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O ser
tem origem no infinito, sustentado na matéria, onde cria e realiza o ciclo
kármico, para retornar depois ao infinito.
A vida
material, para o ser, é realidade concreta mas efêmera na variedade das formas.
O
infinito é a realidade abstrata mas eterna.
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Tarefa
do espírito é adquirir no trabalho da matéria as expressões de sabedoria, com a
educação da sensibilidade e o desenvolvimento da virtude que é o estimulo de
todas as grandezas da centelha divina.
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Não é o
corpo que sofre ou goza sob o estímulo da alegria ou da dor, porque ele é
apenas matéria inerte. É o espírito que, de acordo com a sua sensibilidade,
percebe mais ou menos intensamente a repercussão do estímulo.
Se
fosse a matéria que experimentasse tais sensações, ela as sentiria sempre:
mesmo no estágio de formação antes do nascimento e no de decomposição depois da
morte. E nesse caso, qual seria o tormento do corpo ao sentir-se desagregar,
instante por instante, molécula por molécula, na decomposição total das suas
substâncias.
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Que é o
corpo ?
Uma
realidade concreta que se tornará abstrata.
Que é o
espírito ?
Um nada
abstrato que é uma realidade concreta.
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O
infinito é o símbolo abstrato da eternidade do espaço real e concreto.
Os
astros são as centelhas absurdamente concretas de uma abstrata e fugidia vida.
Em cada
expressão da vida poderás encontrar oculta a semente da felicidade; mesmo na
dor, se nela procurares o sentido do divino superamento.
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O que
faz o homem sofrer é o medo da dor, a angústia de perder o que ama e receber o
que não deseja.
Não é o
Sol que amadurece os frutos, mas a água, isto é, a tempestade.
O Sol
os secaria se a água não alimentasse a linfa.
A vida
é o sonho do espírito, no qual ele vive a mais absurda experiência.
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O homem
é senhor apenas do presente porque o passado não mais lhe pertence e o futuro
lhe é desconhecido.
Mas é
no fugidio instante daquele presente que ele recolhe os frutos do passado e
lança a semente para o futuro.
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O mal não
é uma força contrária a Deus mas um peso na balança do Karma humana.
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O Karma
da vida é a cruz do espírito. A consciência de carregá-la é a síntese da
elevação.
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Infinito
no tempo e no espaço é o destino dos homens. A sabedoria humana pode aconselhar
o caminho mais breve para conseguir a evolução divina.
O
espírito, pólen radioso da vida, é a essência prodigiosa do eterno existir, a
energia inefável da criação que tira do contraste da vida a razão da sua
vitória.
Na sua
divina realidade ele é o triunfador da morte, porque é a semente imperecível do
eterno renascimento.
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Ambicionar
o triunfo humano é ambicionar a posse de cousas efêmeras, é constranger a mente
e o coração a nutrir-se de ideias e de paixões elementares.
É
pecaminoso conclamar fantasias de progresso se estas fantasias são destinadas a
suscitar, nas multidões inconscientes, paixões de ódio e miragens de bens
contra a natureza e contra a moral.
As
ideias de progresso são como o tóxico que é benéfico ou maléfico segundo a
mistura e as circunstâncias em que é usado.
O
progresso, todavia, é sempre eficazmente servido pelo ato humano da piedade espontânea,
mais do que pelo declamatório gesticular do heroísmo inspirado por interesses
das partes. A humildade e a piedade, em qualquer circunstancia, são sempre
garantia de verdadeira grandeza, porque são a expressão do espírito libertado.
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Afrontar
a luta da vida é um grande esforço; imenso é o superá-la objetivando um ideal.
O
primeiro é a missão do espírito na matéria; o segundo é a missão do espírito na
obra divina.
Os
vícios se opõem às virtudes que brotam no espírito. A vitória das virtudes,
resultante do choque de sentimentos às vezes violento como um furacão, não é
senão momentânea, mesmo quando represente um superamento.
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Apoteose,
suprema conquista de perfeições humanas, não pode ser alcançada senão quando no
ser se contrastam ideias e se combatem lutas.
Viver é
muito mais difícil que morrer, como criar é muito mais árduo que destruir.
Para
viver é necessário harmonizar com tudo as próprias ações, se não quiser
incorrer em uma vida de tormento nas trevas da incompreensão.
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Na vida
tem mais valor dar do que receber; contudo, quer no dar ou no receber é
necessário manter o justo equilíbrio para não criar desarmonia.
Quem
aceita a orientação daquele que julga mais forte e mais iluminado do que ele
não amesquinha a própria personalidade, mas ao contrário a exalta fazendo
próprias as virtudes de outrem.
A
verdade não tem necessidade de sutilezas e de estetismos dialéticos.
Unicamente
os desassisados consideram essencial ao seu vão falar a árida linguagem do
sofisma.
