29.8.12

SEMENTES DE LUZ



                 Quer no infinitamente grande como no infinitamente pequeno vibram todas as expressões da vida, imersas na luz de uma potência divina e na tremenda obscuridade de ignotas e incognoscíveis manifestações. Elas permeiam espaços imensos e mínimos, ambos impenetráveis e imponderáveis por suas dimensões à indagação humana.
***
                O ser tem origem no infinito, sustentado na matéria, onde cria e realiza o ciclo kármico, para retornar depois ao infinito.
                A vida material, para o ser, é realidade concreta mas efêmera na variedade das formas.
                O infinito é a realidade abstrata mas eterna.
***
                Tarefa do espírito é adquirir no trabalho da matéria as expressões de sabedoria, com a educação da sensibilidade e o desenvolvimento da virtude que é o estimulo de todas as grandezas da centelha divina.
***
                Não é o corpo que sofre ou goza sob o estímulo da alegria ou da dor, porque ele é apenas matéria inerte. É o espírito que, de acordo com a sua sensibilidade, percebe mais ou menos intensamente a repercussão do estímulo.
                Se fosse a matéria que experimentasse tais sensações, ela as sentiria sempre: mesmo no estágio de formação antes do nascimento e no de decomposição depois da morte. E nesse caso, qual seria o tormento do corpo ao sentir-se desagregar, instante por instante, molécula por molécula, na decomposição total das suas substâncias.
***
                Que é o corpo ?
                Uma realidade concreta que se tornará abstrata.
                Que é o espírito ?
                Um nada abstrato que é uma realidade concreta.
***
                O infinito é o símbolo abstrato da eternidade do espaço real e concreto.
                Os astros são as centelhas absurdamente concretas de uma abstrata e fugidia vida.

                Em cada expressão da vida poderás encontrar oculta a semente da felicidade; mesmo na dor, se nela procurares o sentido do divino superamento.
***
                O que faz o homem sofrer é o medo da dor, a angústia de perder o que ama e receber o que não deseja.
                Não é o Sol que amadurece os frutos, mas a água, isto é, a tempestade.
                O Sol os secaria se a água não alimentasse a linfa.
                A vida é o sonho do espírito, no qual ele vive a mais absurda experiência.
***
                O homem é senhor apenas do presente porque o passado não mais lhe pertence e o futuro lhe é desconhecido.
                Mas é no fugidio instante daquele presente que ele recolhe os frutos do passado e lança a semente para o futuro.
***
                O mal não é uma força contrária a Deus mas um peso na balança do Karma humana.
***
                O Karma da vida é a cruz do espírito. A consciência de carregá-la é a síntese da elevação.
***
                Infinito no tempo e no espaço é o destino dos homens. A sabedoria humana pode aconselhar o caminho mais breve para conseguir a evolução divina.
                O espírito, pólen radioso da vida, é a essência prodigiosa do eterno existir, a energia inefável da criação que tira do contraste da vida a razão da sua vitória.
                Na sua divina realidade ele é o triunfador da morte, porque é a semente imperecível do eterno renascimento.
***
                Ambicionar o triunfo humano é ambicionar a posse de cousas efêmeras, é constranger a mente e o coração a nutrir-se de ideias e de paixões elementares.
                É pecaminoso conclamar fantasias de progresso se estas fantasias são destinadas a suscitar, nas multidões inconscientes, paixões de ódio e miragens de bens contra a natureza e contra a moral.
                As ideias de progresso são como o tóxico que é benéfico ou maléfico segundo a mistura e as circunstâncias em que é usado.
                O progresso, todavia, é sempre eficazmente servido pelo ato humano da piedade espontânea, mais do que pelo declamatório gesticular do heroísmo inspirado por interesses das partes. A humildade e a piedade, em qualquer circunstancia, são sempre garantia de verdadeira grandeza, porque são a expressão do espírito libertado.
***
                Afrontar a luta da vida é um grande esforço; imenso é o superá-la objetivando um ideal.
                O primeiro é a missão do espírito na matéria; o segundo é a missão do espírito na obra divina.
                Os vícios se opõem às virtudes que brotam no espírito. A vitória das virtudes, resultante do choque de sentimentos às vezes violento como um furacão, não é senão momentânea, mesmo quando represente um superamento.
***
                Apoteose, suprema conquista de perfeições humanas, não pode ser alcançada senão quando no ser se contrastam ideias e se combatem lutas.
                Viver é muito mais difícil que morrer, como criar é muito mais árduo que destruir.
                Para viver é necessário harmonizar com tudo as próprias ações, se não quiser incorrer em uma vida de tormento nas trevas da incompreensão. 
***
                Na vida tem mais valor dar do que receber; contudo, quer no dar ou no receber é necessário manter o justo equilíbrio para não criar desarmonia.
                Quem aceita a orientação daquele que julga mais forte e mais iluminado do que ele não amesquinha a própria personalidade, mas ao contrário a exalta fazendo próprias as virtudes de outrem.
                A verdade não tem necessidade de sutilezas e de estetismos dialéticos.
                Unicamente os desassisados consideram essencial ao seu vão falar a árida linguagem do sofisma.
                A verdade se exprime com a simplicidade dos meios com que se manifestam as leis naturais, e desabrocha como intuição no espírito despido de todo egoísmo.
***
                A árida ascensão que o espírito percorre pelos caminhos da bondade e da virtude, embora sendo uma titânica fadiga, dá, com o sacrifício, a alegria de atingir o cume da sabedoria.
                A bondade é a virtude que mais exprime a natureza divina no homem.
                Cada qual acredita possuí-la no coração mas bem poucos a professam.
                Ela é, por excelência, a virtude do sacrifício e da renúncia em proveito de outrem.
                A verdadeira bondade é como a violeta que desabrocha na alma humana sem ostentação mas com a segura consciência do dever a cumprir no silêncio austero da própria dignidade.
***
                Para ter é necessário dar; para merecer é necessário sofrer.
                O sofrimento é o alimento da alma quando se possui a força de transmudar em alegria a dor.
                Somente na paz da consciência, não mais atormentada pelas tempestades da vida, o espírito divisa a luz da sabedoria.
***
                O amor é o poema que Deus doa aos puros espíritos.
***
                O homem grava com as suas obras o próprio destino humano; e o divino com as suas ações.
***
                É ùnicamente força de justiça a que nos impele a sofrer a luta do Bem e do Mal para oferecer-nos a possibilidade de evoluir, dando-nos com a vida o ligame que une, com as suas fases alternadas, o mundo terreno e o sobrehumano.
                Oferecei a todos o pão do vosso amor, porque somente assim podereis dominar homens e acontecimentos.
                Não é com o temor nem com a imposição que Deus impera no infinito.
***
                Mostrar-se humilde diante dos humildes significa haver atingido o máximo da grandeza.
***
                O orgulho é o sentimento mais difícil de interpretar.
                Orgulho é o sentimento de quem, julgando-se superior, cobiça dominar.
                Mas orgulho é também a satisfação de haver realizado uma boa ação, de haver levado a termo uma árdua tarefa, de haver superado uma dura prova.
                São Francisco era orgulhoso da sua humildade e dos sofrimentos suportados com perfeita alegria. São Paulo era orgulhoso unicamente da Cruz de Cristo que ele apregoava aos povos.
***
                Na eternidade dos séculos a vida é um sorvo amargo para o espírito que sabe não estar comprimido, um voo de luz para quem ama e persegue um ideal excelso que o exalta acima da felicidade humana.
***
                O ritmo da vida mede a respiração do tempo; o sopro do espírito representa a fôrça de Deus.
                Um e outro assumem, em suas fases, a crise da morte, a sublimação da dor e a apoteose do sêr.
***
                Judas não traiu Cristo e o homem não O crucificou, porque Êle, sendo o Filho de Deus, não podia ser nem traído nem crucificado.
***
                A fé é a luz de cada religião, a vida do espírito, o bálsamo de cada mal e o conforto de cada dor.
***
                O que representam a eternidade e a infinidade ?
                A eternidade é o infinito do tempo; a infinidade é a eternidade do espaço.
***
                O corpo e o espírito podem ser concebidos como dois ciclos diversos: um, ciclo-espaço; o outro, ciclo-eterno.
***
                O conceito de infinito encerra uma multiplicidade de espaços que, por sua vez, medem o eterno.
                A vida é um tecido de alegrias e de dores.
                A alegria é o sol da existência; a dor a sua sombra.
                Para elevar-se é necessário estabelecer uma harmonia, superando a dor, e encontrar também nela a alegria.
***
                Se fixasse o teu olhar no sol, na luz, a sombra por lei humana e divina ficará atrás de ti.
                Se colocares a sombra das tuas penas e das tuas dores atrás de ti superando-as, olhando à tua frente verás somente a luz, a alegria e a felicidade.
***
                Ninguém pode dizer ao bicho da seda que não seja uma borboleta. Todos os homens são criaturas de Deus e, como o bicho, susceptíveis de evolução.
                O universo não é senão um complexo de energias espirituais, uma parte infinitesimal do todo no qual inúmeros astros constituem outras tantas etapas da evolução do espírito.
***
                As obras imortais ficam no tempo para testemunhar as etapas da civilização e o gênio dos homens; a fé e a vontade são as grandes obras que esculpem o destino universal.
***
                A Grande Lei decreta: das ruínas da morte, Deus cria novas formas e plasma a vida; da tempestade da vida cria a morte e plasma a consciência.
***
                Eu te abençoo e te digo: vai, a estrada da felicidade é sòmente dos fortes e dos voluntariosos prontos a tirar conforto mesmo da dor que, ao longo da estrada do destino, provarão ao deixar os farrapos da sua alma aderentes às sarças da vida.

