneamente levada a isso.
Este mau serviço é quase sempre feito pelas lamentações apaixonadas, e pelo ardente desejo dos amigos que deixou na terra. As formas-pensamentos, geradas por estes sentimentos, se juntam em torno da alma e conseguem muitas vezes desperta-la do seu sono pacífico. Outras vezes, quando ela é consciente, a sua atenção é violentamente atraída para a terra, donde devia afastar-se. É no primeiro caso, sobretudo, que este egoísmo inconsciente dos amigos que ficam, faz aos mortos amados tanto mal, que estes mesmos amigos seriam os primeiros a lamentar, se pudessem ter consciência do fato.
Talvez a compreensão destes sofrimentos, produzidos sem necessidade, sobre os que deixaram a terra, leve alguns a reconhecer a autoridade dos preceitos religiosos que ordenam a submissão à lei divina e a reprimir uma dor excessiva e revoltada.
A terceira e quarta regiões do Kamaloka diferem pouco da segunda e poderiam considerar-se quase como reproduções etéreas dela. A quarta é mais sutil que a terceira, mas as características gerais das três regiões permanecem as mesmas. Encontramos aqui almas de um tipo um pouco mais elevada; embora estejam presas pelo invólucro formado pela atividade de seus interesses terrestres, a sua atenção dirige-se geralmente para a frente, e não para trás.
Desde que não sejam forçadas a lembrarem-se da terra, passam a outros planos, sem demora. No entanto, permanecem ainda acessíveis às impressões terrestres, e o interesse cada vez mais fraco que tomam pelos negócios deste mundo pode ser despertado pelos clamores daqui. Um grande numero de pessoas instruídas e refletidas que, não obstante, se deixaram absorver pelos cuidados mundanos, ficam perfeitamente conscientes neste planos. Podem ser levadas a comunicarem-se por intermédio de médiuns, mas é raro que procurem por si mesmas tal comunicação. Suas palavras têm valor um pouco mais alto que as provenientes da segunda região. Entretanto, não oferecem mais interesse que a conversação delas mesmas em vida. Não é pois do Kamaloka que procede a iluminação espiritual.provenientes da segunda região. Entretanto, não oferecem mais interesse que a conversação delas mesma em vida. Não é pois do Kamaloka que procede a iluminação espiritual.

Continua.

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