A
verdade se exprime com a simplicidade dos meios com que se manifestam as leis
naturais, e desabrocha como intuição no espírito despido de todo egoísmo.
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A árida
ascensão que o espírito percorre pelos caminhos da bondade e da virtude, embora
sendo uma titânica fadiga, dá, com o sacrifício, a alegria de atingir o cume da
sabedoria.
A
bondade é a virtude que mais exprime a natureza divina no homem.
Cada
qual acredita possuí-la no coração mas bem poucos a professam.
Ela é,
por excelência, a virtude do sacrifício e da renúncia em proveito de outrem.
A
verdadeira bondade é como a violeta que desabrocha na alma humana sem
ostentação mas com a segura consciência do dever a cumprir no silêncio austero
da própria dignidade.
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Para
ter é necessário dar; para merecer é necessário sofrer.
O
sofrimento é o alimento da alma quando se possui a força de transmudar em
alegria a dor.
Somente
na paz da consciência, não mais atormentada pelas tempestades da vida, o
espírito divisa a luz da sabedoria.
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O
amor é o poema que Deus doa aos puros espíritos.
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O
homem grava com as suas obras o próprio destino humano; e o divino com as suas
ações.
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É
ùnicamente força de justiça a que nos impele a sofrer a luta do Bem e do Mal
para oferecer-nos a possibilidade de evoluir, dando-nos com a vida o ligame que
une, com as suas fases alternadas, o mundo terreno e o sobrehumano.
Oferecei
a todos o pão do vosso amor, porque somente assim podereis dominar homens e
acontecimentos.
Não
é com o temor nem com a imposição que Deus impera no infinito.
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Mostrar-se
humilde diante dos humildes significa haver atingido o máximo da grandeza.
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O
orgulho é o sentimento mais difícil de interpretar.
Orgulho
é o sentimento de quem, julgando-se superior, cobiça dominar.
Mas
orgulho é também a satisfação de haver realizado uma boa ação, de haver levado
a termo uma árdua tarefa, de haver superado uma dura prova.
São
Francisco era orgulhoso da sua humildade e dos sofrimentos suportados com
perfeita alegria. São Paulo era orgulhoso unicamente da Cruz de Cristo que ele
apregoava aos povos.
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Na
eternidade dos séculos a vida é um sorvo amargo para o espírito que sabe não
estar comprimido, um voo de luz para quem ama e persegue um ideal excelso que o
exalta acima da felicidade humana.
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O
ritmo da vida mede a respiração do tempo; o sopro do espírito representa a
fôrça de Deus.
Um
e outro assumem, em suas fases, a crise da morte, a sublimação da dor e a
apoteose do sêr.
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Judas
não traiu Cristo e o homem não O crucificou, porque Êle, sendo o Filho de Deus,
não podia ser nem traído nem crucificado.
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A
fé é a luz de cada religião, a vida do espírito, o bálsamo de cada mal e o
conforto de cada dor.
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O
que representam a eternidade e a infinidade ?
A
eternidade é o infinito do tempo; a infinidade é a eternidade do espaço.
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O
corpo e o espírito podem ser concebidos como dois ciclos diversos: um, ciclo-espaço;
o outro, ciclo-eterno.
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O
conceito de infinito encerra uma multiplicidade de espaços que, por sua vez,
medem o eterno.
A
vida é um tecido de alegrias e de dores.
A
alegria é o sol da existência; a dor a sua sombra.
Para
elevar-se é necessário estabelecer uma harmonia, superando a dor, e encontrar
também nela a alegria.
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Se
fixasse o teu olhar no sol, na luz, a sombra por lei humana e divina ficará
atrás de ti.
Se
colocares a sombra das tuas penas e das tuas dores atrás de ti superando-as,
olhando à tua frente verás somente a luz, a alegria e a felicidade.
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Ninguém
pode dizer ao bicho da seda que não seja uma borboleta. Todos os homens são
criaturas de Deus e, como o bicho, susceptíveis de evolução.
O
universo não é senão um complexo de energias espirituais, uma parte
infinitesimal do todo no qual inúmeros astros constituem outras tantas etapas
da evolução do espírito.
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As
obras imortais ficam no tempo para testemunhar as etapas da civilização e o
gênio dos homens; a fé e a vontade são as grandes obras que esculpem o destino
universal.
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A
Grande Lei decreta: das ruínas da morte, Deus cria novas formas e plasma a
vida; da tempestade da vida cria a morte e plasma a consciência.
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Eu
te abençoo e te digo: vai, a estrada da felicidade é sòmente dos fortes e dos
voluntariosos prontos a tirar conforto mesmo da dor que, ao longo da estrada do
destino, provarão ao deixar os farrapos da sua alma aderentes às sarças da
vida.
Ergos