Ergos

               




               
               


               



25.8.12

DIVERSIDADE ENTRE OS HOMENS



 Verás que os males que devoram os homens
São frutos escolhidos por infelizes
Que procuram os bens que eles têm consigo.

Em vez de enfraquecer o sentimento de fraternidade e solidariedade humanas, essa doutrina fortifica-o. Há entre os homens uma diversidade proveniente da essência primitiva dos indivíduos. Uma outra diversidade provém do grau de evolução que eles atingiram. Assim, os homens podem situar-se em quatro classes, que compreendem todas as subdivisões e todas as nuances.
1.       Na maioria dos homens, a vontade age sobretudo no corpo. São os instintivos. Prestam-se não somente aos trabalhos corporais mas ainda ao exercício e ao desenvolvimento da inteligência no mundo físico, por conseguinte servindo para o comércio e para a indústria.
2.       No segundo grau do desenvolvimento humano, a vontade e, consequentemente, a consciência reside na alma, ou seja, na sensibilidade reativada pela inteligência, que constitui o entendimento. São os anímicos ou os passionais. Segundo o temperamento, serão guerreiros, artistas ou poetas. A grande maioria dos literatos e dos cientistas são desta espécie. Vivem pelas ideias relativas, modificadas pelas paixões ou circunscritas em um horizonte limitado, sem se elevarem até à Ideia pura e à Universalidade.
3.       Em uma terceira classe de homens, muito mais raros, a vontade age, principalmente, soberanamente, no intelecto puro. Trata de desligar a inteligência da tirania das paixões e dos limites da matéria, o que confere a todas as suas concepções, um caráter de universalidade. São os intelectuais. Esses homens dão os heróis mártires da pátria, os poetas de primeira ordem, os verdadeiros filósofos, os sábios, aqueles que, segundo Pitágoras e Platão, deveriam governar a humanidade. Neles, a paixão não se extinguiu, pois sem ela nada se faz. No mundo, a paixão é como o fogo e a eletricidade. Mas nele, a paixão torna-se a serva da inteligência. Na categoria anterior, a inteligência é, na maioria das vezes, serva das paixões.
4.       O mais alto ideal humano é realizado por uma quarta classe de homens. Neles, a realeza da inteligência sobre a alma e sobre o instinto foi acrescentado da realeza da vontade sobre todo o ser. Pelo domínio e pela posse de todas as demais faculdades, eles exercem o grande poderio. Realizaram a unidade na trindade humana. Graças a esta concentração maravilhosa, que reúne todas as potencialidades da vida, a vontade deles, projetando-se nos outros, adquire força quase ilimitada, uma magia irradiante e criadora. Na história, esses homens receberam diversos nomes. São os homens primordiais, os adeptos, os grandes iniciados, gênios sublimes, que se podem contar no decurso da história. A Providência semeia-os no tempo, com longos intervalos, como os astros no firmamento.
É evidente que esta última categoria escapa a qualquer regra, a qualquer classificação. É apenas exterior, inorgânica à constituição da sociedade que não considera as três categorias, não proporcionando a cada uma delas sua função normal e os meios necessários ao seu desenvolvimento.

- Esta classificação corresponde aos quatro graus da iniciação pitagórica. Ela fundamenta todas as iniciações, inclusive a dos primitivos maçons. Estes possuíam alguns rudimentos da doutrina esotérica.

23.8.12

LUZ E MICKAEL - A GENESIS OCULTA - Parte 3/3



                O Onipotente Esplendor do Pai ordenou: - “Que a evolução dure tanto quanto um Meu respirar” – e no insondável seio dos abismos cósmicos, pela emanação de Sua Vontade, criaram-se as condições necessárias à execução da Sua Ordem.
                Partindo do Infinito Centro Divino, em vibrações sempre mais vastas, que, irradiando de todos os lados e regiões, se ampliavam para atingir o término da expiração Paterna, o Movimento Criador estabeleceu as trajetórias que foram percorridas pelas esferas luminosas. A luz que fora o ornamento precioso tornou-se energia, encontrando-se em os núcleos que a massa gasosa envolvia.
                Os invólucros desses núcleos evoluíram por milênios, ao longo das trajetórias infinitas, na preparação do que deveria ser o principio das futuras sedes das almas culpadas.
                Depois, cada um, pela expressão da Potencia que não tem limites à Sua Fôrça, pelo equilíbrio da criação, explodiu, formando o universo.
                Na lei que os movia, os compactos gasosos dos planetas e dos satélites começaram a evoluir em torno do núcleo central da massa energética, futuro sol de cada universo, uniformizando-se cada vez mais com a lei da transformação ...  O alfa e o Omega da vida se haviam iniciado ...
                Milênios transcorreram ...
                Em cada centro energético solar, as almas que haviam pecado ficavam à espera de iniciar o Karma purificador.
                As massas aeroforme girando nas trajetórias, sem descanso, condensaram-se. Os gases tornaram-se magma, esse solidificou-se, e sobre os planetas desceram, dos sóis, as primeiras almas culpadas ansiosas de iniciar a prática purificadora que, através das lutas e provas sem número, lhes daria a fôrça de remontar novamente à pureza absoluta e de realizar a ascensão à Suprema Chama Criadora.
                Daquela roupagem, a princípio tão desejada e ora pungente de espinhos que as comprimia como uma capa opressiva de dores, fixaram ansiosas o olhar na longínqua infinidade do cosmos no constante desejo de desvelar o profundo mistério que os envolvia, e a razão da vida.
                Enquanto assim se iniciava o Karma das almas culpadas, o príncipe da luz que deveria ser para sempre o seu guia e farol de toda beleza e de todo esplendor, tornou-se, ao contrário, exemplo de incitamento para o abismo. Pelo querer da Suprema Justiça Onipotente foi relegado ao reino das trevas. Tornava-se assim Lúcifer, o anjo decaído, o príncipe dos demônios, o eterno tentador, encaminhando às regiões inferiores e, porque havia atraído outros a segui-lo, devia ainda persistir na sua obra de tentador, fazendo mais árdua e dolorosa a volta ao Grande Fogo Criador dos que o haviam acompanhado.
                Essa é a sua missão, a serviço do Querer Supremo e, para que pudesse desempenhá-la, foi-lhe negado tomar para si próprio aquela carne que tão tenazmente procurara.
                Preso à cadeia da sua pena, na plena consciência do seu ser, ele vê a imensidade de seu erro e deseja ardentemente a Deus, enquanto a consciência do futuro lhe atormenta sem tréguas o espírito.
                Milênios transcorreram ...
                Quando,  no ritmo aspirante do hálito imenso do Eterno, os universos voltaram a ser absorvido em feliz curso concêntrico em giros evolutivos de trajetórias de alegria, em direção ao almejado Centro Infinito, quando as ultimas almas tiverem atingido a luminosa e ansiada meta e a terra for um desolado deserto, somente então ele poderá finalmente iniciar a sua purificação, encarnando-se. A ultima mulher o conceberá, deixando-lhe como herança uma vida atormentada sem o dom do repouso que a morte concede a cada mortal.
                Durante milênios ele assistira, impotente, à perda de tudo e de todos, à destruição da sua paixão, à desagregação, átomo por átomo, daquela matéria a princípio tão ardentemente desejada.
                Errará no mundo vazio e desanimado, naquelas trevas tão almejadas, no silencioso albor espectral daquela obscuridade que violara. Na noite sem fim lhe farão companhia unicamente o eco de seu lamento atormentado por mil indizíveis torturas e o aguilhão implacável de sua insatisfeita sede de luz.
                Milênios transcorrerão, e das chagas abertas da sua dor pelo exílio sem nome fluirá a água que cancelará a sua culpa.
                No esplendor soberano de todos os esplendores, cujo fulgor inefável não pode ser concebido pela mente humana, na flamejante e deslumbrante claridade daquela Luz que é Sabedoria e Amor, Potência e Harmonia, Eterna Fonte de toda vida e de toda perfeição, junto à Infinita Majestade da Onipotência do Pai, foi elevada, em lugar do anjo decaído, a radiante fidelidade de Mickael que resplandece da Sua potência.
                Êle teve a seu lado Gabriel, que se adorna do Seu amor, e Rafael que se ilumina da Sua Sabedoria.
                Essa Divina Triade, conduzida pela majestosa força de Mickael, que, recebendo poderes da infinita energia da Causa de todas as causas, representa e retoma o eterno signo da vitória, pediu e obteve da Graça Suprema a permissão de proteger as almas perdidas, guiando-as no exaustivo caminho da ascensão.
                E a missão da Divina Triade perdurará até que o infinito respirar do Pai haja terminado, quando todas as centelhas que um dia foram emanadas sejam novamente reabsorvidas na Sua Grande Luz.
                Relegado Lúcifer àquele abismo que tanto havia procurado e que fora razão de sua queda, formara-se na Divina Triade um vácuo.
                O equilíbrio supremo fora violado, mas a Harmonia Eterna o restabelecera com um novo inefável ato de amor.
                O Paterno Centro Criador quis que, ao lado da Sua Augusta Potência, se acendesse a Eterna Luz do Infinito Amor do Filho para balancear a eterna Justiça do Espírito.
                Da infinidade cósmica do Seu Querer emitiu outra centelha, e no vazio criado pela queda do anjo renegado surge triunfante o Filho de Deus.
                Ao conhecimento que não bastara para salvaguardar a pureza da luz concedida às criaturas, mas que contribuíra para ofuscá-las, sucedia o incorruptível esplendor do Filho, Amor, novo farol aceso no caminho sem fim da eternidade. O primeiro havia, com o estímulo do desejo, levado a luz a confundir-se com as trevas. Êle, com o exemplo do sacrifício, reconduziria as criaturas das trevas à luz.
                A suprema harmonia da Lei foi assim restabelecia.

