25.4.12

UMBANDA ESOTÉRICA - MAÇONARIA ESOTÉRICA - CRISTIANISMO ESOTÉRICO


S. CLEMENTE DE ALEXANDRIA

“Não temos a pretensão, continua Clemente, de explicar suficientemente as coisas secretas, mas ùnicamente recordá-las para que algumas não nos escapem, ou para não perdê-las de todo. Muitas delas eu o sei muito bem, desapareceram há muito tempo, sem terem sido referidas por escrito. Há, portanto, coisas das quais não conservamos a lembrança, pois o poder dos bem-aventurados era grande.”

Os discípulos dos Grandes Sêres passam quase sempre por esta experiência, em que a presença do Mestre estimula e chama à atividade faculdades normalmente ainda latentes, as quais, sozinho, o discípulo não poderia despertar.

“Certos pontos que ficaram muito tempo sem serem notados por escrito foram esquecidos por completo; outros despareceram, porque a inteligência lhes perdeu os traços, pois as pessoas sem experiência não os podem fàcilmente reter; estes pontos eu os ponho em foco nos meus comentários. Eu omito certas coisas propositalmente, exercendo assim uma prudente seleção, temendo confiar à escritura o que receio exprimir de viva voz. Não faço isto por ciúme, pois seria um sentimento mau, mas por temer ver meus leitores interpretá-los de uma forma inexata e claudicar; segundo o provérbio, seria dar uma espada a uma criança. Porque seria impossível que as matérias tratadas por escrito não se divulgassem. Mas embora caíssem no domínio público (a escritura sendo sempre o modo de transmissão) elas dão ao investigador respostas mais profundas que as palavras escritas. Elas exigem, com efeito, o auxílio de alguém, seja o autor, seja uma pessoa que tenha seguido seus passos. Mostrarei certos pontos de uma maneira velada; insistirei sobre outros, e muitos não serão mencionados. Eu me esforçarei por falar imperceptìvelmente, mostrando secretamente e procedendo por demonstração silenciosa”.

Este trecho bastaria, só ele, para provar a existência, na Igreja Primitiva, de um ensinamento secreto. Mas ainda há outros. No Capítulo XII do mesmo livro, intitulado “Os Mistérios da Fé que não devem ser comunicados a todos”, Clemente declara que “é necessário lançar o véu do Mistério sobre os ensinos orais dados pelo Filho de Deus”, porque seu trabalho poderia cair sob os olhos de pessoas destituídas de sabedoria.

Quem fala deve ter os lábios puros, e quem escuta, um coração atento e puro. “Eis porque me seria difícil escrever. Ainda hoje, eu receio, como foi dito, lançar pérolas aos porcos, com medo que eles pisem com os pés e que, voltando-se, nos despedacem. Porque é difícil falar da verdadeira luz, em termos absolutamente claros, a ouvintes de natureza suína e indisciplinada. Nada, no mundo, pareceria mais ridículo à multidão, mas, ao mesmo tempo, nada mais admirável nem mais inspirado para as almas nobres. Os sábios não abrem absolutamente a boca sobre o que se diz na sua assembleia. Mas o Senhor ordenou proclamar de cima das casas o que foi dito nos ouvidos, prescrevendo a seus discípulos receberem as tradições secretas da verdadeira sabedoria, para depois as interpretar elevada e abertamente. Nós devemos, portanto, transmitir às pessoas que são dignas o que nos foi dito no ouvido, sem, entretanto, comunicar a quantos apareçam o sentido das parábolas. Nestas notas, apenas se encontrará um esboço; as verdades estão aí semeadas, mas de forma que escapam aos que amontoam as sementes como as gralhas; as sementes, encontrando um bom cultivador, germinarão, produzindo o trigo.”

Clemente poderia ter acrescentado que, proclamar de cima das casas significa interpretar na assembleia dos Perfeitos ou Iniciados, e nunca gritar a verdade aos transeuntes. Êle diz adiante: “As pessoas ainda cegas e surdas, que não possuem o entendimento nem visão penetrante, faculdades da alma contemplativa... não poderiam fazer parte do coração divino. Eis porque, fiéis ao método secreto, os egípcios chamavam adyta e os hebreus o lugar velado à Palavra verdadeiramente sagrada e divina e muito necessária aos homens, depositada no santuário da verdade. Sòmente as pessoas consagradas... aí tinham acesso. O próprio Platão achava não ser legítimo que os impuros tocassem os puros. As profecias e os oráculos eram, pois, pronunciados sob uma forma enigmática. Quanto aos Mistérios, não eram desvendados s qualquer pessoa, mas sòmente depois de certas purificações e um ensino preparatório.”

Clemente estende-se, em seguida, longamente sobre os símbolos pitagóricos, hebreus e egípcios, e faz observar que as pessoas ignorantes e sem instrução são incapazes de lhes alcançar o sentido.

“Mas o gnóstico compreende. Não convém, portanto, que tudo seja indistintamente mostrado a todos, nem que os benefícios da sabedoria sejam concedidos a homens cuja alma jamais, mesmo em sonho, foi purificada (porque não é permitidos entregar ao primeiro que aparece o que foi adquirido ao preço de tão laboriosos esforços); Os Mistérios da palavra não devem ser explicados aos profanos.”

PS.: No Templo de Pai João de Benguela eram distintos os trabalhos práticos da Umbanda para a caridade, e os ensinamentos esotéricos que eram transmitidos na Loja Maçônica.



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