Ergos

22.8.12

LUZ E MICKAEL - A GÊNESIS OCULTA - Parte 2/3



                Luz lutava ainda consigo mesmo, presa frequentemente da lancinante dor do remorso, frente à amorosa efusão Paterna, vencido, muitas vezes, pelo desanimo, quando aflorando do incomensurável oceano da treva interdita, comparava a sua luz À imaculada, vitoriosamente esplendente e feliz nos sete graus da rosa angelical.
                Mas a pungente solicitação da vaidade convidava-o sempre mais insistente e longamente ao proibido, que ocultava em si o veneno da orgulhosa revolta.
                Milênios e milênios decorreram ...
Agora a única felicidade de Luz consistia em permanecer o mais possível nas trevas sem fim e aí considerar-se e admirar-se como centro infinito, irradiando fulgores admiráveis que desapareciam apenas quando voltava junto à Divina Chama.
                Contudo – orgulho lhe sugeria – não era ele, porventura, emanação da Luz Criadora ? Não estava nele a própria potência criadora do Pai, que lhe havia confiado o governo de todas as suas criaturas ? E, se lhe fora concedido tanto poder, por que devia ser-lhe vedado o humilde e fugidio reino das trevas? A sombra que ora lhe fugia teria, reconhecida pela sua atividade criadora, participado de sua emanação luminosa.
                Desejando que suas formas mentais, naquele plasma informe se condensassem e concretizassem, chamou a si a sombra.
                Quis, e a sua vontade consubstanciou-se. Pode amalgamar-se e dissolver-se, segundo o seu desejo.
                A ansiedade que o havia possuído, depois de haver manifestado a sua vontade e a expectativa não isenta de temor com que havia contemplado as primeiras realizações, cederam a uma quase prudente timidez que ele manifestava no consubstancializar-se em novas formas no plasma fugaz. Modelando os aspectos, que ficavam nas várias transformações cada vez mais apurados e completos, adquiriu pouco a pouco maior segurança de expressão e ele se quis sempre mais belo e admirável, em imagens a mais e mais perfeitas e magníficas.
                Uma alegria louca o inebriava. Acreditava-se igual ao Único: também ele criava. A seu talante consubstanciavam-se, no dócil plasma etéreo da sombra, figuras de graça fascinante.
                Pelo seu querer, nasciam as inúmeras variedades dos aspectos e das formas, o mutável mundo dos fenômenos: criaturas de beleza radiante; paisagens encantadas; flores de fragrâncias mil e das mais variadas cores; todo o ilimitado e inimaginável mundo da fantasia criadora.
                Então surgiu o pensamento da revolta: “ÊLE, da luz não criou senão a luz; eu da obscuridade informe, criei o reino da beleza. Eu sou igual a ÊLE; eu sou mais do que ÊLE”.
                O pensamento da revolta brotara, e Luz se condenara.
                Atraídas pela nova experiência, arrastadas ou envolvidas pelo mesmo desejo de consubstancializar-se, muitas das centelhas divinas, partes da essência resplandente da sétupla rosa que estavam sob a custódia de Luz, imitaram-no.
                Esquecidas de que a infinita felicidade eterna consistia sòmente em aspirar à mais alta perfeição e pureza do espírito, buscavam agora àquele plasma material que cada vez mais as aprisionava na sua ânsia.
                E elas não adoravam mais a Suprema Causa Criadora, a Onipotência Paterna, Deus, mas volveram a sua culposa atenção para adorar a si mesmas.
                E esse foi o início da queda ...
                O olho de Deus, o Onividente para quem a própria imensidade do espaço não tem mistérios, viu a Sua Luz, difundida em Suas Criaturas, ofuscadas cada vez mais pelo véu opaco de desejos sempre crescentes.
                A Sua Onisciência não podia escapar a causa; sabia que a Lei Suprema fora violada, mas, havendo deixado a cada uma de Suas Criaturas o livre arbítrio, esperou que a culpa não aumentasse.
                Mas, também então, a Graça Paterna não quis aniquilar aquêle que o seu Fogo Criador, num ímpeto de amor, tinha gerado, e, na constante efusão amorosa com as Suas criaturas, não permitiu que outras luzes se precipitassem nas trevas.
                Ordenou, por isso, às centelhas que haviam caído no erro que se afastassem da luz: “Que o vosso desejo se torne a Minha ordem” – foi a suprema determinação, e na treva a que tolamente se tinham dirigido fez residir o princípio material das centelhas culpadas.
                Impôs que, desde então, a matéria não fosse a companheira voluptuosa de um capricho, mas o fardo doloroso que sobre elas pesaria, em uma sucessão ininterruptamente expiadoras de vidas, através das quais se conseguiriam purificar e redimir.
                Só aprisionando-as no cárcere cego da carne, na limitação angustiosa das imperfeições da matéria, de suas faltas e traições, poderiam iniciar a devida expiação. Somente pelas aflições e angustias da instabilidade da jornada humana, do amargo e doloroso pranto que dela emana, atingirão o batismo salutar que pode permitir entrever, da prisão terrena, a primeira esperança de luz.
                Por milênios e milênios, através do mortificante filtro das paixões, na angustia desse continuo morrer de cada instante, que é companheiro inseparável da criatura humana, no perene retorno da vida, superando vitoriosamente obstáculos cada vez mais árduos e difíceis, dominando a sedução corruptível existente na própria cadeia mordente, conquistando nessa vitória o caráter real da sua origem, elas, centelhas divinas que haviam pecado, deveriam reencontrar a força e a pureza para remontar à Fonte puríssima e eterna de todo o bem.
                E na adamantina claridade, que já as havia feito brilhantes na inefável harmonia, tornariam a resplender de felicidade imortal no seio do Criador.
                É esta a Lei do Karma da matéria, que naquele momento, teve o seu início. Por ela nasceram os universos, os sóis, os planetas, as terras, os homens.

20.8.12

LUZ E MICKAEL - A GÊNESIS OCULTA - Parte 1/3


 Do nada Deus criou a Vida.
Da vida nós criamos a fé.
ÊLE nos deu o céu e a terra, os abismos insondáveis
dos mares, o ardor do Sol, o sopro do eterno
existir, o oceano infinito das sombras, o gérmen do
princípio na infinita multiplicação de Si mesmo.
Fez-nos a dádiva da morte no Todo imortal da
Sua Muda Vontade
Fomos chama, depois nos tornamos forma para
ser espírito da divina eternidade.
Das essências das trevas surgimos na luz do
Absoluto, no hálito imortal da eterna realidade,
ansiosos de alcançar o Fogo Vivente de Deus.

                Não existe o primeiro pensamento porque o Pensamento de todos os pensamentos, a Mente Suprema, sempre existiu. Não existe a primeira causa e não há a última porque a Causa Suprema sempre foi e sempre será.
                O nada não existe porque o nada se transforma no todo e tem início no todo.
                O todo não existe, porque é materializado do nada e tem início no nada.
                Não existe matéria, não existe o nada, não existe o todo; existe apenas a Mente Criadora Suprema, o Espírito Infinito, o Ser, o Ente, Deus.
                Passado, presente, futuro – distinções de uma medida humana; o tempo. Para o Eterno, subsiste apenas o incomensurável, o infinito e eterno presente, a eternidade, que os homens podem esforçar-se para conceber como uma perene sucessão de passados e de futuros.
                Passados que vivem no eterno pensamento de Deus sempre presente; futuros que representam o respirar da Infinita Lei, surgindo, instante por instante, no teu fugacíssimo presente.
                Quem pode, realmente, conceber, detê-lo, mantê-lo, por um só instante, seja embora fugitivo? Apenas o tens percebido, ele, já na sombra, é presa do passado; se o esperares na passagem da tua mente, enquanto ele ficar envolto nas névoas imperscrutáveis do incógnito amanhã é futuro; mas apenas o fluir do eterno movimento erga o véu e os teus lábios, trêmulos de expectativa, estejam por pronunciar a palavra do presente: é; ele não é mais; já foi.
                Assim, quem pode conceber o infinito? Contudo, o finito não existe. Experimenta levantar uma barreira que limite um espaço até a extremidade mais remota que a mente possa perceber, até o último confim possível à tua imaginação. Ergue aquela barreira e encerra todo o espaço concebível: além dele, sentirás palpitar ainda outro espaço como um insondável e misterioso mar que se perderá na infinidade eterna do Cosmos.
                Existe apenas o infinito, e no espaço infinito vibra o Centro Infinito de Vida.
                No fulgor mais intenso de Sua deslumbrante pureza resplendia o Fogo Incriado, Divino Criador. E a Sua chama, em um ímpeto de amor, emitiu centelhas, estrelas substanciadas pela Sua Luz, que envolveram de triunfante apoteose a Sua Glória.
                O amor do Pai era esplendor que se irradiava até a última de Suas criaturas, e essas, aspectos luminosos do palpitar Daquela Luz, vibravam na Harmonia Infinita, elevando gemas de incomparável pureza até ao Supremo Centro do Bem.
                E tudo era puro, no tempo dos tempos, até mesmo as trevas infinitas, que com seu aveludado manto recobriam o mistério dos abismos siderais, porque também eram parte do Infinito Corpo de Deus e nenhuma culpa havia tido princípio.
                Iniciou-se, assim, a adorante rota das refulgentes e translúcidas esferas dos bem-aventurados.
                Em cada uma, inúmeras essências angélicas flamejavam de amor pela Graça Perfeita que as tinham gerado, em uma pulsação a cujo confronto a mais ardente paixão humana é apenas um imperceptível arrepio de frio.
                A onipotência do Pai fez surgir duas Fôrças, que acima das outras participavam de Seu incomparável fulgor: LUZ e MICKAEL.
                E o Pai, Luz e Mickael refulgiam, irradiando bem-aventurança às centelhas que os adoravam.
                À Luz, entregou o Pai o governo das esferas angélicas.
                A Mickael confiou a missão do Seu serviço direto, além da de Chefe dos Arcanjos e de coadjutor da obra de Luz.
                Sete, com Mickael, eram os Arcanjos que se regozijavam na adoração ante o resplendente trono de Deus: Gabriel, Rafael, Anael, Azaziel, Azaquiel, Uriel.
                Na pureza incontaminada de sua essência, partícipes da infinita luz, as legiões angélicas, na celeste rosa, felizes de existirem, cantavam hosanas ao Criador, fitos na contemplação do indizível esplendor da Mente Suprema.
                Na sua missão, Luz perpassando entre as refulgentes gemas da rosa angélica, recolhia as humildes preces, o puro perfume das essências espirituais, trescalantes da absoluta devoção, da alegria perfeita que emanava do seu adorante amor, e os elevava aos pés do fulgurante trono do Pai.
                Certa vez, porém, no esplendor de seus voos, Luz retardou por um instante o seu rápido perpassar de esfera em esfera, como se a sombra longínqua, apenas acenada e fugaz, de um desejo, o atraísse repentinamente ao abismo que circundava o luminoso Centro Infinito.
                Puríssima essência, emanada da Excelsa Chama Divina, participe daquela Infinita Potência em ação, superior a toda expressão quando assumia os aspectos peculiares ao Absoluto e ao Eterno, nada, fora do Imaculado Esplendor Criador, devia atraí-lo. Todavia, imperceptível, quase inadvertidamente, o reverente temor que o arrastava aos confins misteriosos do nada diminuía, superado por um desejo cada vez mais premente e ansioso que maculava o esplendor original.
                A escuridão eterna daquele abismo, insondável mesmo à sua potência, atraia-o irresistívelmente.
                Milênios, como anéis desenlaçando-se em uma cadeia sem fim, como pausas ritmadas de um eterno fluir, sucederam-se a milênios, como o bater uniforme da onda que no eterno movimento se afasta e retorna com a voz e essência imutáveis.
                Por um tempo longuíssimo lutou Luz contra a ânsia de mergulhar naquela treva abismal, onde sentia vibrar o infinito mistério de Deus, até que o mórbido fascínio da curiosidade o venceu, impelindo-o a transpor a zona resplendente e a profanar aquele espaço que o Pai lhe havia proibido.
                Esquecido da alegria indizível da amorosa fusão na infinidade da Graça Geradora que, no Seu ardor, acalma toda ânsia e sacia todo desejo, penetrou no cobiçado mistério.
                O sentimento de apreensão que experimentou, transpondo o vedado limite insondável fê-lo deter-se, apesar do aguilhão da curiosidade, ante a imensidade de sua audácia.
                Às suas costas, o e4splendor amoroso da Chama Paterna e a felicidade, na harmonia de luzes e de cores, dos bem-aventurados vibravam na distância. Êle estava só no tenebroso silencio; só na escuridão profunda que à sua frente lhe fugia, quase temerosa de ser violada pela sua luz.
                Mas a consciência de seu esplendor, que parecia crescer à medida que avançava, tornava-o orgulhoso e o encorajava.
                Naquelas trevas ele resplandecia, como nunca, de inusitado clarão e as sombras fugidias que, ao alcance de suas emanações resplandecentes, se retraiam quase inclinando-se humildes e convidativas, ofereciam ao seu orgulho nascente maior incentivo para desenvolver-se.
                Esquivo e convidativo, o infinito reino da sombra, desconhecido e proibido, estava à sua frente quase na expectativa  de um Fiat novo e maravilhoso; e ele sentiu-se, na treva, como transmudado em um centro luminoso.
                Assim, o orgulho apossou-se dele e o inebriava como o eflúvio de um aroma proibido e perturbador.
                Sua luz refulgia vitoriosa no reino da treva infinita: “ por que não poderia parar para reinar e dominar” ? E ao orgulho se juntava, insidiosa, a soberba, incitando-o à revolta contra a proibição de superar o limite interdito. Mas esse estimulo doloroso tinha o poder de sacudi-lo, e ele ressurgia das trevas à pureza incontaminada e feliz do Fulgor Paterno, angustiado e taciturno.
                Milênios e milênios decorreram ...

continua.

19.8.12

UNIVERSALIDADE



“A universalidade é um tema que se repete em Aquário, signo que enfatiza o espírito como a água da vida universal. Junte-se a isso a consciência da importância do “grupo” na experiência da vida. À medida que cresce a conscientização, cresce também a percepção de que os relacionamentos individuais são secundários em relação aos do grupo.
Três notas-chave deste signo são de fácil compreensão na teoria, mas de difícil demonstração na vida prática, pois as tarefas envolvidas são árduas:
1 – O discípulo deverá mudar o serviço ao pequeno em serviço para a humanidade;
2 – ele deverá mudar a atividade egoísta superficial num esforço abnegado, a fim de ajudar a Hierarquia na implementação do Plano;
3 – deverá realizar a transição de uma vivência limitada ao ego para uma “conscientização humanitária sensível”.
Durante essas transformações, ainda permanecem no homem resquícios da expressão da individualidade. Quando ele sente o desabrochar do espírito, torna-se consciente de que não é mais uma unidade isolada da humanidade, mas sim uma parte definida do Todo. E, embora conserve sua identidade,  ele a vê de uma perspectiva diferente, reconhecendo-a como relativa frente ao padrão evolutivo maior de utilidade para a vida.”

18.8.12

Pai João de Benguela é um sábio.


Maçonaria e Religião

1- A Maçonaria não é uma seita.

2- A Maçonaria não sustenta dogmas.

3- A Maçonaria não pretende substituir-se à religião de cada um.

4- A Maçonaria coloca-se imparcial entre todas as crenças religiosas e teorias
filosóficas, e acima de todas as suas controvérsias, para fazer da liberdade de
pensamento - o seu fundamento.

5- A Maçonaria deixa livre a cada um dos seus membros adotar e seguir a religião de
sua eleição, sem que os outros nada tenham a censurar-lhe.

6- Aquele que chega à porta dos seus templos, a Maçonaria diz: "Tu serás aqui o único
diretor da tua consciência".

7- Aquele que é conduzido entre as colunas de seus templos, a Maçonaria declara:
"Aqui ninguém te interpelará pela tua crença, nem te injuriará por ela".

8- Aquele que toma lugar no seu recinto, a Maçonaria assegura: "A nobreza de tuas
ações e a tua sinceridade dão-te o direito de seres aqui o único na tua crença. Se estás
errado, talvez a verdade te ilumine, mas tu te encaminharás para ela livremente.

9- Em matéria de religião, o principal dever do maçom é a prática da tolerância
absoluta em relação às crenças alheias, no elevado intuito de, a despeito dos seus
antagonismos, aproximar todos as homens de boa vontade, sob a bandeira da
Fraternidade.

10- No seio da Maçonaria, as homens de todas as religiões podem reunir-se sem
hostilizarem- se e, numa atmosfera de paz e serenidade, trocar as suas idéias em busca
do aperfeiçoamento moral da humanidade.

11- A Maçonaria é sempre a mãe carinhosa no meio das lutas fraticidas.

12- A Maçonaria é a mediadora dos interesses privados e das paixões pessoais em
choque.

13- A Maçonaria é a única força capaz de apaziguar as ódios religiosos quando
desencadeados.

14- Para deter os impulsos da sua natureza, o Maçom usa de dois freios: a império
sobre si mesmo e a supressão dos maus instintos.

15- É o único jugo que lhe impõe a associação: aquele que se rebela contra ele, é perjuro
e, como tal, abandonado à sua sorte, depois de julgado maçonicamente.

16- A Maçonaria é a única associação que reúne, sob as suas abóbadas, os adeptos de
todos os cultos para glorificarem, em comum, o Grande Arquiteto do Universo que é
Deus, - idéia que encerra: na ordem física, a expressão do Equilibro Universal; na
ordem intelectual, a Suprema Inteligência que tudo rege e prevê; e na ordem moral, a
Justiça Imanente.

17- A Maçonaria não é adversária da religião; mas, antes, é a sua melhor cooperadora.

18- A Maçonaria quer a crença nos lares e nos Templos, respeitada e sem atritos com os
sentimentos dissidentes.

19- Em matéria de política, a Maçonaria exige apenas que as minorias não sejam
espezinhadas em seus direitos pela maioria dominante no Estado.

20- A Maçonaria bate-se pelo poder civil separado do ambiente religioso, a fim de que,
por motivo de crença, não sejam tratados desigualmente cidadãos da mesma pátria, o
que redunda em opressão ou tirania.

21- A Maçonaria não tolera a hipocrisia.

22- A Maçonaria condena o fanatismo, a obsessão religiosa e carolice.

23- A Maçonaria combate sem tréguas a intolerância.

24- Maçom deve ser fiel e serviçal entre todos os homens, sejam eles cristãos, budistas,
muçulmanos, judeus, espiritas ou livres-pensadores. Jesus Nazareno Jesus Nazareno não se
envergonhava da companhia de publicanos e gentios, por ser isto obra de misericórdia:
- à sua imitação, procede a verdadeiro Maçom; e esta a sua lei máxima, por ser tudo
obra da fraternidade.
envergonhava da companhia de publicanos e gentios, por ser isto obra de misericórdia:
- à sua imitação, procede ao verdadeiro Maçom; e esta a sua lei máxima, por ser tudo obra da fraternidade.

15.8.12

AS FERRAMENTAS




Conta-se que numa carpintaria, certa vez, houve uma assembleia. Foi uma reunião das ferramentas para discutir suas diferenças. O martelo exerceu a presidência, mas os demais participantes lhe notificaram que teria que renunciar. A causa? Fazia demasiado barulho e vivia o tempo todo golpeando. O martelo aceitou sua culpa, mas pediu que o parafuso também fosse expulso, dizendo: Ele dá muitas voltas para dizer o que deseja. O parafuso concordou, mas pediu que a lixa também fosse expulsa, alegando que ela era muito áspera no tratamento com os demais, entrando sempre em atrito. A lixa aceitou, mas com a condição de expulsarem o metro pois ele mede os outros segundo sua medida, como se fosse o único perfeito. Antes da reunião terminar entrou o carpinteiro, juntou todas as suas ferramentas e iniciou o seu trabalho. Pegou uma madeira bastante rústica, com a ajuda da lixa, do metro, do parafuso e de outras ferramentas, fez daquela madeira rústica lindos e finos móveis.. Logo depois, fechou a carpintaria e foi embora.  Reabriu-se então a assembleia.
O serrote pediu a palavra e disse pediu a palavra e disse emocionado: Senhores, ficou demonstrado que realmente temos defeitos, mas também temos qualidades, pois, o carpinteiro provou isso, usando nossos pontos valiosos e construindo esses lindos móveis. A Assembléia acatou essas ponderações. O martelo golpeava a madeira. O parafuso dava muitas voltas mas unia a madeira. A lixa dava o alinhamento. Assim as ferramentas ficaram orgulhosas e viram que trabalhando em equipe, podiam produzir móveis lindos. 

14.8.12

CONVERSANDO SOBRE MESTRES E POSTURAS CONSCIENCIAIS.



- Por Lázaro Freire
Vou começar citando um trecho de Wagner Borges.
“As pessoas fazem CAMPEONATO DE MESTRES, ficam discutindo quem é o melhor, em vez de aplicar o ensinamento deles, ou fazer 1 milésimo do que pregavam e exemplificavam”.
No Ocidente, há uma concepção distorcida da palavra Mestre. Não endosso o uso equivocado que fazem dele, mas tampouco tenho algo contra a mestria interior.
Somos todos mestres e discípulos uns dos outros.
Normalmente, o simples uso da palavra gera respeito excessivo, ou, não raro, críticas, egos e excessos. O que embute, não sei  porque, uma exigência de perfeição inatingível – fruto de nossa própria incapacidade de seguirmos modelos, escondendo, com isso, a nossa deficiência em SERMOS modelos a serem seguidos.
Na Índia, país construído principalmente com base na tradição oral, não há este preconceito. Todos são gurus (mestres, preceptores) de alguma coisa.
Não se “é” melhor por isso, mas não perdem o respeito pelo que “temos” de melhor para repassar.
Há o guru de ioga – mas também o guru de sânscrito, o guru da culinária, o guru de flauta, o guru de Kryia (técnicas de purificação) o guru de inglês – gurus de coisas simples e complexas, sem preconceitos, sem exigências de perfeição.
As pessoas são conscientes de que têm algo a ensinar – e as demais, mais ainda, de que têm sempre algo a aprender com o outro. Um belo ato de compartilhar.
Aqui, não. Mesmo que alguém materialize vibhuti (cinzas sagradas) e levite (como Sai Baba); mesmo que possamos ter pelo menos algo a passar em Espiritualidade, Astrologia, Tarot, ou simplesmente Vida – as pessoas estarão sempre procurando achar algum defeito, seja em um Sai Baba, seja em nós.
De tanto procurar, é claro que encontrarão. Exista ou não tal defeito. E quanto maior for o conhecimento transmitido, as palavras trocadas, as mensagens veiculadas, mais os mesmos estarão, intimamente, em uma postura do tipo de tentativa de anulação, senão da mensagem, pelo menos do mensageiro.
Por exemplo: “Sei não...Alguma coisa tem ali... Não pode ser perfeito assim...Mais cedo ou mais tarde algo vai dar errado... Vai aprontar alguma, vai falar demais, vai ter um furo no imposto de renda, vai ter uma fábrica de incenso, vai agir errado, tenho certeza”.
E assim, em vez de aproveitarem o que havia de bom, passam o tempo procurando o tal defeito que lhes permita se auto  desculpar por não seguir os ensinamentos dos Mestres.
Mestre sim: do Mestre Sai Baba, mas também da Mestra Marília, do Mestre Lázaro, do Mestre Wagner, do Mestre Chefe Chato que nos ensina paciência, do Mestre Padeiro que nos recebe de manhã com um sorriso, do Mestre Assaltante, que nos mostra que nada nos pertence de fato e que precisamos fazer mais ainda em prol da justiça social.
Tantos Mestres – 6 bilhões deles, para contar apenas os encarnados. Em maior ou menor grau, todos com algo a ensinar.
Todos humanos – mesmo Cristo e Sai Baba. E ao mesmo tempo, todos divinos – mesmo eu e você.
Todos eles, não se cansando de dizer que somos iguais. E os iguais de fato, cheios de erros e acertos, como nós, nem precisam dizer.
Estes escritos me fizeram  lembrar  de Richard Bach ( em “Ilusões – As Aventuras de Um Messias Indeciso”)
“Aprender  é descobrir aquilo que você já sabe.
Fazer é demonstrar que você o sabe.
Ensinar é lembrar aos outros que eles sabem tanto quanto você.
Somos todos aprendizes, fazedores, professores.
Você ensina  melhor o que mais precisa aprender”.
Grande verdade!
E o que mais me salta aos olhos nesta questão dos Messias do cotidiano, falhos e divinos, é a necessidade que as pessoas têm de coloca-los em um patamar “supostamente” acima, para, a seguir, tentar derrubá-lo do pedestal onde ele não se colocou.
Eu, que já senti na pela várias vezes em diversos níveis, por tentar ensinar, e que já vi pessoas tão mais capacitadas serem impedidas por este comportamento vândalo do aprendiz, chamo a este comportamento de “Síndrome do Messias Crucificável”.
O mecanismo é simples: os Mestres do cotidiano costumam lembrar, em seus atos e palavras, serem iguais, falhos e si8mples, mas mesmo assim terem algo a ensinar...
Entretanto, as pessoas, discípulos, tendem a colocá-los primeiramente em um andar superior.
Se o ensinamento for divino, basta promovermos nossos Mestres a este nível acima.
Assim, ele está no Alto, é visto como um “iluminado” ainda que negue. Podemos, assim, ter uma atitude passiva perante eles. Vamos ao Instituto, à montanha, ao centro, à sinagoga, à palestra, à lista de discussão, à igreja ou ao ashram para ouvi-los, e saímos de lá os elogiando. Sem tirar nosso “traseiro” da cadeira.
Assim os vemos:
O grande médium do centro, intocável e divino (mas que come arroz com feijão e defeca como qualquer vivente).
O grande espiritualista, autor de livro, astrólogo iluminado, iogue, proprietário de lista na internet, projetor astral, músico, qualquer coisa – elevamos quem tem algo a nos passar a um patamar inatingível para um ser humano, e que só existe em nossa expectativa – e imaginação.
No primeiro momento, fazemos vistas grossas aos seus naturais defeitos e exageramos suas qualidades. Preferencialmente as atribuímos a “dons” para esquecermos do esforço que o Mestre fez para ter e ser, esforço este que também poderíamos fazer.
Então, é só esperar suas sábias palavras, suas análises astrológicas, seus livros, seus ensinamentos, seus evangelhos – sempre distantes de nós – como quem recebe um bálsamo. Pobre Mestre.
Neste momento, ele foi transformado no divino, e como tal será cobrado, apenas pela covardia acomodada do discípulo em atuar.
Colocamos Jesus e Krishna – dois homens de seu tempo, legando um exemplo de espiritualidade atuante que poderia ser seguido pelos comuns – em um patamar inatingível. Criamos mitos e os transformamos em nosso porto seguro. Passam a ser o mais perto de Deus, encarnações divinas, os que recebem (todas) nossas orações e mantras.
Ousaram nos ensinar, vivendo inseridos em seu tempo e sociedade, mas preferimos ignorar seu exemplo, esquecer-nos de suas mulheres e filhos, de seus erros e acertos, e os transformamos em “Os iluminados”.
E séculos ou milênios depois, ainda ignoramos (por conveniência) que eles sempre nos diziam ser como nós. Ou que éramos nós como eles,, e que podíamos fazer tudo que eles faziam, também.
Rimos, internamente, preferindo atribuir estas advertências à humildade. Destes Mestres, fingindo que não entendemos o recado de que o mestre não era “iluminado”, ele BUSCAVA E FAZIA sua própria luz, trilhando um caminho que também podíamos seguir.
Não notamos sequer que, para fazer a diferença de sua iluminação para a nossa mediocridade, eles apenas ensinavam – e costumavam TENTAR fazer o correto. Coisa que normalmente nós não queremos.
Oxalá fosse apenas com Krishna e Jesus. Mas, infelizmente fazemos o mesmo com os Mestres do dia-a-dia. Até bem pior.
Jesus e Krishna tinham seu preparo. Mas talvez o Mestre Padeiro, o Mestre Feirante, o Mestre Colega de Trabalho que sabe mais sobre o negócio, o Mestre Escritor de Livro, o Mestre Bom Médium, o Mestre Autor de mensagens longas na internet, o Mestre Excelente Astrólogo, o Mestre Palestrante, o Mestre Amigo, e tantos outros, simplesmente não têm a mesma resistência que um grande avatar. Nem  o mesmo grau de perfeição. Mas nem por isso deixaram de ter EXCELENTES mensagens para nos ensinar. Se tivermos ouvidos para escutar.
Porém, humanos ou “divinos”, nós o colocamos primeiramente lá em cima.
Assim podemos ir a eles apenas quando nos convém, como eternos pedintes. Como se fôssemos mendigos conscienciais! E se eles assumem, de algum modo, sua mestria – ainda que em um contexto – jogamos em suas costas a NOSSA exigência de que sejam perfeitos, já que OUSARAM tentar nos ensinar qualquer coisa para que crescêssemos.
É um grande mecanismo de defesa e comodismo: chegamos com as mãos estiradas. E ao mesmo tempo, sempre desconfiados, procuramos um motivo para CRUCIFICA-LOS.
Não é surpresa. Afinal é o que sempre fizemos com os Messias. Flechamos até mesmo um Krishna, crucificamos até mesmo um Jesus.
Porque não faríamos pior com nossos inúmeros mestres imperfeitos do dia-a-dia?
Do mesmo modo, os mestres cotidianos também nos disseram, até com atitudes, que somos iguais. Mas nós, fascinados, tentamos elevá-los a algo mais do que poderiam suportar ser, e atribuímos sua recusa à sua “humildade” e “evolução”.
Repetindo o erro, para continuarmos FUINGINDO NÃO ENTENDER que todos são Mestres, Irmãos, Deuses e Demônios.
Que são simplesmente HUMANOS, que por mais erros que tenham, SEMPRE terão uma porção divina, uma capacidade de amar e algo a ensinar.
Que navegam, todos eles, mestres ou não, pelas mesmas águas do Universo, a bordo do mesmo barco azul chamado Terra. É uma atmosfera coletiva, em UMA SÓ evolução.
Com individualidade, mas também como alma-grupo, com um inconsciente coletivo, células de Gaya, precisando todos uns da evolução dos outros, para termos também maior facilidade de crescimento.
Neste momento, surdos por conveniência, preferimos transformar nossos gurus em semi-deuses, distanciando-os o suficiente para que possamos jogar nossas pedras sem que eles saibam de onde vêm.
Exigimos nesta hora, mais e mais deles – e, pelo mesmo mecanismo, menos de nos.
Compensação as avessas; afinal, desta forma, nos auto-desculpamos por não termos nascido tão iluminados assim.
Não temos “os dons” – iremos dizer. Como se o CRIADOR tivesse predileções e distribuísse injustamente seus talentos, pessoalmente, provavelmente para nos injustiçar, ou dar um álibi para nossa inércia consciencial.
Em seguida, por mais que tentemos afastá-los, percebemos, por fim, que somos iguais. Uns por ego, outros por compreensão das limitações do objeto de adoração, o fato é que passamos a ver também, em nós, pelo menos o mesmo potencial.
`As vezes, é o próprio mestre quem nos mostra nosso potencial.
Isso se a nossa própria expectativa e adoração (conhecida esotericamente como “babação de ovo”) não desenvolverem nele um negativo excesso de ego que corrompa a mensagem.
Em outros casos, ele nem precisa nos mostrar.
Nós é que buscamos seus erros, obsessivamente, INCAPAZES que somos de nos elevarmos, senão a Jesus e Krishina, PELO MENOS, àquele referencial tão próximo, tão falho e divino.
E como se não fosse o bastante, incapazes também de ajudar aquele Mestre Humano no que quer que seja. E eles na solidão de um planeta onde a maioria foge do compartilhar e/ou privilegia mediocridade, sempre precisam de muito; seja um pão, um sorriso, uma palavra, um ato, um aperto de mão, um beijo, um amigo, um gozo, um outro conhecimento, um livro, um novo discípulo, um fim de semana feliz, uma dica – sempre há o que trocar, aprender, ensinar... E mesmo se não houvesse, sempre haveria uma possibilidade de diminuir um pouco seus fardos, para que pelo menos eles pudessem passar a quem aproveitasse um pouco mais que nós.
Mas NISSO, indevidamente, vemos pieguice. Preferimos, para não crescermos, para não o fazermos crescer – simplesmente encontrar seus erros (e ele os tem), ou suas falhas e tentarmos “trazê-los até nós”. No pior dos sentidos, o de rebaixar.
Se possível, “desmascará-lo”, ou seja, imaginarmos a máscara que ele não tem, e na falta desta para arrancar, tiramos seu próprio escalpo.
Não somos capazes apenas de admitir a nossa teimosia em não domarmos nosso ego, NEM AO MENOS para termos uma postura receptiva para aprendermos e crescermos. E já que um bom egoísta não deixaria passar a oportunidade de crescer, somos, então, piores do que os egoístas inteligentes, ou seja, somos BURROS, mesmo.
E não é o suficiente; precisamos tirar também, dos outros, a oportunidade que tinham de se mirar naquele Mestre – seja Cristo ou Krishna, seja um orientador evolutivo, seja um mestre entre os comuns.
Afinal, se alguém puder ser humano, ter erros, medos, receios, lágrimas (como nós) e mesmo assim puder ser alguém que ALGUM DIA mereceu de nós o respeito (erroneamente) reverente que dedicamos aos Mestres, isso significaria que a diferença entre os mestres que antes idolatramos e depois  desmascaramos (por cometer o pecado de ser igual a nós) e nós mesmo é muito simples.
São coisas como:
- OUSAR ENSINAR
- DAR A CARA A TAPA
- TIRAR O TRASEIRO DA CADEIRA
- ESTAR ABERTO PARA COMPARTILHAR
- TRANSFORMAR O EGO QUE TEM, EM UM “EGO SERVIDOR”
- NÃO SE RECUSAR A CRESCER POR TER AS MESMAS LIMITAÇÕES QUE TEMOS
- NÃO DIXAR DE SER O QUE É PELO QUE AINDA NÃO PODE SER
- TER CORAGEM DE FAZER O QUE DEVE SER FEITO – MESMO SABENDO QUE SERÁ CRUCIFICADO POR ISSO MAIS CEDO OU MAIS TARDE, POR NÃO SER PERFEITO.
E vendo que isso faz sentido, e que até nós, comuns, discernindo, podemos vislumbrar esta triste sina dos Mestres, que limitados somos, assustado concluo então:
-Cristo sabia que morreria e seria traído- Krishna sabia que o destino da guerra fratricida eram as flechas, que seu corpo morreria!
E não me esqueço que o primeiro veio trilhar a experiência humana, repetindo sempre a consciência que tinha de seu destino. E o segundo, ainda assim, preferiu lembrar a Arjuna que nada pode ferir a alma, que é imortal – e que devemos cumprir nosso dever (dharma), mesmo quando incompreendido, mesmo quando cruel.
E ele, neste nível de consciência, é claro que sabia que falava até mesmo de si, e do dharma de ensinar o dharma, a nós, acomodados, prontos para condená-lo também.
E digo mais: se é discernível ao intelecto, isso implica em que em algum nível, consciente ou não, os mestres que chamamos, apedrejando, de chatos, egóicos, pseudo-profetas; os falsos messias, segundo nós, desmascarados, lapidados, crucificados e flechados todos os dias por não serem perfeitos como “gostaríamos”, também sabem disto!
E sabem mais: os mais lúcidos, em seu dharma terreno de ensinar aos colegas do caminho, sempre se souberam imperfeitos. E sabem, também, que não têm a resistência        e a resignação de um grande avatar. E não têm o mesmo canal com o divino, que com certeza deve servir de alento.
Seja quem for que os ataque, não estará sendo nem o primeiro, nem único, nem original. E eles, sabendo, mesmo assim, continuam a nos ensinar, a cumprir seu dharma, a serem amados e odiados, a aprender e ensinar, sob chuva de pedras, flechas e cruzes.
Falíveis sempre – como sempre souberam ser. Mas, mesmo assim, continuando a “ensinar melhor aquilo que mais precisam aprender”.
Afinal, somos todos “aprendizes, fazedores e professores”.
Já pensaram nisso? Pelo menos agora, sim.
Agindo assim, é hipocrisia rezar de joelhos por termos crucificado um Cristo – que tinha preparo para essa missão.
Hipócritas! Dizemo-nos arrependidos (ou mesmo não coniventes com os atos dos romanos e judeus, que podem ter sido nós mesmos antes). E ao sairmos da igreja, após atos de penitência e culpa, jogamos fora a oportunidade que Ele nos dá de repararmos isto, no dia-a-dia, em cada novo Mestre que a vida nos envia, em cada rosto, em cada sorriso, em cada palavra, em cada pessoa.
Hipócritas! Vamos à igreja – ou mais recentemente ao cinema – nos “arrependermos” do que fizemos com Jesus, mas ao encontrarmos um novo preceptor no centro, no instituto, na lista de discussão, confirmamos nossa natureza, matando covardemente quem nem tinha a mesma condição de resistir.
Hipócritas! Isentamo-nos de seguir a mais humana das referências dentre os Grandes Mestres que por aqui passaram. Transformamos o homem em Deus, sua mãe em virgem, sua esposa em prostituta distante, seus pescadores comuns em santos milagreiros de quem compramos indulgências e perdões, apenas para não termos exemplos humanos a seguir. E reclamamos falsamente a Deus, dizendo que não somos perfeitos como Ele.
Hipócritas! Não podemos apenas nos negar a caminhar, mas precisamos também invalidar o crescimento do outro, que atestaria nossa mediocridade. E depois não entendemos como a humanidade expulsa e assassina seus avatares.

Hipócritas! Pedimos um caminho dos comuns. Exigimos uma espiritualidade que pudesse ser trilhada no cotidiano. E quando a encontrarmos e vermos que pessoas como nós podem também ser Mestras, os Mestres que poderíamos e deveríamos nós mesmos ser, repetimos a crucificação, na crítica pelas costas, no ataque destrutivo, na palavra ácida, na minúcia de julgamentos da qual só a mediocridade é capaz, ainda que lamentando o que os “outros” fizeram com Jesus.
Continuamos fabricando Messias, todos os dias. E os crucificando a seguir.
Parece-me muito mais grave. E a vocês?

Om Shanti!
Om Prakashi!
São Paulo, 28 de maio de 2001.
Nota de Wagner Borges: Lázaro Freire é pesquisador, projetor, espiritualista, fundador e moderador da lista “Voadores” da internet – WWW.voadores.com.br
Notas do sânscrito:
1.       Avatar: Emissário Celeste; Canal da Divindade.
2.       Om Shanti – Paz Divina, que é mais do que a PAZ humana, mero intervalo entre duas guerras.
3.       Om Prakash – Luz, ou Brilho Divino – que é mais do que a mera claridade física.
4.       OBS.: A partícula OM (shabda, verbo criador, Fiat lux) dá o caráter divino ao mantra.





13.8.12

O VERDADEIRO UMBANDISTA



O VERDADEIRO UMBANDISTA É UNIVERSALISTA, NÃO NO SENTIDO DE FAZER UMA “GRANDE MISTURA”, MAS NO SENTIDO DE ENTENDER AS MISTURAS E OS VÁRIOS ENTENDIMENTOS QUE SE ENCONTRAM DENTRO DELAS. ASSIM, QUANTO MAIS DISSERMOS QUE SOMOS RELIGIOSOS, MENOS NOS ENCONTRAREMOS PRÓXIMOS DA VERDADE, E SIM CADA VEZ MAIS DISTANTE DELA.
O VERDADEIRO UMBANDISTA NÃO É SÓ RELIGIOSO, É LIGADO ÀS FILOSOFIAS, ÀS CIÊNCIAS E ÀS ARTES, E ANTES DE SER UMBANDISTA É UM “CIDADÃO”. SEPARA O JOIO DO TRIGO, E MESMO ASSIM COM CRITÉRIOS.

10.8.12

O SACERDOTE DE UMBANDA E O SACERDÓCIO UMBANDISTA

O Sacerdote de Umbanda e o Sacerdócio Umbandista

Por Rubens Saraceni
Observando a forma como surgem os centros de Umbanda e conversando com muitas pessoas que dirigem seus centros, cheguei a algumas conclusões aqui expostas e que, espero, não despertem reações negativas mas sim levem todos à reflexão. Só isto é o que desejo, e nada mais.
Todos os dirigentes com os quais conversei foram unânimes e
m vários pontos:
a) foram solicitados pelos seus guias espirituais para que abrissem suas casas.
b) todos relutaram em assumir responsabilidade tão grande.
c) todos, de início, se sentiam inseguros e não se achavam preparados para tanto.
d) todos só assumiram missão tão espinhosa após seus guias afiançarem-lhes que tinham essa missão e que teriam todo o apoio do astral para levá-la adiante e ajudarem muitas pessoas.
e) todos sentiam então que lhes faltava uma preparação adequada para poderem fazer um bom trabalho como dirigente espiritual.
f) todos confiavam nos seus guias espirituais e no magnífico trabalho que eles realizavam em benefício das pessoas.
g) todos, sem exceção, só levaram adiante tal missão porque acreditaram nos seus guias.
h) todos se sentem gratos aos seus guias por tê-los instruído quando pouco ou quase nada sabiam sobre tantas coisas que compõem o exercício da mediunidade e sobre sua missão de dirigir uma tenda de Umbanda.
i) mas todos ainda acham que há algo a ser aprendido e acrescentado ao seu trabalho, mesmo já tendo muitos anos de atividade como dirigente e de já haver formado médiuns que hoje também já montaram e dirigem suas próprias casas.
j) e todos acreditam que sempre é tempo de aprenderem um pouco mais e não têm vergonha de ouvir o que outros dirigentes têm a dizer.
Bem, só com essas observações acima já temos um retrato fiel dos dirigentes umbandistas, e posso afirmar com convicção algumas conclusões a que cheguei:
a) na Umbanda o sacerdócio é uma missão.
b) o sacerdote de Umbanda (a pessoa que deve dirigir um centro e comandar os trabalhos espirituais) não é feito por ninguém; ele já traz desde seu nascimento essa missão.
c) o sacerdote de Umbanda invariavelmente é escolhido pela espiritualidade.
d) só consegue dirigir uma tenda quem traz essa missão pois esta também é dos guias espirituais.
e) mesmo não se sentindo preparado para tão digno trabalho, no entanto, a maioria crê nos seus guias e leva adiante sua incumbência.
f) mesmo não sabendo muito sobre como dirigir uma tenda os guias suprem essa nossa deficiência e vão nos ensinando coisas muito práticas que, com o passar dos anos, se tornam um riquíssimo aprendizado.
g) todos gostariam de se preparar melhor para o exercício sacerdotal, ainda que já sejam ótimos dirigentes espirituais.
h) todos lêem muito sobre a Umbanda e procuram nas leituras informações que os auxiliem no seu sacerdócio.
i) muitos fazem vários cursos holísticos para expandirem seus horizontes e a compreensão do que lhe foi reservado pela espiritualidade.
j) todos gostariam de ter alguém (uma escola, uma federação, uma pessoa) que pudesse responder certas dúvidas que vão surgindo no decorrer do exercício da sua missão.
Bem, o que deduzi é que ninguém faz um dirigente espiritual porque só o é ou só o será quem receber essa missão dos seus guias espirituais.
Mas, se assim é na Umbanda, no entanto o exercício do sacerdócio pode ser organizado, graduado e direcionado por uma “escola”, e isto facilita muito porque traz confiança e orientações fundamentais ao dirigente espiritual.
Devíamos ter na Umbanda mais escolas preparatórias tradicionais que auxiliassem as pessoas que trazem essa missão, tornando mais fácil as coisas para elas.
E, lamentavelmente, além de só termos alguns cursos voltados para esse campo, ainda assim quem ousou montá-los é injustamente acusado de charlatão, embusteiro, aproveitador e outros termos pejorativos.
Eu mesmo, só porque montei um “colégio” sob orientação espiritual e só porque psicografei algumas dezenas de livros de Umbanda (muitos ainda não publicados) já sofri todo tipo de discriminação, de calúnia, de ofensas e de acusações que espero que cessem, pois os umbandistas acabarão por entender que todas as religiões têm escolas preparatórias dos seus sacerdotes.
Só assim, com todos aprendendo as mesmas diretrizes e doutrina umbandista, a nossa religião conseguirá organizar-se e expurgar do seu meio os espertalhões que têm feito coisas condenáveis e cujos atos têm refletido negativamente sobre o trabalho sério de todos os verdadeiros umbandistas.

O texto acima faz parte do livro Tratado Geral de Umbanda / Rubens Saraceni / Ed. Madras e foi publicado na edição de Julho do Jornal de Umbanda Sagrada
Alexandre Cumino Medium
Marina Beatriz Nagel